Kate na NSA

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Vip conseguiu chegar de madrugada em sua casa, na Três Coqueiros. Voltar para casa tinha sido fácil, afinal, "bacana" não sabe diferenciar uma pistola de brinquedo de uma verdadeira. Roubar uma moto não tinha sido difícil. Difícil seria agora. Seu maior credor havia morrido, mas havia muita gente abaixo dele para assumir o cargo e a cobrança iria aparecer. Em vez de ser o maior traficante do Brasil, Vip teria a morte mais cruel: iriam matá-lo, moer sua carne e dar para os cachorros comerem. Morte sem corpo. Não era a primeira vez que a bandidagem usaria esse estratagema. Precisava, ao menos, tentar fugir. Mas quem assumiria o lugar dele na Três Coqueiros? Foi duro tomar conta da "boca", tinha quinze anos quando começou a comandar o lugar depois de balear o dono do local. Cresceu, ficou sem dinheiro nos primeiros anos, vendendo droga quase a preço de custo para conquistar vários pontos. Passou fome. Tudo ficaria para trás. Entrou em sua casa vazia e, pela primeira vez em sua vida, uma lágrima brotou em seus olhos. Só podia haver o dedo da doutora delegada naquela história. Aquela bomba que detonou todo mundo foi lançada de um caça que, com certeza, não era brasileiro. Vip lembrou-se da bomba detonada na comunidade dias antes, que dera a chance para a doutora escapar. Era equipamento americano. Tinha dedo de americano no esquema, isso sim. Mas da doutora também. Como aquilo estava interligado? Um nó se formou na mente de Vip. Repentinamente, escutou baterem à porta. Ficou com medo. Será que alguém também conseguira escapar e agora estava vindo tirar satisfações? Vip pegou uma arma e abriu a porta com ela em punho.

– Quem é?

– Abra a porta, Marcinho Vip. Temos um inimigo em comum. Temos que tratar disso.

Vip reconhecera aquela voz. Mas não era possível que fosse quem estava pensando. Ao abrir a porta, viu seu melhor amigo, Calado, e deu um grito de pavor. Jamais acreditou em assombrações. Pelo menos até aquele momento...

– Calado, meu Deus! – gritou. – Como, como... – gaguejou, afastando-se.

–Não sou esse que você chama de Calado, mas assumi esta forma para que você não se assustasse, parece que não fui bem-sucedido. De qualquer modo, precisamos conversar.

– O que é você? É o demônio? O Calado está no inferno? – perguntou, mal expressando as palavras, encolhendo-se, chegando a tropeçar e cair.

– Já que é assim, é melhor assumir minha forma verdadeira.

A figura de Calado se dissipara e, assim, Aluah assumira sua forma verdadeira, deixando Vip ainda mais apavorado.

– O que é você, meu Deus?! – gritou.

– Eu sou uma imagem holográfica de um líder muito poderoso chamado Aluah. Sim, ele não é deste planeta. Ele é o que vocês chamam de alienígena. Mas estou aqui para falar de duas coisas: poder e vingança. Para você! – afirmou, encarando-o.

Vip, que achava que já tinha visto de tudo na vida, se acalmou, observando que a criatura não o ameaçava. Para ele, aquilo era surreal. Mas daí lembrou-se dos americanos. Será que eles tinham alguma coisa a ver com isso? Pretendiam assustá-lo para que confessasse alguma coisa? Mas, considerando sua situação, Vip resolveu arriscar.

– O que é você, exatamente? – perguntou Vip, procurando se controlar.

– Pelo pouco que pude observar de você quando estive acompanhando aquela que você chama de doutora delegada, acho que vai ser um pouco difícil entender. Sou uma imagem holográfica formada por nanosondas controladas por um computador central programado pelo DNA de Aluah.

– Eu já ouvi falar desse negócio de DNA! – afirmou Vip. – A gente usa para saber se é pai! Agora, o que você tem com a doutora?

– Eu vou falar de algo que você conhece melhor, Vip! – impacientou-se. – Poder. O suficiente para derrotar quem você quiser. O suficiente para acabar com Kate.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora