Um, dois, três, quatro e cinco

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Na Terra, Sheppard estava tendo um dia difícil. Depois da partida de Kam, Miri e seus agentes, deveria enfrentar outro problema de relação diplomática que lhe fora comunicado havia poucas horas. Dirigindo-se para uma imensa sala escura, na qual, das poucas vezes em que lá estivera, havia prometido a si mesmo que seria a última, mais uma vez teria de enfrentar problemas derivados de rumores. Era uma sala de cem metros quadrados com um carpete escuro que ia do chão ao teto e um ar-condicionado especialmente gelado. E lá se deparou com cinco representantes diplomáticos, vistos em telões numerados de um a cinco para facilitar a comunicação. A pauta de reunião não poderia ser mais polêmica.

– Senhores, não estamos nos intrometendo em assuntos que não nos dizem respeito, é o que quero colocar em primeiro lugar.

– Nós sabemos disso, general – afirmou o número três. – Mas não compreendemos como puderam permitir que um bandido tivesse acesso a tecnologia alienígena.

– Não permitimos, isso foi coisa de fora – respondeu, com firmeza.

– E agora enviam agentes para tapar seus buracos? – questionou o número dois.

– Nós enviamos agentes para ajudar com uma ameaça real para nós – respondeu Sheppard.

– Você sabe que a questão dos larianos é espinhosa, não sabe, general? – questionou o três. – Não queremos intervir, mas compreendemos que será necessário.

– Ainda não é o momento, acreditem. A minha sociedade não está preparada para saber a verdade! – afirmou Sheppard, batendo à mesa.

A reunião se estendera por mais de duas horas, deixando Sheppard mais cansado do que o normal. Mas conseguira convencê-los de que regras não foram quebradas. Ao menos, por enquanto. Ao sentar-se em sua sala, as televisões ainda repercutiam os eventos no Rio de Janeiro. "Quando isso vai acabar?", pensou. Há dias não tinha contato com sua família...

Em Lar, Vip tivera uma reunião menos desgastante com Aluah. Para o bandido, foi quase prazerosa.

– Você não deveria ter ido para Martis sem me consultar – afirmou Aluah. – Mas a sua informação é relevante e captada em tempo hábil. Isso é bom, mesmo para um humano. Apesar de você ter um pouquinho de nós em você, pelo que pude perceber...

– Como assim? – questionou Vip. – De vocês? Mas, olha, eu sou bonito, não sou azul como vocês...

– Quando estive na Terra, após minha luta contra Kam, quando quase fui morto, após ter me curado, implantei meus genes em alguns tipos de humanos. Vocês o chamam de sociopatas e psicopatas agressivos. Todos eles têm traços luciferianos. Daí esse ódio pela raça humana! – afirmou. – O desejo de matar, sem consciência, vem daí. Vem de mim! – afirmou, aumentando o tom de voz.

– Quer dizer que tem DNA seu no meu sangue? – perguntou Vip.

– Certamente. Posso sentir isso em você. Agora, vamos providenciar companhia para os humanos no caminho para Jarzalé. Vai ser um passeio complicado para eles! – riu.

Kate estranhou, de início, aquele cavalo enorme. Chamavam de charrant, sabe-se lá por quê. Mas seu porte era quase um cavalo e meio, todo acinzentado. Procurou lembrar do tempo em que atuou na Polícia Montada, em um estágio em São Paulo. Sempre fora uma ótima amazona, por isso, subiu no animal sem dificuldades. O mesmo fizeram Anne e Harrison, que cochichavam todo o tempo. Kate estranhou, mas aceitaram bem estar tão longe de casa. Será que já haviam feito isso antes? Por fim, correram e isso a impressionou muito, porque o animal chegava com tranquilidade a uma velocidade equivalente a setenta quilômetros por hora. Se estivesse na Terra, seria o animal com mais vitórias da história do hipismo. Kam e Miri saíram correndo na frente. Não era para menos que os dois eram tidos como os mais fortes guerreiros de Lar. A adversidade parecia algo corriqueiro para eles. Aquela parceria incomodava Kate, fazendo com que ela corresse riscos, acelerando mesmo sem muita prática em montar. Corriam por uma estrada de terra com enormes árvores com troncos grossos, que se pareciam com sequoias da Terra, quando Kate perdeu o equilíbrio e caiu. Kam, de imediato, parou, seguido por Miri. O rapaz deu ordem para que eles continuassem. Pediu a Anvoc, que os seguia em um trooper, para guiar Anne e Harrison, caso se perdessem.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora