De volta para a Terra

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As festividades avançaram durante a noite, até que a última nave da Federação dos Planetas levou o último luciferiano. O que mais doeu em Kam foi ter sido obrigado a entregar o filho de Anvoc a um líder, que fora escolhido entre aquela população provisoriamente, mas o fez somente com a promessa de que a criança seria bem-tratada. Foi-lhe dito que sim, uma vez que o bebê era o sucessor natural de seu líder religioso.

Assim, mal o dia amanhecera, Kam e Miri dirigiram-se à espaçonave de Kam, com a finalidade de prepará-la para a viagem de volta para a Terra. Levariam Sheppard, e o lugar de Kate ficaria vago. Miri pegou alguns ramos de flores e pôs sobre um dos assentos. Antes de entrar na nave, a moça deu demorados abraços em seus pais, assim como Kam. Coube a Abram explicar para o povo de Lar os motivos que levaram Kam e Miri a partir, mas seria somente por alguns dias. Fariam retornos esporádicos e constantes para vê-los. Só uma coisa preocupava o rapaz: sabia que teria de assumir o lugar de seu pai algum dia, e Miri deveria governar o povo humano de Lar ao seu lado, assim como os príncipes ou princesas herdeiros. Kam tentou descobrir o sexo, mas ainda estava muito cedo, as células ainda estavam se multiplicando. Deixaria que Deus decidisse. Despediram-se de Lavi e Deborah, e Kam, praticamente, exigiu que Lavi os convidasse para o seu casamento dos pais e das mães. Assim, os amigos se despediram.

– Você sabe como é difícil os meus pais e os de Deborah saírem das montanhas, dos sítios onde moram, não é mesmo, Kam? – observou Lavi.

– Eu sei, mas, na Terra, há um ditado que diz: "Há uma solução para tudo, menos para a morte". Bem, essa última eu enganei de leve...

– Fico feliz que você e Miri estejam bem! – afirmou Deborah.

– Deborah, como sabe, terei dois filhos. Eu e Kam conversamos, e vocês serão os padrinhos de um dos bebês!

– Aceitamos com orgulho! – disse Lavi.

Anne também foi se despedir do amigo. Afinal, precisava entregar para ele o rádio que lhe fora confiado por Kam para falar com Sheppard.

– E então, caubói, parece que não nos veremos mais, não é mesmo? Sheppard mandou que lhe entregasse isso.

– Eu agradeço – respondeu o agente.

– Parece que você já está mais enturmado aqui, não? Essa roupa de enfermeiro cai bem em você.

– É uma roupa de médico. Daqui a alguns dias, vou até Jarzalé para aprender medicina com os programas médicos dos laboratórios de lá. É emocionante participar do processo de construção de uma sociedade, de um povo... Mas se precisar de mim, para qualquer coisa, pode chamar. Eu sempre manterei esse rádio por perto, até a minha morte.

– O que é isso, seu dramático? – riu. – Quer mandar algum recado para alguém de lá?

– Ah, quero sim! Diga ao pessoal para beberem por mim em trinta e seis horas. Eu vou pedir Adina em casamento...

– Já? Vocês mal começaram a namorar...

– Digamos que eu e ela já gastamos muito de nosso tempo ajudando os outros, eu, o meu país, e ela, os doentes. Vamos, agora, dividir mais o tempo para nós dois...

– Isso é bom! Então, adeus! – despediu-se com um aperto de mão.

– Adeus, Anne! Foi bom lutar ao seu lado!

– Idem, amigo!

A espaçonave decolou levando Kam, Miri, Sheppard e Anne para a Terra, poucas horas depois. O destino: Estados Unidos da América, estado de Nevada, deserto de Nevada, Groom Lake. Programaram a viagem para que fosse feita da mesma forma que na vinda, em torno de meia hora. Kam observou o ramo de flores colocado por Miri em um dos assentos, o que lhe causou curiosidade.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora