Pacto dos pais

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Um charrant foi visto andando com seu dono curvado sobre sua crina, quase desacordado, na entrada de Martis. Os guardas foram ver o que estava acontecendo e perceberam que era um homem gravemente ferido. O retiraram do animal e o colocaram sobre uma maca. O líder da guarda não demorou a reconhecer Enosh, bastante debilitado. O general foi, então, levado às pressas para a Casa dos Cuidados e Abram foi avisado do fato imediatamente.

– Ele está bastante ferido! – avisou Adina a Abram. – Não pode falar muito, mas agora está melhor.

– Enosh, meu amigo! – afirmou Abram, pegando em sua mão. – Como você está? O que aconteceu?

– Factory... – tossiu – caiu. Os luciferianos conseguiram entrar na nossa cidade. Agora eles não ficam mais... doentes – completou com visível dificuldade.

– Descanse agora, meu amigo – respondeu, vendo que Enosh fechava os olhos.

Ao ver que Aaron o seguira, Abram pediu-lhe que chamasse todo o conselho para uma reunião de emergência. Se Factory tinha caído, a próxima cidade, provavelmente, seria Barcus. "Mas como eles conseguiram se imunizar?", pensou. Era necessário chamar Kam imediatamente. Como general de Lar, ele precisava se envolver e pensar em um meio de sair daquela crise.

Aluah, por outro lado, comemorava sua primeira vitória naqueles novos tempos. Havia dito aos seus soldados que sairiam dali vencedores. A queda de Factory fez com que os milhares de luciferianos saíssem de uma situação de comodismo e medo para iniciarem os preparativos de um ataque em massa que destruiria os humanos, começando por Martis. Mas Aluah sabia que a primeira etapa não seria por aí. Deveriam, antes, derrubar todas as cidades guarnecedoras de Martis para, depois, iniciarem uma empreitada com maior vigor em direção à cidade humana mais bem-guardada de Lar. Provavelmente, eles já deveriam ter um exército com as mesmas condições de luta que os luciferianos.

– Chame Penemue – pedira a um dos guardas. – É chegado o momento de imunizar suas tropas para que elas consigam derrotar os humanos pelo mar.

– Sim, senhor! – exclamou, fazendo posição de sentido.

O guarda saiu e Aluah fez um exercício difícil: mentalizou seu pupilo na Terra, de acordo com a última comunicação do computador central. Era um humano que, conforme soube, tinha tendências homicidas de uma maneira geral. Essa característica lhe seria bastante útil. Na Terra, Marcinho Vip saboreava uma fruta sob um coqueiro, em uma praia baiana, quando uma imagem surgiu à sua frente.

– Ei, você, o azulzinho que me deu esse poder todo! Cara, não sei nem o que dizer, como se chama mesmo? Aluah? Aqui na Terra, a gente tem um outro azulzinho que dá força assim – debochara.

– Você não recebeu esses poderes por nada. Escute bem o que você vai fazer! – olhou-o com frieza. – Lembre que o que é dado pode ser tomado!

Na Área 51, no alojamento das agentes femininas, Kate não fechou os olhos intrigada com a revelação que ouvira no gravador. Jamais poderia imaginar o Mike pelo qual se apaixonara, ainda que fosse Kam, matando outro ser humano, ainda que fosse para sua sobrevivência e, talvez, de fato, a de muitos outros.

– Miri?

– Sim, Kate.

– Eu não consegui dormir esta noite. Eu não parei de pensar! – afirmou a moça, sentando-se em sua cama.

– Por quê? O que aconteceu? – questionou Miri, sentando-se também.

– É sobre o que Kam fez. No fundo, ele assassinou Mike.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora