Mike e Kate viajaram por duas semanas pela região do Caribe, pagando, obviamente, somente a hospedagem nos hotéis. Deslocamentos não eram um problema para eles. Quando retornaram, resolveram ficar em uma casa alugada na zona sul de São Paulo.
– Como foi com o professor Aristides, amor? Você vai poder voltar para o doutorado?
– Ah, sim, vou. Você deveria ter visto a cara dele quando me viu, parecia que tinha visto um fantasma. Que sorte a minha a bolsa do CNPq não ter sido suspensa...
– Essa casa é ótima. Puxa, nunca pensei que iria morar aqui na Vila Sônia. Conheci essa região quando precisei fugir do Marcinho Vip, quem diria?
– Bem, ao menos, aqui é perto da USP...
Então o celular de Kate tocou. Era um número não identificado. Mas imaginava de quem se tratava.
– Sim, Sheppard, estamos indo.
– O que foi?
– Aquela conversa que Sheppard queria ter com a gente quando voltávamos de Lar. Ele quer falar conosco urgente.
– Então vamos.
Em poucos segundos, Mike e Kate estavam na entrada da Área 51, onde Sheppard os aguardava. Com suas armaduras, eles caminhavam pelos longos corredores. Kate sorria e cumprimentava os colegas, inclusive Anne, que sorriu quando a viu. Dirigiram-se ao que Sheppard chamava de "a sala negra". Acarpetada do chão ao teto e totalmente à prova de som, o general ligou os aparelhos de comunicação.
– Senhores, eu os apresento Kam e Miri, do planeta Lar. Estão aqui na Terra como Mike e Kate, substituindo os absorvidos.
– Você sabe, Sheppard?
– Eu fiz minha lição de casa quando voltei, especialmente em uma dura conversa que tive com Donald.
– Quem são eles? – perguntou Kate.
– Aqui, para facilitar, chamamos de um, dois, três, quatro e cinco. Vejam.
Foram ligados cinco monitores em 3D. No de número cinco, surgiu a figura de um indiano, na de número quatro, a de um asiático, na de número três, a de um homem que lembrava um árabe, na de número dois, a de um homem que lembrava um nórdico, e na de número um, a de um homem negro.
– O processo de terraformação não foi privilégio dos larianos, meus caros. Os larianos deram origem aos brancos europeus, como os ingleses, os franceses e os espanhóis. Mas cada etnia da Terra foi formada por um povo de cada um dos planetas, a seguir: o povo de Rurar, o povo negro, foi um dos que mais contribuíram; seguiu-se o povo de Hongsan, para os asiáticos; Kreim, para os nórdicos; Ishla, para os indianos; e Abud, para os egípcios. Os planetas Lar, Hongsan, Abud, Kreim, Ishla e Rurar são as seis etnias que, efetivamente, formaram o planeta Terra.
– Meu Deus... – disse Anne, que também fora convocada para a sala. – Isso é...
– Sim. Temos contanto com esses planetas que formam uma Federação, a Federação dos Planetas Humanos, que há muito tempo vem assistindo ao nosso desenvolvimento social e tecnológico. Kam sabia que havia um projeto para isso, quando os humanos se isolaram da União dos Planetas, mas, agora, sabe que, realmente, essa Federação foi formada.
As moças ficaram sem palavras. Olhavam para os monitores de comunicação intergaláctica atônitas, buscando entender aquela realidade. Se tudo o que sabiam da formação da Terra ganhou uma dimensão nova quando estiveram em Lar, aquela novidade trazia ao fato uma dimensão muito maior.
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Os Sóis de Lar
Ciencia FicciónO que acontece se o seu reflexo no espelho não for uma ilusão, mas realidade? Kam é um alienígena humano que vive com seu povo em exílio no planeta Lar, dominado por invasores, os luciferianos. Acidentalmente ele volta dois mil anos no passado e lá...