O retorno de Kam

1 0 0
                                    

Miri acordou ao lado de seu companheiro, agarrada e deitada com a perna esquerda sobre suas pernas. Não acreditava no que estava acontecendo, desejava nunca mais despertar daquele sonho. Estava nua, acariciando-lhe o peito, sentindo seu coração bater forte, seu calor. Não estavam mais em nenhum descampado, tinham voltado para aquela cidade que ficava em território proibido. Miri, assim, inclinou o corpo para cima e chamou por...

– Kam, ei Kam, acorda! Ei... – pediu a moça, inclinando o rosto para o do rapaz e lhe dando um beijo.

– Ei... eu... Quem é Kam, Kate? Eu... Ei!!! – levantou o rapaz, de súbito.

Mike viu a si mesmo nu e Miri coberta apenas por uns poucos panos, olhando para ele assustada. Passou a mão em seu rosto, sem se lembrar de nada, a não ser que tinha visto Miri levar um tiro e aquilo o deixara furioso. Queria matar o soldado luciferiano. Mas daí...

– Daí eu não lembro de mais nada.

– Kam, não brinca comigo! – ordenou-lhe Miri, tremendo e levantando o dedo indicador em sua direção. – Era você lutando ontem. Era você aqui, ontem, falando comigo. Era você fazendo amor comigo! – exclamou a moça, que começava a chorar e, mal se vestindo, saiu dali correndo.

– Miri, espere, eu posso explicar! – gritou Mike.

– Explicar o quê? – perguntou a moça ao longe, montando em seu charrant. – Você quer é me deixar louca! Eu vou voltar para casa! – gritou, esboçando uma mistura de raiva e vergonha.

– Miri, entenda, Kam está aqui! – gritou-lhe o rapaz.

– O quê? Como ele está aqui? Aqui só tem você! – disse rispidamente.

– Por favor, desça – pediu o rapaz, que naquele momento já estava em frente ao cavalo da moça. – Eu vou ajudar.

Mike pegou Miri pela cintura de um jeito que a fez lembrar de Kam. O rapaz estava começando a decifrar o quebra-cabeça...

– Miri, na Terra, sou arqueólogo, pesquiso coisas antigas perdidas pelas matas, enfim, por toda a parte.

– Isso você já me havia dito.

– Antes de vir para cá, eu encontrei um laboratório dos luciferianos no meu planeta. Lá, achei uma espécie de câmara criogênica, que é um lugar no qual as pessoas dormem durante longos anos congeladas.

– Mas elas não morrem? E o que isso tem a ver com...

– Miri, de alguma forma, Kam e Aluah fundiram suas mentes. Não sei se Kam entrou na mente de Aluah ou se Aluah entrou na mente de Kam. Mas quando descobri essa câmara, vi um homem idêntico a mim.

– Meu Deus, era Kam... – concluiu a moça. – Mas como?

– Como disse, os antigos podem viajar no espaço e no tempo. Ele deve ter aprendido isso e foi atrás de Aluah...

– ...para tentar acabar com o domínio do povo luciferiano! – concluiu Miri, começando a lacrimejar. – Ele me disse que... queria ter filhos comigo e não queria criá-los assim, como meu povo, cercado e ameaçado. Isso é a cara dele! – disse a moça, soluçando.

– Eu o toquei, Miri, e me vi no meio de um forte brilho. Mas depois ele sumiu e surgiu Aluah na minha frente, me olhando com muita raiva. E Aluah entrou na minha mente.

– Mas Kam entrou primeiro! – exclamou Miri. – Então Kam está com você! As lembranças dele, sua alma, está tudo com você! Ontem ele se manifestou por você! Mike, você é Kam também! Meu Kam voltou de verdade! – gritou a moça, abraçando-o com força e sorrindo.

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora