Área 51

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O dia amanhecera sem respostas para Kate. A noite foi apenas parcialmente produtiva. Encontrara Ed na USP às 20 horas. Foi até o prédio da História pegar imagens do circuito de câmera, mas, coincidentemente, de manhã estava com defeito. A moça levou Ed para sua delegacia, onde encontrou um colega seu, desenhista especialista em retrato falado. De posse do retrato, pesquisou diversos hotéis no centro até encontrar aquele em que as moças estavam ou tinham ficado hospedadas. Um funcionário de um hotel da Frei Caneca reconheceu as moças, que haviam partido de manhã cedo e, mais uma vez, o sistema de câmeras estava inoperante. Mas uma luz surgiu quando observou que, bem de frente ao hotel, havia uma câmera de fiscalização do trânsito. Correu até o centro de câmeras da CET e, por cortesia, seus colegas haviam disponibilizado as imagens. Assim, conseguiu a imagem das moças saindo do hotel. Agora, iria caçá-las. Obteve a informação de que eram americanas, então teve a ideia de pedir uma intercessão de Paulo junto à Polícia Federal do Aeroporto de Guarulhos. Chegando lá, obteve a informação de que um jatinho diplomático havia partido de manhã cedo, umas 10 horas. Não era necessário ser adivinho para saber o que aconteceu. Mike foi sequestrado por agentes do governo dos Estados Unidos. De alguma maneira, ficaram sabendo sobre seus poderes. Possivelmente, iriam matá-lo e dissecá-lo como um animal. De Guarulhos, Kate nem voltou para casa, foi para a Delegacia. Lá recebeu um telefonema de Paulo.

– Kate, dado o grande favor que você está me fazendo, pedi ajuda para alguns amigos. Alguns favores muito caros, ressalto. Foi-me disponibilizado o banco de dados dessas garotas. São Anne Sullivan e Bia Jones, de fato. E ambas são agentes do governo americano. Kate, no que esse seu namorado se meteu?

– Paulo, por favor, agora não pretendo responder a perguntas. Por favor, me ajuda! O que mais você obteve? – perguntou, chorosa.

– Essas moças são duas agentes da Agência Nacional de Segurança. Pelo amor de Deus, Kate, essa informação é confidencial. O que elas vieram fazer no Brasil, ninguém sabe. A única coisa que se sabe é que agentes desse tipo só fazem incursões em território estrangeiro por ordem direta do alto comando dos organismos que cuidam da segurança nacional. Então, não entendo o que queriam com seu namorado.

– Meu Deus, nem eu... – mentiu.

– Kate, não se esqueça de que precisamos das informações.

– Sim, Paulo, vou cuidar disso.

Assim que desligou, seu celular tocou. Era Elvira, mãe de Mike, desesperada com o sumiço do filho. Kate teria ainda que pensar em como explicar à mãe de Mike que o filho fora sequestrado por agentes da SNA. Respirou fundo e a atendeu, fazendo força para não chorar. Por isso Kate detestava namoros.

Mike abriu os olhos e estava tudo escuro. Ele estava deitado em uma cama que parecia hospitalar, com os pés e as mãos acorrentados. Sentia que diversos eletrodos foram colocados em sua cabeça. Fingindo dormir, percebeu que um imenso facho de luz atravessava seu corpo em intervalos regulares de um minuto. De repente, uma voz ecoou ao fundo.

– Não adianta fingir que está dormindo, senhor Mike. Sabemos que está acordado. Você reage a sons e vozes, vemos por meio dos eletrodos em sua testa.

Nesse momento, Mike abriu os olhos de vez. Uma luz amarelada tomou conta do ambiente e percebeu que estava em uma sala cheia de máquinas e sensores, vestido apenas com uma camisola de hospital. Seus braços estavam fortemente presos. Estava sendo alimentado com soro por uma sonda. A sala cinzenta não o deixava perceber onde estava, mas o sotaque do dono da voz deixava claro que se tratava de um americano.

– Quem são vocês e o que estou fazendo aqui?

– Não sabemos como, Mike, mas o senhor possui estranhas habilidades. Estranhas até mesmo para um alienígena, não acha?

Os Sóis de LarOnde histórias criam vida. Descubra agora