Zhong ChenLe P.O.V
E lá estava eu, outra vez para ser mais específico, quase no topo da árvore mais alta dali, sentado em um tronco do mesmo. Eu gostava de ficar ali para ver as estrelas e a Lua.
Eu me afastava da minha casa quando a noite chegava, eu não gostava de tanto barulho. E onde eu vivia faziam muito barulho, pois a noite era o nosso dia. De manhã, desde o momento em que o sol nascia até ele se pôr, nós nos escondíamos. Deixe-me explicar melhor...
Desde que eu nasci, e muito antes disso, éramos caçados, por humanos. Éramos vistos como uma boa fonte de dinheiro, pois nosso sangue possuía propriedades mágicas, herança de nossos antepassados. E foi assim que meus pais morreram, me protegendo.
Sinto falta deles, mas não me sinto tão sozinho pois ainda tenho meu melhor amigo, DongHyuk, ou HaeChan como gosta de ser chamado. É ele quem passa todos os dias tristes ou felizes comigo, quem sempre me atura nos meus surtos, quem me aceita assim do jeito que eu sou, sem julgar.
Mas, às vezes, tudo que eu queria era ficar sozinho, no silêncio, ouvindo os sons da natureza. Naquele dia (ou noite, como preferir), entretanto, eu meio que me descuidei e acabei caindo no sono. Quando despertei, já estava amanhecendo.
Eu teria conseguido descer dali normalmente e voltado para a minha casa, se não fosse por um barulho de galhos se quebrando a poucos metros de onde eu estava. Me encolhi, fazendo o meu melhor para não ser visto por quem quer que estivesse ali.
Foi então que eu o vi. A primeira coisa que notei foi que seu cabelo era de um castanho claro, então quando ele olhou para a frente, notei seus olhos repuxados com um ar meio assustado, meio curioso. Ele parecia nervoso, o que fazia com que seu nariz fino e arrebitado se agitasse de leve. Ele era alto e um pouco magro, apesar dos músculos um pouco evidentes através da camisa suada.
Levou cinco passos dele para que eu percebesse tudo isso. E, de repente, senti necessidade de me aproximar. Mas eu sabia que não podia, de maneira alguma! Estava totalmente fora de cogitação…
Sem querer acabei soltando o galho no qual me segurava e fazendo barulho. Não foi alto, mas acabou chamando a atenção do garoto, o fazendo olhar para trás e acabar por tropeçar em um tronco de árvore a sua frente.
Demorei alguns instantes para perceber que ele havia se ferido feio.
E novamente, tive aquela estranha necessidade de me aproximar, ainda mais ao ver sangue escorrendo por seu braço e seus lábios presos um contra o outro, como se quisesse prender todos os tipos de sons que denunciassem que ele estava sentindo dor.
Não tive outra escolha, senão tentar ajudar. Meu pés pareciam ter vida própria, enquanto eu descia da árvore e me aproximava.
Um passo, dois, três…
Ele me viu, e parecia apavorado conforme eu me aproximava mais e mais, até estar na sua frente. Até que eu sentisse meu corpo se inclinar sobre ele (sem poder fazer nada contra isso) e tentar encostar a mão no seu braço machucado, o qual ele tirou do meu alcance.
Foi então que o encarei. E, pela Mãe-natureza, ele parecia extremamente apavorado! Me encarava com puro terror, focando principalmente nas minhas orelhas e nos meus cabelos.
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My Little Elf - ChenSung
Fanfiction'Não saia da trilha Quando pela floresta passar, Pois entre belezas escondidas Um mal espera para atacar...' Num pequeno vilarejo, cantigas como essas são passadas de geração a geração, de forma oral, para assustar crianças e manter os jovens longe...