XXIV

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Mark Lee

Meu rosto ainda ardia ao pensar no que tinha acontecido há apenas algumas horas atrás.

Após encontrar HaeChan, que me levou de volta para a casa dos meus tios, eu entrei em casa meio aéreo. Na verdade, nem tínhamos falado muito no caminho de volta, e quando nos despedimos, parecia que nenhum de nós sabia o que falar. Nos encaramos pelo que pareceu uma eternidade, até que ele enfim cortou o silêncio dizendo, em um murmúrio:

— Estou apenas esperando você entrar.

Tive que piscar algumas vezes para conseguir desviar o olhar. Eu não podia estar mais envergonhado. E por algum motivo, eu não conseguia somente me virar e ir embora. Eu queria continuar ali, com ele. E ao me lembrar que eu teria que ver meus tios quando entrasse também não ajudava.

— É, mas eu… eu não quero entrar — olhei com as sobrancelhas franzidas para a casa nada acolhedora dos meus tios.

Ele não disse nada por alguns instantes e eu pensei que talvez ele fosse embora, me deixando ali sozinho. Entretanto, eu tomei um susto quando ele segurou meu pescoço e pousou os lábios no meu. Foi tão rápido e singelo que eu até me perguntei se realmente tinha acontecido.

O leve formigamento nos meus lábios era a única garantia que eu tive.

— Será que você pode agora? — Ele sorriu de lado, demonstrando um certo convencimento.

Meu cérebro ficou nivelado outra vez, então demorei para processar o que ele tinha dito.

— O quê… Por quê? — Foi tudo o que eu conseguir formular.

— Não precisa se sentir envergonhado por me achar bonito e querer que eu te beije — ele disse, ainda com aquilo sorrisinho malicioso na cara. — É só pedir…

Hã? Do quê esse louco está falando?

— Como é? — Eu indaguei.

— Eu não entendo bem como é que vocês humanos se relacionam, mas não precisa ficar envergonhado por querer me beijar.

Ah, eu comecei a entender o que estava dizendo e me segurei para não rir. Mordi o interior da bochecha e mantive a expressão plena enquanto o encarava.

— Oh, é mesmo? Então eu não preciso me preocupar? — Perguntei, estreitando os olhos e me aproximando minimamente dele.

— É claro. É normal se sentir intimidado comigo, mas não há nada que você precise temer — ele sorriu ainda mais.

Eu devolvi seu sorriso e me aproximei de seu ouvido, sussurrando:

— Talvez você devesse procurar um espelho, querido, porque você não é tudo isso.

Dei alguns passos para trás, ainda sorrindo, enquanto ele me encarava meio sem reação. Me afastei depressa, não dando chance dele reformular os pensamentos para tentar sair por cima desta.

Querendo ou não, eu saí ganhando.

E horas depois, cá estava eu isolado no meu quarto, ainda revivendo na minha mente o que ocorreu. Por algum golpe de sorte, meus tios não estavam em casa, e pelo que a empregada havia me dito, só voltavam após o jantar.

Tempo suficiente para que eu pudesse pensar e organizar tudo. O problema era que eu não queria ficar trancado ali sozinho. Então decidi que talvez pudesse ir até a casa de JiSung, para que pudéssemos conversar.

Olhei pelas persianas e vi que já estava anoitecendo. Logo meus tios chegariam e tudo que eu menos queria era vê-los.

Se eu pudesse nem dormiria em casa.

My Little Elf - ChenSungOnde histórias criam vida. Descubra agora