XXIX

699 99 130
                                    

JiSung


Depois da conversa nada produtiva com HaeChan, o mesmo decidiu ficar do lado de fora, porque segundo ele "minha presença estava estragando seu bom humor".

Como TaeYong havia dito, ChenLe dormiu mesmo durante toda a manhã, e até um pouco depois das duas da tarde. Fiquei apreensivo por meus pais possivelmente terem notado meu sumiço, mas mantive minha promessa a ChenLe de não ir embora.

Enquanto esperava o tempo passar e ele acordar, eu posso ter explorado um pouco sua casa por curiosidade, mas não havia mesmo muita coisa ali além da mesa cheia de ervas e líquidos que eu nunca vi na minha vida.

O sol ali era estranhamente forte, fazendo o tempo parecer estar em pleno verão, então fazia muito calor. Quando ele já estava alto, eu não aguentei por não estar acostumado, então tirei a camisa. Acho que se demorasse mais alguns minutos, ou até segundos, eu poderia derreter. Gotas de suor escorriam pelo meu pescoço e costas, e meus cabelos grudavam na testa, me fazendo escová-los para o lado.

Eu estava há algum tempo girando um frasco com um licor amarelo que brilhava quando eu balançava, tentando deduzir para o que ele serviria quando escutei um movimento na cama e me virei. Foi no momento em que ChenLe, a raposa, espreguiçou-se esticando as quatro patas, ainda deitado de lado, e levantou devagar as pálpebras, revelando olhos cinzentos e preguiçosos.

Eu o encarei por um instante antes de abrir um sorriso que fez doer minhas bochechas e me aproximei da cama.

— ChenLe, você acordou!

Sua resposta foi um balançar da cauda e um bocejo, em que ele soltou um fino ganido no processo. Foi adorável, e eu quase soltei o frasco na minha mão diante de tanta fofura.

Ele me encarou brevemente e depois o frasco na minha mão e soltou um bufo.

— Ah, eu só estava olhando. Não me mexi em nada — coloquei o frasco de volta no lugar.

Me sentei na beirada da cama. Pela primeira vez, ChenLe se moveu, mudando sua posição para ficar mais perto de mim e apoiar o focinho na minha perna. Eu estendi a mão e cariciei entre suas orelhas, senti que seu pelo era tão macio quanto parecia.

— Você ainda está cansado? Não pode mudar de forma? — Perguntei casualmente, ainda  tocando seu pelo branco. — Na verdade, você está tão fofo que quero que fique assim para sempre.

Ele levantou os olhos para mim, redondos e brilhantes. Suas orelhas se ergueram levemente e depois se abaixaram, sua cauda agitando-se outra vez. Então ele afastou o focinho da minha perna e fez algo que quase me fez explodir: deitado, ele girou, deixando a barriga a mostra, balançando ainda mais o rabo e soltando o som pertencente ao de uma raposa de verdade.

— Você está querendo me matar? — Perguntei rindo, retornando a lhe fazer carinhos, dessa vez na barriga.

Ele se contorceu, brincando vez ou outra de morder minha mão. Eu ri, alívio suavizando aquela culpa que eu tinha no coração.

— ChenLe, apesar de você ser muito bonitinho assim, pode se transformar para que possamos conversar?

Ele me encarou brevemente, antes de se sentar nas patas traseiras e fazer um gesto com o focinho. Franzi a testa, não entendendo.

— O quê? Você precisa de alguma coisa?

Ele sacudiu a cabeça e fez de novo o gesto com o focinho.

— Você não está conseguindo se transformar? — Cocei a cabeça, meu cérebro girando incapaz de adivinhar o que ele queria.

ChenLe parou um instante e bufou com desdém na minha direção.

My Little Elf - ChenSungOnde histórias criam vida. Descubra agora