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Park JiSung P.O.V

A praça. A fonte. O mercado, já menos movimentado, mais duas ruas.

Foi até onde consegui aguentar. Tínhamos trocado poucas palavras até então, e toda vez que eu discreta lhe fazia uma pergunta, ele era vago, sempre oferecendo uma resposta que não era uma resposta ou simplesmente dando de ombros. Rapidamente decidi que detestava todo aquele mistério no qual ele se envolvia.

Ao mesmo tempo que achava um tanto instigante.

Já estava escurecendo, e quando viramos a esquina para a terceira rua, que mais parecia um beco de tão estreita, eu não pude mais conter minha indignação.

— Olha, já chega desse jogo! — Eu coloquei a mão no seu ombro, para que me encarasse nos olhos. Senti um formigamento subindo pelo meu braço de onde eu o tocava. Me forcei a afetar a mão e me concentrar. — Por que está aqui? Não tente mais me enganar. Eu sei quem você é e você não pode fingir que não me conhece. Está me deixando maluco com tudo isso.

Falei tudo isso num fôlego só e, entre todas as reações que eu esperava, partindo tanto da premissa de que eu não estava louco quanto da que estava, ele sorriu. Um sorriso irônico e talvez, apenas talvez, um pouco malicioso.

— Agora sabe um terço do que eu tenho passado por sua causa nesses últimos dias, JiSung.

Eu percebi naquele momento que ele se recostava contra a parede de uma das construções, que eu estava há apenas um braço de distância dele, e que o beco estava completamente deserto. Me afastei alguns passos, colocando um pouco de distância entre nós. Pegaria muito mal que alguém os visse daquele jeito.

— Mas, quanto a sua questão — ele continuou, dando dois passos para frente —, caso não se lembre, foi você que me pediu para ficar por perto.

Franzi o cenho, em completa confusão. Eu? Por que eu pediria isso? Quando eu pedi isso?

— Do que está falando?

ChenLe me encarava com intensidade, o que me deixava um pouco desconfortável, apesar de tentar disfarçar. Ele deu mais um passo para frente e eu, inconscientemente, recuei outro.

— Você não lembra por causa da queda — ele apontou para o pequeno lombo na cabeça, escondido pelos meus cabelos. — Mas eu lembro da noite passada. Ah, lembro muito bem…

Ele avançou novamente dois passos, e eu recuei outra vez.

— E o que houve? — Minha voz estava um tanto trêmula e eu não conseguia entender porquê.

— Por que falar se posso mostrar a você?

Ele continuou me encarando quando cruzou a distância entre nós. Eu tentei recuar de novo, mas acabei por descobrir que estava encurralado pela parede. Como uma presa caindo na armadilha da raposa malandra. O que me recordava…

ChenLe apoiou os braços de cada lado dão meu corpo, impedindo qualquer tentativa de fuga da minha parte. Afinal, o que ele pretendia?

— E então? — Ele perguntou num sussurro, e eu senti seu hálito no meu rosto. — Quer ver?

Não, não, não, não, não mesmo!, era o que minha razão dizia. Mas a resposta que saiu da minha boca foi:

— Sim.

Maldita fosse minha curiosidade!

ChenLe sorriu, com maliciosa astúcia. Ele ergueu uma das mãos e a colocou sobre os meus olhos. Senti um calor muito familiar emanar de sua mão e tomar conta do meu rosto.

My Little Elf - ChenSungOnde histórias criam vida. Descubra agora