Prologo - Mundo Secreto

114 11 7
                                    

"O dia poderia ter sido melhor" pensou Dick enquanto caía "ou pelo menos, não precisava acabar tão mal, ou tão rápido... Eu nem ao menos desfiz as malas..."

Um minuto antes parecia tudo perfeito. A vista de Singapura ao entardecer era deslumbrante. Ele tinha chegado à cidade naquela mesma manhã, não tinha tido tempo de arrumar suas coisas. Era a primeira vez que viajava para um país diferente no mundo civil, e mesmo que estivesse ali a serviço da academia, estava ansioso para explorar a cidade.

Não demorou muito para ele encontrar um prédio condenado, era seu plano subir em algum lugar alto para admirar a paisagem, desde que Jeane, general e líder militar de Malrandir, a capital da Caverna, havia ordenado que ele e sua irmã fossem para Singapura, investigar algo relacionado a atividades suspeitas dos civis. 

Mesmo sendo arriscado, ele decidiu que não seria um turista comum; afinal, ele não era um ser humano comum, mas esperava que tivesse mais sorte, a Caverna é um governo regido por militares e sendo assim, castigava de forma exemplar quem desobedecia suas normas, sendo a mais importante a lei do sigilo, os civis deveriam ser protegidos da interferência dos outros universos, seja boa ou má. Mesmo Dick sendo um dos últimos membros da família Salastiel, uma das últimas famílias que ainda existiam, os militares não pensariam duas vezes em puni-lo se o descobrissem expondo magia ou tecnologia no mundo civil.

Na lateral do prédio, afastada da agitação das ruas, Dick avistou uma gárgula de pedra, muito maior do que as outras que já tinha visto espalhadas por todo lado pela cidade. Era a única por ali. Dick imaginou se as outras estátuas haviam caído há muito tempo ou se eram do tipo que ganhava vida de acordo com as crenças da população. Ele subiu a escadaria do prédio, aparentemente a única estrutura que ainda estava em condições.

"Ainda bem" pensou "se tivesse que escalar, com certeza me veriam".

Apesar de tudo Dick estava disposto a arriscar. Ele subiu nas costas da grande gárgula, carregando um pacote de salgadinhos e um refrigerante, se deitou nas costas de pedra da estátua enquanto comia, as últimas coisas que ele se lembrava antes de cair no sono, era que a vista da cidade era realmente impressionante ao entardecer alaranjado no céu com poucas nuvens e que a gárgula tinha uma cabeça estranhamente pequena para um corpo tão robusto.

Ele acordou abruptamente ao som das sirenes de emergência e uma multidão de vozes.

— O que...? — Disse, abrindo um dos olhos, percebendo que tinha dormido. — Que barulho...?

Olhou para frente e percebeu que a cabeça da gárgula já não estava mais ali. Dick sentiu um arrepio percorrer o corpo. De repente, a estátua parecia estranhamente pequena e a altura muito maior. Uma luz branca muito forte o cegou, e ele percebeu que um helicóptero estava sobrevoando o prédio, tentando manter distância do prédio, mas buscando manter Dick em seu ponto de vista. Olhando para baixo ele viu onde a cabeça da gárgula tinha caído, ou pelo menos imaginava que era ela, pois agora restava apenas uma pilha de pedras, e uma multidão se que aumentava e se aglomerava. Não havia sinal do refrigerante ou do pacote de salgadinhos.

— Ah... Ótimo — disse, em tom sarcástico pensando em Sofia. — Ela vai me matar.

Olhou novamente para baixo e, em seguida, para o pescoço decepado da gárgula.

— Quanto tempo você esperou alguém subir aqui para fazer essa pegadinha? — Perguntou à estátua, que felizmente não respondeu.

Ele tocou sua pulseira no pulso esquerdo e a retirou. Ela se endireitou imediatamente, parecendo muito com um celular, mas de tecnologia mais avançada. Tocou na tela e mentalizou sua irmã, Sofia.

A tela acendeu, revelando uma garota de cabelos castanhos escuros, que parecia bem irritada.

— Dick — Foi tudo o que ela disse a princípio.

Humanidade Suprema │ Feitiço ViralOnde histórias criam vida. Descubra agora