Humanidade Suprema │ Feitiço Viral

Capítulo Trinta e Seis - Horrores Sob a Superfície

A sensação de Cassie foi que ela havia apagado por alguns segundos.

— O que aconteceu? — Em um minuto a criatura estava atacando e no outro... Nada. Ela desapareceu, em um abrir e fechar de olhos, deixando apenas algo brilhante no chão, Toni foi arremessado para longe pela explosão, assim como todos.

Cassie olhou ao redor e viu a imensa cratera que a explosão causou, o campo estava totalmente destruído, mesmo a floresta não escapou e parte da rua que leva a área urbana da cidade estava destruída. A luz do sol nascendo no horizonte iluminava a destruição por onde haviam fugido, revelando um rastro de caos. O amanhecer destacava o estrago, e ela podia ver claramente os danos que se estendiam à sua volta.

Parte da floresta pegava fogo, outras partes estavam congeladas ou derretidas, o ar fedia a enxofre, fumaça e sangue e estava quente e gelado em diferentes pontos. Buracos estavam espalhados por toda parte, corpos espalhados a esmo, quanto mais os raios do sol penetravam na floresta, mais evidente ficava o terror que foi aquela noite.

Poucos transfigurados haviam restado, Toni e Kay haviam expulsado boa parte deles, embora alguns houvessem morrido.

Chuck se levantava devagar, usando a arvore em que fora lançado como apoio; Sofia estava um pouco distante, cuidando dos feridos, provavelmente ela era a única com capacidade de cura, já que usava equipamentos e não magia e os magos estavam esgotados.

Dick foi em direção ao objeto luminoso deixado por Toni, Chuck e Kay o acompanharam, ambos pareciam esgotados, mas ainda alerta para qualquer surpresa.

— Acabou... — Cassie suspirou, embora não estivesse certa se já havia passado tudo ou apenas o pior.

— O que é isso? — Dick segurava o objeto misterioso e o virava para os outros verem; um pedaço de vidro, do tamanho de um pequeno celular, e que alternava entre refletir o que estava a sua frente, para um vídeo do dragão de sangue que agora rugia e se contorcia, tentando se libertar.

— Isso — Disse Kay, tomando o objeto de Dick e o examinando por um instante — É um espelho de maquiagem.

Por um instante todos o encararam.

— Sei do que estou falando. — Defendeu-se Kay. — Não é um objeto especial, mas que foi usado para algo especial.

Chuck tomou o espelho de Kay para examiná-lo ele mesmo. Cassie se aproximou e viu a forma assustadora do dragão dentro do objeto, como se o espelho fosse uma janela.

— Acho que sei o que quer dizer. — Disse Dante se juntando ao grupo — É um selo, um bem poderoso, para prender um espectro tão poderoso, eu não imaginava que algo assim pudesse ser feito sem semanas de preparativos...

— Foi meu irmão quem fez isso. — Dick pareceu olhar para o espelho com uma nova visão.

Ao redor deles o grupo de Maia também se reunia, cerca de 10 metros de distância, estavam se juntando ao redor do corpo de Darc, ainda estavam em grande número, mas claramente derrotados e ainda mais esgotados, só poderiam se agrupar e recuar, e o grupo dos recrutas não tinha forças para persegui-los.

— Isso deve ser valioso — Ponderou Chuck, havia acabado de chegar e observava o objeto com fascínio.

— Se quer tanto, pode ficar com essa coisa —Disse Dick, sua mão se desviou para a lateral do seu corpo e quando voltou estava ensanguentada. — Não valeu a pena.

Dick entregou o espelho a Chuck, seu olhar pesado repousando sobre os corpos dos companheiros que atenderam seu pedido de ajuda e a culpa estava ameaçando dominá-lo. Ele desviou o olhar, não conseguia encarar a cena agora que a adrenalina da batalha o havia deixado. Com um gesto da mão ele invocou uma luz dourada fraca, e passou a curar seus ferimentos, sua expressão ainda refletia dor, mas era impossível dizer se era dor física ou emocional.