Capítulo Doze - Os Supremos.

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Na ampla e movimentada sala principal da academia, Natacha apresentou Lyra aos seus colegas de classe, teve que buscar a menina no centro de transportes, ela estava abalada, mas não quis dizer o motivo.

A sala parecia-se com um grande anfiteatro, o céu azul límpido acima era uma projeção muito bem feita, bancos e arvores de formas e cores variadas estavam espalhados seguindo algum tipo de organização. Os refeitórios ficavam ao redor do anfiteatro e ofereciam todo tipo de refeições, aceitavam somente criptomoedas.

Eram cerca de quarenta estudantes, entre rapazes e moças, os murmúrios de conversas animadas preenchiam o ar enquanto os alunos se reuniam em grupos, alguns concentrados em seus estudos, outros trocando risadas e histórias do fim de semana. Com entusiasmo, Natacha explicou ao maior grupo como Lyra desempenhou um papel fundamental na retirada do livro raro da biblioteca. No entanto, Lyra ainda não compreendia completamente a importância daquele ato. Todos ao redor a parabenizaram calorosamente.

Logo em seguida, um jovem, aparentando ter cerca de dezoito anos, se aproximou de Lyra. Ele era alto, com cabelos vermelhos que chegavam até suas orelhas, e transmitia uma aura de liderança incontestável.

— Você provavelmente não tem ideia de quão importante foi o que fez, não é mesmo? — perguntou ele a Lyra. — Como Natacha já começou a te contar parte dos nossos planos, vou deixar que ela termine de explicar. Me chamam de Chuck, se precisar de algo pode falar coigo, eu te devo um favor.

Depois que Chuck se afastou, levando consigo o grupo numeroso de cadetes e sargentos, Natacha convidou Lyra para uma breve caminhada. Elas percorreram salas de treinamento, academias e ginásios, que pareciam ter sido abandonados há algum tempo. Natacha explicou que há muito tempo utilizavam exoesqueletos para eliminar a necessidade de treinamento físico tradicional, por isso os lugares estavam abandonados. 

No entanto, mesmo sem a ênfase na atividade física, o treinamento dos cadetes continuava rigoroso, com desafios acadêmicos, trabalhos de campo e disciplinas como história, geografia e outras que, embora parecessem o básico, se tornavam extremamente complexas quando aplicadas a três universos diferentes.

— Quando você tem tantas espécies diferentes, sistemas jurídicos variados e outras disciplinas, a parte física acaba sendo sacrificada — explicou Natacha. — Nossa sociedade conta com o que chamamos de 'bucha de canhão' para ações que requerem força física, indivíduos dispostos a serem enviados para o campo de batalha e sacrificarem suas vidas. Normalmente, esses 'bucha de canhão' são homúnculos de armadura, seres humanoides sem consciência. Em situações de combate real, os seres humanos possuem habilidades que podem levar a soluções pacíficas, por isso 'referimos dar ênfase a mente em detrimento do corpo, sabe, os humanos podem levar tudo à aniquilação por meio das armas mais avançadas já criadas, por isso os estudos nos guiam por uma filosofia mais pacifica.

Elas continuaram explorando a academia, que parecia maior por dentro. A arquitetura variada da academia refletia a diversidade da cidade. À medida que exploravam áreas menos frequentadas, como as academias de treinamento, Lyra notou que essas áreas eram construídas com cimento armado. Mas, ao passarem por uma sala de aula, o ambiente mudou drasticamente, tornando-se um espaço amplo e claro, com telas transmitindo aulas e projeções por todos os lados.

— Precisamos conversar sobre o livro. — disse Natacha, parando abruptamente e quase fazendo Lyra esbarrar nela.

— Cuidado, eu estava olhando para o outro lado — alertou Lyra animada. — Aquelas naves no estacionamento são as mesmas que vi no céu da cidade?

Natacha levou um momento para compreender, piscando confusa. No entanto, logo percebeu que Lyra estava apontando para o estacionamento distante da academia. Ela achou engraçado o entusiasmo da garota com veículos comuns do dia a dia, comparado com as instalações repletas de faíscas, robôs e maravilhas tecnológicas.

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