Epílogo

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O bar estava mergulhado em uma atmosfera de luxo decadente, suas paredes, adornadas em veludo escarlate, que escondiam a tinta quebradiça. Cortinas pesadas impediam que a luz dos postes adentrassem a casa. A fonte de luz principal vinha do candelabro central, além de outras pequenas lampadas espalhadas no ambiente. Música clássica tocava, dando ao lugar um tom ainda mais sofisticado, embora não fosse possível identificar de onde vinha o som. O bar possuía poucas mesas, feitas de mogno velho, poucas estavam ocupadas.


Chuck,estava inquieto, sentado em um canto discreto do bar, Ajustava nervosamente o colarinho de seu smoking.


"Esperava adiar esse encontro em pelo menos um ou dois seculos..." Ele pensou, engolindo em seco.


Havia pedido uma reunião com o Chanceler, líder supremo de todo o universo Claridiano. Apesar de possuir um certo nível de democracia, o governo ainda assim era, sobretudo, militarista, e o chanceler é o homem mais poderoso e influente, além de também ser imortal, nisso Chuck não estava em vantagem, era muito mais jovem e o chanceler muito mais experiente.


"Eu precisava falar com ele de qualquer forma" Pensou, não acreditando na própria audácia.Um imortal ainda poderia morrer, se ficasse contra outro imortal mais velho, e o Chanceler, além de poderoso, sempre agia de formas misteriosas. Chuck temia ficar no caminho do homem e acabar morrendo, o que era um sentimento estranho, já que não pensava na própria morte há séculos. Ainda assim ele quase havia morrido, ao menos por duas vezes, no período de poucas semanas. Principalmente quando Sofia invocou dois espectros da morte, ele teve certeza de que não passaria daquela noite, uma vez que os espectros da morte são feitos de morte, um simples toque e Chuck morreria, talvez conseguisse voltar ao mundo material, mas não sabia se já estava nesse nível de imortalidade, então não pretendia arriscar.


Ele não conseguia deixar de notar como todos ao seu redor pareciam envolvidos em conversas intrigantes e sorrisos misteriosos. Aquele bar era restrito apenas a alta patente militar. Em uma mesa distante Chuck viu o Marechal do ar, Roswell envolvido em uma conversa tensa com sua Tenente-Brigadeiro, Serafina. Embora falassem em voz baixa, Chuck podia adivinhar que estavam conversando sobre o súbito aparecimento da princesa vermelha, do escudo supremo, das decisões arbitrárias do Almirante Cale, afinal, não havia nada mais importante para se conversar. A não ser o que ele sabia.


O teto do bar revelava uma visão impressionante. Através de uma claraboia era possível ver o céu de pedra de Malrandir e a luz que passava pelas rachaduras. O sol acima, com sua força gravitacional, movia as bolsas atmosféricas protegidas pela grossa sólidosfera, essas alterações geravam as estações do ano no universo de Clarídia.


— É um dia agradável, o dia de hoje.


Um velho homem, muito bem-vestido, apareceu e se sentou ao lado de Chuck. Sua aura não indicava nada de especial, se não fosse pelo fato de Chuck já o ter visto em raros momentos durante a sua vida imortal, não saberia que era alguém tão importante.

***

O hospital público estava lotado, como sempre. As enfermeiras corriam de um lado para o outro, os médicos examinavam pacientes e os corredores estavam cheios de macas com pessoas doentes e feridas. Era um caos controlado, a rotina diária do hospital.

Naquela manhã, no entanto, algo incomum estava prestes a acontecer. Uma equipe de trabalhadores estava realizando uma manutenção na rede elétrica do hospital, devido aos constantes problemas de falta de energia. O calor do verão aumentava a tensão no ar enquanto eles mexiam nos fios e conectores.

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