Café com Leite

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O café fechou excepcionalmente mais tarde naquele sábado. Era incrível como o marketing boca a boca ainda podia ser algo eficiente. Eles tinham vendido três pedaços de bolo, além do que fora dado a Hoseok (Mila agora sabia o nome do menino sorridente, que havia pago seu pedaço de bolo e até comprado mais um). As pessoas tinham comido e depois retornado com mais pessoas pra comer mais bolo. Eles acabaram fazendo mais três bolos além do primeiro e vendido tudo. Até Hoseok entrou na dança, e fez as vezes de caixa e garçom quando chegou no café.

-- Algumas pessoas me perguntaram se haverão mais doces na segunda, além do bolo. Pedi só que viessem. É possível ter outros doces? -- Han So Bi (esse era o nome da tia) perguntou a Mila.

-- É possível sim. Mas teria que fazer amanhã, porque segunda de manhã tenho aula. Aliás, segundas, quartas e sextas tenho aulas pela manhã e terças e quintas tenho aulas até às 16h. -- Foi a resposta de Mila.

-- Justo amanhã vamos visitar a minha sogra no interior. -- So Bi fez uma careta.

-- Podemos deixar ela com a chave e os códigos dos alarmes. Aí ela vem e faz o que precisa. Também precisamos comprar mais ingredientes. -- Park No Byul (esse era o nome do tio) confabulou.

-- Não seria má idéia se o bairro não estivesse perigoso. Ela não pode ficar andando sozinha por aqui. Ainda mais amanhã, que isso aqui vira um deserto. -- Retrucou So Bi.

Os dois se encararam pensando qual seria a solução. Mila até pensou em se oferecer pra ir sozinha, mas de repente lembrou dos dois caras mal encarados do dia anterior e resolveu ficar quieta.

-- Eu... -- Hoseok, que até o momento só havia escutado a conversa, se manifestou. -- Eu acho que posso ajudar. -- Disse. -- Amanhã é minha folga e posso buscá-la e levá-la pra, aonde você mora mesmo? -- Perguntou pra Mila.

-- Estou morando nos alojamentos da Universidade de Seoul. -- Ela respondeu.

Não era longe dali, apesar de ser em outro bairro.

-- Certo. Eu posso fazer isso se vocês quiserem. -- Hoseok sugeriu.

-- Seria uma solução. -- So Bi pensou um pouco. -- Tá, aceitamos. Mas como ficariam os outros dias?

Eles conversaram, até chegarem em um consenso. Mila trabalharia de segundas, quartas e sextas, durante o período da tarde, no expediente normal do café, que no inverno acabava entre 17h e 18h, dependendo do movimento de clientes. As terças e quintas ela iria pra lá de noite, mas o casal a pegaria na faculdade e depois a levaria de volta. E aos domingos, com o café fechado ela trabalharia de dia, deixando os doces prontos pra segunda-feira. Sábado seria sua folga.

-- Nós vamos te pagar, só que não podemos pagar muito, e você também não vai poder trabalhar mais do que 4 horas por dia, porque você estuda e... -- So Bi começou a dizer, sem tomar fôlego. Mila então pegou a mão direita dela entre as suas e dando batidas calmantes nela, disse:

-- Tudo bem. Você pode me pagar o salário mínimo das horas. Era o que eu iria ganhar nos outros lugares que pesquisei mesmo. -- Tranquilizou-a. -- Pelo menos vou estar fazendo uma coisa que gosto. Além disso, sou muito grata a você pelo que fez por mim ontem. -- Ela sorriu ternamente para a mulher mais velha.

So Bi sorriu de volta.

-- Certo, estamos combinados então. -- So Bi finalizou a conversa em um tom animado. -- Amanhã você a pega na faculdade e depois a leva de volta, Hobi? Posso ficar sossegada? -- Se voltou para o moço.

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