Café com Tapioca

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 Tinha ficado boa parte da noite acordado pensando em uma forma de fazer a mãe de Mila aceitar não somente o relacionamento deles, como também essa nova carreira que se desenhava na vida dela.

Hobi acreditava muito no talento de Mila para confeitaria, e assim como tinham dado oportunidade a ele no mundo da dança e do show business como idol, ele acreditava que a tia e Mila poderiam alcançar um sucesso muito grande no café/confeitaria.

Depois de ouvir como a mãe dela pensava, entendeu que tinha começado pelo lado errado.

Lembrou-se de algo que poderia ajudá-lo e mandou uma mensagem, antes de deitar, para o escritório que o ajudava em seus investimentos, era bom ser manhã na Coreia.

Logo que Mila saiu pela manhã, verificou em seu e-mail o que havia solicitado, ficando satisfeito ao ver o documento em sua caixa de entrada. Tinha sido bom pensar em fazer o documento em português, mesmo antes de irem para o Brasil. Levá-lo teria sido uma escolha melhor, ao invés do anel naquela primeira visita a família da Mila.

Porém, ele não teria como adivinhar, não é mesmo?

Um pouco depois do almoço e já com a documentação impressa, foi com os guarda-costas novamente a casa de Mila. Deveria ter conversado primeiro com ela? Se perguntou no caminho. Talvez. Mas não tiveram tempo naquela manhã, com ela saindo apressada e ele com sono. Seria daquele jeito mesmo. Contudo, algo dizia no coração de Hobi que resolvendo aquela questão com a mãe dela, meio caminho já seria andado. Além disso, tinha outra questão para conversar com ela ainda naquele dia.

Chegaram na residência das mulheres brasileiras e foi engraçado ver de novo a irmã dela arregalando os olhos ao vê-los.

A barreira da língua ainda era um empecilho, tinha até preparado algumas coisas com o tradutor, já que não sabia se Mila já teria voltado para casa. Sentiu alívio de ver a irmã dela ali, pois sabia que ela entendia um pouco de coreano e estava disposta a ajudá-los.

– A Mila ainda não chegou do serviço... – Mirela disse logo que eles entraram na casa.

– Eu preciso falar com sua mãe. – Hobi respondeu da forma mais simples e compassada que conseguia.

– Ooooooohhhhh....

– Quem era Mirela? OH! – Dona Maria saiu do quarto e também ficou surpresa ao ver o jovem que havia praticamente enxotado de sua casa no dia anterior. – O que ele está fazendo aqui de novo?

– Calma, mãe. Ele veio conversar com a senhora.

– E falar o quê? Que eu saiba, ele já fez a proposta de casamento ontem, tem alguma coisa a mais para falar?

O clima tinha ficado tenso novamente, mas Hobi resolveu colocar a sua estratégia em prática.

Tirando o envelope do documento da pasta que trazia o estendeu a Mirela, que, mesmo sem entender, o pegou.

– Pode ler? – Pediu em um coreano simplificado.

As habilidades de Mirela no coreano iam melhorando a cada dia, mas ela não se sentia confiante em ler documentos ou grandes textos ainda.

– Eu não sei se consigo...

– Está em português.

– Oh?! Em português? – Falou em sua língua materna mesmo, ao mesmo tempo em que abria o envelope e se sentava no sofá.

Era um contrato de sociedade. Escrito em português.

– O que é isso, filha? – A mãe se aproximou de Mirela, sentando-se ao lado dela no sofá, mas ela não a respondeu, devorando o contrato, que estava redigido de forma muito simples.

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