--Nicko, como é ser um anjo "caído"?
--O que quer saber exatamente?
--Você voa? Tipo, tem asas?
Nicko ocultou a risada.
--Minhas asas ficaram um pouco danificadas desde quando caí. O que dificulta o voo, em resumo, não podemos voar.
--E vocês tem algum poder?
--Somos fortes e alguns de nós são diferentes.
--Como assim?
--Alguns anjos quando caem são amaldiçoados. Recebem dons.
--Isso é ruim?
--Esses dons são como marcas. Quem tem essa marca nunca, nunca poderia voltar ao Céu.
--Oh, mas e quando eu me sacrificar o que acontece com eles?
--Inferno. Primeira classe.
--Nicko e você?!
--Não tenho dom, Petra. Sem marcas.—ele ergueu os braços teatralmente.
--Você conhece algum desses anjos?
--Sim, tem muitos deles na Terra. Milhares, na verdade.
--Nossa.
--Houve um tempo difícil no Céu, em que houve muitos questionamentos. Deus puniu um por um.
--Não posso imaginar como deve ter sido, para você e para os outros.
--Não foi fácil, posso dizer isso.
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Petra caminhou pelo cemitério até chegar a lápide de seu pai. Limpou, tirando as flores murchas e pôs flores frescas. Depois, sentou em frente. O sol já estava se pondo.
--Oi, pai...sinto muito não ter vindo antes, mas as coisas estavam meio difíceis sem o senhor. Sinto tanto sua falta. Mas vim aqui pra dizer que vou ficar bem, ok? Nicko está cuidando de mim.—ela sorriu pra si mesma, olhando pros lados—Tenho um segredo pai. Nicko é um anjo, dar pra acreditar?! Um anjo de verdade! E eu o amo, papai.—sussurrou—Ele não pode me amar, o que faço?—começou a chorar—É por isso que vou me sacrificar, pai. É por isso que vou facilitar pra ele. Sou um fardo. Ele só quer voltar pra casa, e eu posso faze-lo ir. Então, quando ele for embora, eu vou poder seguir em frente. Vou trabalhar com Willie e vou entrar numa faculdade. Era tudo que o senhor queria não é?—soluçou—Então, vou encontrar um homem bom, que me ame mais que tudo no mundo e teremos bebês. E vou ser feliz, mesmo sem Nicko.—ela abraçou os joelhos e chorou.
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--Aqui tem tudo que você vai precisar, Amy.—ele disse, entregando-a uma bolsa.
--Você precisa mudar seu estilo sabia.
--Não vim aqui pra você dizer o que tenho que vestir ou não.
--Nossa, estou detectando um sinal de mau humor na área. O que foi?
--Me sinto doente por estar enganando-a desse jeito.
--Ei, você está fazendo o melhor que pode.
--Ela confia em mim.
--E vai continuar assim.
--Obrigada, Amy.
--Até amanhã, Nithael.
--Adeus.
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O bar geralmente lotava na sexta, e hoje não era diferente. Willie servia drinques no balcão e Izzy servia as mesas. Não ocultou a surpresa ao ver Petra entrar no bar, usando seu uniforme.
--Petra, pensei que precisasse de mais tempo.
--E eu pensei que você precisasse de ajuda.—contrapôs, espirituosa. Ele gargalhou e lhe passou o bloco e caneta.
A noite foi agitada, e logo chegou a hora do intervalo.
--Bom te ver aqui.—Izzy falou, abraçando-a.
--É bom estar de volta.
--Você está melhor?
--Estou bem, Izzy. Não é como se eu tivesse 100%, mas dar pra levar.
--Uh, entendo. Pensamos que fosse ficar fora por muito tempo.
--Papai não ia querer isso.
--Gostei disso, e que tal se sairmos mais tarde?
--Ah, não posso. Nicko vai lá pra casa hoje.
--Então vocês evoluíram?
--Ainda não. Somos amigos.
--Por enquanto.
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Petra saiu do banheiro enrolada na toalha, secando os cabelos. Avistou a bolsa com o vestido que Nicko havia lhe dado. Mordeu os lábios, hesitando. Não havia experimentado ele na loja. Nicko dissera que não era necessário.
Tirou o vestido da bolsa, e o vestiu. Terminou de secar os cabelos e o prendeu num coque rápido e simples. Segurou o fôlego ao se ver no espelho. Estava tudo perfeito. O vestido moldava-lhe o corpo como uma luva. A renda preta era um contraste com sua pele pálida. Sorriu, fechando os olhos. Era a primeira vez que se sentia bonita de verdade.
Suspirou, pronta pra tirar o vestido quando ouviu batidas na porta. Franziu. Nicko nunca batia. Simplesmente entrava. Desceu as escadas, e abriu a porta.
--Nicko, você chegou cedo...—sua voz sumiu ao ver que não era ninguém. Franziu, jurando que ouvira alguém bater. Fechou a porta, e se virou. Gritou ao se deparar com um homem baixo e magro. Com aparência cansada e má. Petra recuou, sentindo um inexplicável calafrio.—Q-quem é você?!
--Olá, Petra.—ele cumprimentou, sorrindo irônico. Ela engoliu em seco.
--Nos conhecemos?
--Oh, não. Mas isso pode mudar não é?—ele sugeriu, dando passos em sua direção.
--Por favor, não.
--Por que está implorando? Eu ainda nem comecei.—ele deu de ombros. Petra olhou pros lados e gritou quando ele avançou. Sem ver direito, o chutou e saiu correndo em direção a cozinha. A porta dos fundos estava aberta, continuou correndo sem saber do que.
Uma voz distante, sussurrou em sua mente: Morte.
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Nicko parou a moto, tirando o capacete. Sentia um grande peso crescendo dentro de si. Faltava menos de um dia para finalmente tudo acabar. E Petra facilitara tanto, rosnou, infeliz.
Desceu da moto e foi até a entrada da velha casa de Petra, trazia alguns dvds, e lanches. Mas gelou ao ver a porta aberta. Deixou as coisas caírem e correu. Não havia sinal de luta, mas não se surpreendeu por isso.
--Petra! Petra!—a chamou. O quarto dela estava vazio. Esmurrou a parede, gritando.
--Ah, meu Deus. O que está acontecendo aqui?!—Izzy perguntou entrando no quarto.
--Levaram ela.
--Mas...
--Droga, o que você está fazendo aqui?!—ele berrou.
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COLIBRE
ParanormalNada nunca acontece na pequena cidade de Colibre, até que a chegada de um estranho muda tudo. Petra pensava estar feliz com sua vida pacata ao lado de seu pai. Mal sabia ela, que não conhecia nada da vida e que não estava preparada para o que veio a...