Capítulo SEIS

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--O que aconteceu?

--Como?

--Vamos lá Petra, você tá aí... toda murchinha há dois dias... e coincidentemente, faz dois dias desde que vimos Nicko no seu aniversário.—Izzy comentou.

--Não sei do que você está falando. Não tenho o por que de estar "murchinha" por causa dele.—Petra deu de ombros.—Nem gosto dele—completou. E franziu, sem entender por que dissera isso.

--Sei... humm... uau ... olha aquilo!—Izzy indicou com a cabeça para a porta. Petra olhou para o homem que acabara de entrar, ele era bem alto. E tinha ombros largos e musculosos. Seu cabelo era loiro e longo. Usava uma blusa branca, e um jeans.—Nossa, quem é esse cara?!—ela arfou.

Gremory caminhou na direção do balcão, ciente de quem era cada pessoa ali. Fez uma careta, mas seu rosto continuou sem expressão. Era desconfortável, realmente, saber sobre elas.

Uma pessoa ali chamava sua atenção: Petra Door.

Gremory sentou-se e elas o olharam hesitantes. Ele concentrou-se em parecer... humano. Lembrou-se de respirar. Sim. Inspira e expira. Repetiu mentalmente. Viu quando Petra se aproximou dele, incerta. Ele esticou os lábios, separando-os um pouco. Ele sorriu. Será que era assim?

--Boa noite, senhor. Em que posso servi-lo?—ela falou. Ele analisou as palavras dela. 

"Servi-lo?"

--Servi-me?

--É, o que o senhor quiser eu trarei. É isso que garçonetes fazem.—ela explicou. Ele assentiu, compreendendo.—E então?—ela insistiu, dando um meio sorriso. Gremory olhou em volta. O que eles bebiam? Aquilo de nada lhe teria gosto.

--Me traga o que quiser.—decidiu. Petra arqueou as sobrancelhas surpresa.

--Mas eu não sei nada de bebidas... só as sirvo.

--E qual bebida lhe é familiar?

--Ahn... água, leite, e refrigerante?—ela respondeu.

--Me traga isso então.

Petra olhou para Izzy que a olhava também sem entender o homem. Ela meio confusa, pegou o que ele pediu.

Gremory cheirou o conteúdo dos três copos a sua frente e sorveu-os de pronto. Decidiu-se pelo de cor branca.

--Vai querer mais alguma coisa?—Petra perguntou.

--Na verdade, vim lhe advertir de algo srta. Door.

Petra franziu. Como aquele homem sabia seu sobrenome? Nem ao menos havia dito seu nome.

--Você será perseguida por demônios. Querem seu sangue.

Petra fitou o homem, pálida.

--Está em perigo, entende? Você está pronta, atingiu a idade.

--O que quer dizer com isso?!—ela quis saber, quase sem voz.

--Não posso lhe revelar mais nada, por que...

--Porque já basta, não é?—Nicko cortou-o, surgindo atrás do amigo. Petra o olhou sem entender o que acontecia.—Perdoe meu tio, Petra. Ele costuma se empolgar ao se deparar com garotas ingênuas.

--Droga.—Gremory sorriu, teatral.

--Isso é algum tipo de piada comigo, Nicko?!—ela disse sentindo seu sangue ferver.—Acha que sou tão caipira a esse ponto de mandar seu tio vir aqui brincar com minha cara?!—ela disparou—Demônios atrás de mim? Sério?!

--Não é o que está pensando.—Nicko falou, fuzilando Gremor com os olhos.

--Ei, o que está acontecendo aqui?—Willie chegou—Não quero nenhum tipo de confusão no meu bar, ok?

--Não será preciso, estamos de saída.—Nicko anunciou.

--Que droga você estava pensando?!—Nicko berrou ao se encontrar sozinho com Gremory.

--Queria chamar sua atenção.

--O que?!—ele piscou, passando a mão no rosto—Minha atenção, Gremor, você se ouviu?! Isso não tem nada a ver com assustar Petra!

--Funcionou, não foi?

--Você perdeu a razão?—ele contrapôs.

--Recebi novas revelações, Nicolai.—ao ouvir aquilo, Nicko gelou.—Temos menos tempo do que pensei.

--Jogar tudo na cara dela não apressa as coisas! Ela nos vê como loucos agora!

--Você precisa agir mais rápido. Ela ainda não confia em você.

--Ela não é o que eu esperava.

--A reinvente então. Temos dois meses.

--O que vou fazer?!

--Você mesmo disse que não devo lhe dizer como trabalhar.

--Se eu falhar, você perde também, Gremor.

--Mas minha perda, nem de longe é tão miserável quanto será a sua. Eu ficaria aqui. E você, Nicolai?

Nicko permaneceu em silêncio, sem pronunciar a resposta em voz alta. Ajoelhou-se no chão, e escondeu o rosto nas mãos.

Medo.

Era o que o tomara.

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A campainha tocava insistentemente em pleno domingo. Petra bocejou, descendo as escadas. Quem poderia ser?! Seu pai estava na casa de Willie, eles passariam o dia assistindo o campeonato de futebol e jogando cartas. E depois iriam pescar. E ela não conhecia ninguém que pudesse ir até sua casa procurá-la. 

Congelou, ao vê-lo parado a sua porta. Vestido com seu costumeiro jeans rasgado, e coturno. Hoje usava uma camisa preta sem mangas. Ele sorriu torto, olhando-a de cima a baixo. Petra corou, cruzando os braços, tentando se cobrir.

Nicko fez o máximo para disfarçar sua surpresa ao ver Petra. Ela estava tão... pura. Com uma camisola branca de alças, na altura dos joelhos. O cabelo bagunçado, solto. O rosto limpo, sem nenhuma maquiagem e descalça.

--Meu pai não está aqui, Nicko.

--Eu sei, Petra. Não vim aqui por ele.

--Então?!

--Não vai me convidar pra entrar?

--Mas eu estou sozinha.

--E daí?

--Não seria bem visto...

--Vamos lá Petra, fui apresentado a todos da vizinhança. E também não sou nenhum psicopata. Ou tarado, se é com isso que se preocupa.

--Não sei...—ela mordiscou os lábios, pensando. Por fim, deu passagem para ele entrar.

Nicko parecia muito á vontade em sua casa. E aquilo a perturbava. Petra se abraçou, o observando.

--O que você quer, Nicko?

--Pedir desculpas pelo ocorrido de ontem.

--Por aquela história ridícula de demônios quererem meu sangue?!—ela caçoou—Não se preocupe, nem a pessoa mais idiota do mundo cairia numa baboseira dessas.

--Tome cuidado. Se eu fosse você seria mais crédula.

--Então devo acreditar nessa ladainha?

--Acredite no que lhe for conveniente.

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