Capítulo TRÊS

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--Então, encontrou a garota?

--Sim.—ele respondeu para Gremory.

--E como ela é?

--Não tive oportunidade de conversar com ela.

--Mas por alto, o que achou dela?

--Isso é irrelevante Gremor, não estamos aqui para achar e sim para cumprir o que nos foi mandado.

--E eles desconfiam de alguma coisa?

--Não, nem sonham com isso.

--Ótimo, quando vai voltar a vê-la?

--Ela trabalha num bar, a noite.

--Ganhe a confiança dela, Nicko.

--Não precisa dizer o que tenho que fazer, Gremor.

--É, sei disso.

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Quando Petra conseguiu acordar, já passava das dez. Pulou da cama, atordoada e correu até o quarto do pai, que não estava lá. Sentiu cheiro de café, e desceu para cozinha. Bob estava ao fogão, fazendo ovos e café.

--O que está fazendo pai?!

--Seu café da manhã, não é meio óbvio?—respondeu. Petra sentou na cadeira.

--Não precisava. E seu remédio?

--Já tomei, Petra.—e riu—Meu problema é no coração, e não na cabeça.

--É, eu sei pai.—fungou—Desculpe, dormi demais.

--Você estava cansada. E sinceramente, estou adorando. Só assim para você me deixar ser útil de novo.

--Você não precisa pensar assim.

--Não?! Você é a garota mais cabeça dura que já vi na vida.

--Alguém tem que ser não é?—ela disparou, rindo.

--Então, não vai me contar como foi seu primeiro dia?

--Foi legal, conheci pessoas legais... ah, e pessoas idiotas também. E conheci...—parou, sem entender por que pensou em falar com o pai sobre ele.

--Conheceu quem querida?

--Ah, nada não pai... só um cara que me defendeu de uns bêbados que queriam mexer comigo.

--Humm... então deve ser um bom rapaz.—Bob ponderou—Agradeceu a ele?

--Ele não me deu oportunidade.

--Seu aniversário é amanhã, por que não o convida? Gostaria de agradecer pessoalmente.—ele sugeriu. Ela olhou para o pai confusa.

--Eu nem sei o nome dele pai. Ele é novo aqui. Provavelmente só estava de passagem.

--Mas se o vir de novo, faça o convite.

--Ele não vai aceitar pai, ele não faz esse tipo.

--Pensei que não o conhecia.

--E não conheço... ah, esquece. Se eu o vir de novo, vou convida-lo, se insiste tanto.

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--Ora ora se não é o defensor dos fracos e oprimidos.—Izzy cantarolou, Petra sorriu, sem entender e olhou na direção da porta. Seu sorriso congelou ao ver quem era.

--Oh, não...

--Nossa, o que foi?

--Meu pai. Ele quer que eu o convide pro meu aniversário para agradecer pelo o que ele fez por mim.

--Uau... seu pai é mesmo uma figura não é?! Isso é tão arcaico.—Izzy disse.

--Eu não sei como falar isso...

--É só convidar, não tem nenhum bicho de sete cabeças nisso. Aja com certa indiferença, como se você não fizesse questão da presença dele lá.

--Mas eu não faço, e nem quero ele lá.

--O que torna tudo mais fácil. Agora, vá em frente e me conte tudo depois.

Nessa noite, ele usava a mesma calça, e uma camisa da banda Stratovarius. Seu cabelo estava preso, e ele girava uma chave na mão.

--Eu...—ela começou, incerta. Ele a olhou com ar de interrogação. Ela engoliu em seco e estendeu a mão—Sou Petra Door.

Ele aceitou o cumprimento.

--Nicko.—se apresentou. Ela mudou a posição, nervosa.

--Meu pai e eu estamos gratos pelo que fez por mim ontem... e ele queria que fosse até nossa casa para lhe agradecer pessoalmente, vai ter uma pequena reunião lá... por causa do meu aniversário—disse, sem olhar diretamente pra ele.

--Não acho uma boa ideia, Petra.

--Foi o que eu disse pra ele.—ela disparou, sem se conter. Ele a fitou curiosa. Ela corou.—Eu disse que você provavelmente teria algo melhor pra fazer.

--Eu não tenho nada pra fazer na verdade.—ele confessou. Ela o encarou.

--Então você vai?

--Se não surgir nada até lá...

--Ah, claro... bom, vai querer alguma coisa?

--O mesmo de ontem, dose dupla.

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Estava tudo pronto para sua festa. Sua casa foi arrumada, e enfeitada com balões coloridos, a churrasqueira havia sido posta nos fundos com várias mesas e cadeiras. E o bolo foi feito pela senhora Purple, a vizinha da fazenda ao lado.

Seriam poucos convidados, na verdade a maioria que viria eram mais amigos de seu pai do que dela mesma. Petra penteou os cabelos sem ânimo, deixando-os cair sobre o ombro em ondas. Tirou os óculos de leitura que sempre usava, e vestiu o vestido novo que seu pai lhe comprara. Era branco, de alças finas, e um pouco rendado. Não havia decotes, e ficava um pouco acima dos joelhos.

Os convidados já estavam quase todos ali, exceto um, Nicko. Petra balançou a cabeça, ele não viria. Ela seria sua última opção de diversão. Afinal, um cara como ele teria coisas melhores a fazer.

Descia as escadas quando a campainha tocou, detendo-a. Foi até a porta e abriu, parando estática ao se deparar com ele.

Ele sorriu, apoiando a braço na porta. Usava um jeans velho e uma camisa social preta.

--Acho que estou no endereço certo.—ele comentou. Ela assentiu. Nicko a olhou de cima a baixo e teve que admitir. Petra pela primeira vez... estava bonita. Não que não fosse. Mas naquela noite ela estava desnuda. Sem nada a lhe ocultar o que possuía. Seus cabelos eram de um castanho avermelhado, e tinha olhos grandes e esverdeados. Um verde bem suave. Como a boca, macia e rosada.—Você está bonita, Petra.

--Oh...—murmurou, corando. Ninguém nunca lhe dissera isso, além do pai.—Obrigada. Ahn...você realmente veio.

--Você me convidou.

--Foi meu pai, na verdade.

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