14| Missão Iniciada

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Capítulo 14 

Se um gênio da lâmpada me fizesse o favor de me conceder um desejo, eu realmente tinha um na mente que parecia tiro e queda e esse se chamava: Dormir. Parecia algo que minha mente não estava muito disposta a fazer, ainda que eu soubesse que precisava muito disso! Ao menos para não morrer...

Mas quando mais eu precisava dormir, depois de ter tido um sonho extenuante... Eis que meu cérebro fazia questão de achar que eu estava louca em pensar numa hipótese dessa e lá vinha novamente a maldita insônia para me lembrar de que eu não era uma pessoa normal e deveria passar a eternidade da noite em claro.

Suspirei e decidi que ia tentar a biblioteca novamente. Aparentemente era minha única opção plausível e nem que eu passasse a noite lá, eu ia achar nem que fosse um título em inglês! Meu Deus! Não é possível que Seth fale tão bem inglês e não tenha um livro em inglês naquela biblioteca que não seja de gramática inglesa! Por favor né?

Com esse pensamento em mente, segui até a biblioteca. A mansão estava silenciosa e não era para menos. A gente tinha sido deslocado para a mansão da ilha para que o lindo casalzinho conseguisse passar um dia juntos na nova mansão deles. Que inveja. Enquanto isso os outros guardas não me deixam nem trocar uns beijinhos com Alfred.

E falando em Alfred... Ali estava ele novamente escrevendo uma carta para a família dele. Suspirei enquanto entrava na biblioteca e o perguntava:

— Para sua família novamente? — E Alfred parou então de escrever enquanto seus olhos voltavam-se na minha direção e ele respondia num fio de voz:

— Sim. — E o assunto terminava por ali mesmo.

Falar com uma pessoa que não tem a mínima noção de puxar assunto é a pior coisa que poderia existir. Eu só conseguia imaginar porque Alfred não conseguia ser uma pessoa normal e manter uma conversa saudável sem parecer que não queria conversar com ninguém, me deixando ali no vácuo.

— Sente muita falta da sua família? — Perguntei tentando puxar assunto.

— Muita. — Disse Alfred voltando a escrever. Suspirei.

— E porque você não visita eles então? — Perguntei contrariada. Ele ficava lá escrevendo cartas e cartas e parecia realmente sentir falta. Mas porque não fazer algo a respeito disso? Eu não sabia dizer. Quanto mais Alfred se desvendava para mim, mais ele parecia um mistério maior.

— Por que eu sou da guarda pessoal de Seth, Fer. Essa hora não trabalho, ainda mais porque ele está de lua de mel, mas eu não posso ter férias. Eu preciso cuidar da segurança dele. — Revirei os olhos.

— Seth sabe de toda essa sua devoção?

— Sabe. E ele não concorda. Mas eu sei que esse é meu trabalho. — Diz Alfred e eu só consigo revirar os olhos. Como dizem, não dá para discutir com algumas pessoas.

— Se você não quer férias, já entendi. — Disse dando de ombros. — Agora eu vou procurar um livro que seja escrito em inglês, porque está difícil. — Disse fazendo Alfred sorrir. Quando passei a me movimentar pela biblioteca, já enfurecida por não conseguir dormir, ouço Alfred falando:

— Na pilha da direita você consegue encontrar os livros em inglês, Fer. Boa leitura. — E antes mesmo que eu consiga dar uma resposta coerente para o auxílio que Alfred me dera, ouço a porta da biblioteca se fechar num baque surdo e eu só consigo ficar presa dentro dos meus próprios pensamentos tentando entender porque Alfred é tão introspectivo e em como eu poderia um dia auxiliá-lo de forma que ele mudasse essas atitudes dele.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora