Entre Dois Mundos

19| Antes que eu vá embora

EU OUVI UM AMÉM? OUVI QUE ESSE CAPÍTULO JÁ TEM ALEGRIA PARA AS LEITORAS QUE ESPERAM POR ISSO HÁ 19 CAPÍTULOS??? SIM, EU OUVI SIM...

E AINDA DOU SPOILER QUE PODE SER QUE TENHA MAIS NO PRÓXIMO CAPÍTULO... HAHAHA

Boa leitura =)

Capítulo 19

— Você está oficialmente de férias, Al. Não adianta reclamar, espernear, querer trabalhar ou qualquer coisa do tipo. Já avisei os outros guardas e Han vai tomar o seu lugar enquanto isso. Nenhum deles vai deixar que você trabalhe nesse período e eu o aconselharia para aproveitar e visitar a sua mãe e suas irmãs. Elas já devem estar morrendo de saudades, amigo. — Diz Seth assim que adentramos a mansão de inverno.

Al ainda olha para Seth como se ele estivesse cometendo o maior erro do universo impedindo que ele continuasse trabalhando, ou como se de repente enormes orelhas alienígenas tivessem surgido na cabeça de Seth, mas acaba meneando a cabeça e concordando. Afinal, não havia o que fazer. O ultimato já havia sido dado. 

Agnes apareceu logo em seguida. Seth a abraçou pela cintura, um gesto delicado e fofo e eu também pude ver Karen que aparentemente estaria com Agnes agora. Talvez isso tudo só indicasse que era a minha deixa... Já tinha dado a hora de eu voltar para o Brasil.

***

A mansão de Inverno parecia um mundo particular e belo. Com técnicas modernas de irrigação que tinham dado ao redor da mansão um aspecto verdejante com jardins belos e árvores aqui e acolá. Havia inclusive uma choupana, mais afastada da mansão, para tomar vinho e observar a beleza daquele jardim maravilhoso.

Havia um aspecto mágico naquela beleza toda. Fiquei ouvindo os pássaros cantando e andei pelo ambiente. Seria a minha despedida daquele ambiente lindo. Antes de eu voltar para a minha rotina, antes de eu voltar para o Brasil e tudo mais.

Lágrimas aqui e acolá escaparam dos meus olhos enquanto eu percebia o quanto de emoções eu havia experimentado em Omã. Não parecia que tinha se passado tão pouco tempo que eu havia chegado, mas eu estava feliz. Novas emoções com as quais eu tentaria lidar melhor quando chegasse no Brasil. Por enquanto, faria o meu melhor em reprimi-las para o mais profundo do meu ser. Não queria admitir nem sequer para mim mesma o que estava claramente estampado em minha face: Eu estava apaixonada por Al.

Apaixonada. Essa é uma palavra segura.

É incrível. Aqui em Omã quase não chove, o sol rachando nossas têmporas e lábios e impedindo que o ar entrasse frio nos meus pulmões. Mas justo hoje que decido que partirei no dia seguinte, pequenas gotículas de chuva caem sob meu cabelo. Olho para o céu. Parece até que Omã está se despedindo de mim. Que ironia.

Olho para trás procurando a mansão de inverno, mas é visível que ela está muito longe e eu ainda quero aproveitar o por do sol antes de encontrar minha amiga, seu sorriso, sua felicidade ao lado de Seth. São muitas coisas para mim no momento. Agora, só quero ficar em paz com meus próprios pensamentos.

Mais gotas. Caem abundantes, molhando todo o meu cabelo e deixando-o uma massa escorrida e pingante. Não ligo. Até que é uma sensação refrescante, ainda que seja seguido de uma sensação de abafamento. Nem mesmo a chuva consegue abarcar todo o calor dessa cidade infernal. Inspiro fundo. Mas tudo bem. Talvez tenhamos algo em comum. 

Ninguém seria capaz de abarcar todo o calor e carinho que necessito e que nunca deixei parecer precisar.

Adentro a choupana somente para ficar menos molhada, mas fico apenas no que parece ser uma varandinha. Não quero adentrar, ainda, o espaço minúsculo, ainda que pareça aconchegante. Continuo olhando para o nada, esperando não sei muito bem o que. Talvez que a sensação de solidão possa sumir, mas acho que isso não é lá muito possível.