15| Missão Dificultada

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Capítulo 15

Não sabia exatamente quanto tempo ficaríamos ali, mas Al pareceu querer quebrar o silêncio falando:

— São um grupo de terroristas radicais que são contra casamentos inter-religiosos. Ouvi falar que Agnes e Seth podem ser as próximas vítimas. — Arregalei os olhos tampando minha boca para não sair nenhum grito ou barulho estranho enquanto tentava pensar melhor naquelas palavras e como isso era muito sério, sério demais e eu não conseguia absorver isso direito.

— Olhe, está saindo. — Disse Al e eu olhei um cara saindo sozinho com um molho de chaves na mão que ele jogava para o alto deliberadamente como se não se importasse em ser pego. A julgar pela arma que ele tinha na outra mão, eu também não me importaria.

O outro homem saiu em seguida acompanhado de mais dois e os três entraram noutro carro indo embora. Logo em seguida, o homem sozinho voltou ao seu carro para partir e nós decidimos esperar mais um minuto antes de sairmos também e o acompanhar.

— Qual é o seu plano então, senhor justiceiro? — Perguntei assim que começamos a pegar estrada novamente em direção a outra cidade mais longe ainda. Al suspirou enquanto falava:

— Precisamos impedir, ao menos por enquanto, isso. Se pudermos entrar na casa... — Concordei e voltei minha atenção para o carro a frente. Não sabia exatamente o que Al estava planejando, mas dei de ombros enquanto mudava de assunto:

— Depois então dessa minha semana abençoada de perigos, eu acho que vou voltar para o Brasil. — Al concordou balançando a cabeça num gesto afirmativo e de alguma forma eu senti isso arder e doer na minha alma. Quer dizer, estava esperando que ele ficasse sentido com isso. Qualé, a gente tinha se beijado. Ele pareceu muito preocupado com a música que eu estava cantando...

O que há com você, Fer? Está realmente preocupada se ele vai sentir sua falta? você não é esse tipo de mulher! E outra, você vai arranjar outros homens tão gostosos quanto Al, você sabe que sim!

Me perco nos pensamentos até o momento que adentramos outra cidade e continuamos seguindo calmamente. O homem para o carro de frente a uma casa completamente fechada, mas que na porta é possível ler: Boate.

— A rá! — Começo a rir para o susto de Al. — Sabia que não havia boates só no Brasil! O povinho árabe sabe também aproveitar uma boa música e bebida, hã? — Digo cutucando Al com o braço o que o faz revirar os olhos.

— Alguns não seguem tão bem a religião deles, como em qualquer lugar, Fer. — E eu dou de ombros.

Não consigo deixar de lembrar do sonho que tivera agora pouco, em como papai parecia ver o melhor de mim, me chamando de heroína e eu tinha muito orgulho de ser assim para ele. Eu precisava ajudar Al, afinal, como papai mesmo costumava dizer, heroínas faziam isso. E rapidamente com esse pensamento em mente, uma ideia passou a se desenvolver no meu cérebro.

— Tenho uma ideia para pegar a chave! — Digo, o que faz Al pular no banco perguntando-me ávido:

— Tem? Que ideia? — Sorrio e bato as mãos em palmas puxando o espelho na minha direção a fim de começar a minha transformação.

Eu estava usando uma blusa de botões. Desabotoou alguns botões fazendo meu sutiã aparecer e amarro num nó o resto da blusa para aparecer minha barriga. Olho para minhas calças sem muita ideia do que fazer e então começo a abrir as gavetas e procurar no canto do carro alguma coisa que pudesse me ajudar. Fiz tudo isso sem olhar um segundo sequer para Al para que eu não me perdesse na minha missão.

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