21| Um Novo Mundo

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Estou só imaginando as formas criativas que vou ser morta... rsrs
Até os avisos!
Boa leitura ;)

Capítulo 20

Acordo no meio da noite, porque Al parece estar num pesadelo. Tateio seu rosto procurando algum sinal de algo que nem eu mesma sei, mas ele não acorda. Chamo-o umas cinco, seis vezes, antes que seus olhos se abram e ele esteja me olhando de forma indecifrável.

— você está bem? — Pergunto e percebo que estou quase sem voz. Provavelmente em virtude dos gritos pelo nome dele. Al demora algum tempo para me responder, parece reflexivo antes que balance a cabeça concordando.

— Dizem que é bom contar os sonhos... Se não eles acontecem. — Digo e Al concorda com a cabeça, ainda que não pareça que vai me contar coisa alguma. Vou para o seu lado, no chão. Não posso pedir para que ele me conte seus sonhos, mas também não sei se é adequado continuar ao lado dele. Alguma coisa em mim parece quebrada ao pensar que tudo o que me prendia em Omã era a esperança de ver Al e porque precisava fazer sexo com ele e não porque eu realmente estava me apegando ao emburrado sério.

Olho ao redor tentando achar onde diabos coloquei minhas roupas, mas sou impedida de me levantar quando Al toca o meu pulso e eu volto minha atenção para ele.

— Não é exatamente um pesadelo. Já aconteceu. As vezes eu sonho com uma cena passada... — Al parece divagar na lembrança, ou talvez esteja tentando arrumar voz para contar. — Quando defendi minha mãe e minhas irmãs do meu pai. Eu ainda tinha uns oito anos. Apanhei por todas elas, mas, pelo menos, o meu pai saiu de casa sem bater em nenhuma delas. Ainda tenho algumas cicatrizes nas costas por conta disso, mas agora uma gatinha me arranhou e vai ser difícil de ver. — Arqueio a boca embasbacada. É mesmo Al? Brincando? Me chamando de gatinha? Não consigo deixar de tocar o rosto dele com as costas da mão para ter certeza de que ele não está com febre.

Ele está quente, mas não tanto quanto seria uma febre.

— Al, você foi muito corajoso... — Consigo dizer. Não sei o que falar e Al dá de ombros como se o assunto já não doesse mais nele e já tivesse passado.

— Faz tempo que não tenho esses sonhos. Mas desde que te conheci venho tendo. — Opa, aquilo era sinal de que eu estava fazendo muito mal para Al. Estava certa, era melhor eu me levantar e cair fora. Ameacei me levantar novamente, mas Al me puxou gentilmente para baixo enquanto falava:

— Eu sonho que ele vem bater em você, Fer, e que dessa vez eu não defenderei somente minha mãe e minhas irmãs, mas alguém que me dei conta do quanto amo. — Al parece ficar tímido, embora não ruborize. No entanto, sou pega mesmo é pelas palavras dele, pelo significado delas e por não saber como lidar com aquela declaração.

— Mas não quero te condenar a ficar com uma pessoa como eu. Não sei falar direito sobre meus sentimentos e tenho uma vida e um passado atemorizante demais para você Fer. Mas percebi que é inegável o quanto esse coração já não é lá mais meu. Se é que um dia foi. — Oi? Isso porque ele não sabia falar direito de sentimentos! Então eu não sou loira. Só pode.

— Al... — Meus sentimentos confusos parecem agitados dentro de mim. Tenho medo de contar como me sinto, tenho medo de dizer que compartilho do mesmo sentimento e depois me ver ferida, com o coração em frangalhos, mas percebo que já estou assim. Voltar para o Brasil não estava se tornando um martírio e uma ferida gigante demais na qual eu não queria pensar? E, afinal, o que era amar se não entregar seu coração para alguém que pode muito bem feri-lo?

Lembrei de Agnes e Seth. Houve muitos altos e baixos antes deles ficarem juntos. E por muito tempo nem um nem o outro queria admitir a existência daqueles sentimentos. Eles fingiam ignorar, quando as proporções só aumentavam, até o momento que não houve mais como... Seth foi o primeiro a perceber que já estava ferido e ficaria ainda mais se não compartilhasse seu sentimento com Agnes logo.

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