25| O passado assombra o presente.

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A linda Latifah é como eu imagino a mãe do Al... <3

Mas sempre fica a critério da imaginação de vocês....


Capítulo 25

Sair com Al fez eu recuperar a minha paciência novamente e me manter focada em ser uma pessoa melhor. Eu realmente queria que ao menos Ondina gostasse de mim, ou ao menos que me tolerasse. Porque a necessidade disso? Não sabia dizer. Mas a verdade é que queria.

Passeamos juntos e fiquei feliz em conseguir tirar algumas fotos nossas. Al sorria mais abertamente como se a Angola conseguisse mudar o humor dele. Talvez conseguisse mesmo. O Brasil me fazia o mesmo efeito.

Quando voltamos à tardezinha, encontramos a mãe de Al sentava na soleira da porta. Parecia viajar para outro mundo, os olhos perdidos no horizonte, um pequeno sorriso brotando nos lábios. Permiti que pudesse a olhar com mais atenção enquanto isso.

Ondina era uma bela mulher, independente da idade que tinha, que não importava. Ela exalava beleza como uma mulher de trinta anos, ainda que eu julgasse que essa com certeza não fosse a idade dela. Os cabelos estavam puxados num coque no alto da cabeça e ela usava uma linda faixa laranja com preto como tiara para que os fios não escorregassem para fora. Os olhos perdidos eram identicos ao de Al e seus lábios cheios e levemente avermelhados estavam entreabertos, tal como Al ficava quando me fitava as vezes. Ela usava um vestido que ia até a altura do tornozelo. Ainda que os braços fossem fortes e grandes, ela tinha tanta beleza que eu só conseguia pedir para os céus me conservarem como Ondina quando eu chegasse na idade dela.

Talvez porque eu a encarasse muito também, Ondina pareceu acordar do devaneio e percebeu que eu e Al havíamos chegado. Levantou-se num pulo e veio abraçar Al, sorridente e exclamante:

— Estava mesmo esperando você, Al. Você não vai acreditar quem está aqui. — Al arqueou a sobrancelha aceitando o abraço da mãe, mas não fez nenhuma pergunta. Na verdade, nem precisou. Ondina já foi logo falando: — Fatinha! — Exasperou. Como sempre, eu fiquei com um ponto de interrogação na minha cabeça. Igual quando eles falavam entre eles o dialeto deles. Mas me assustei quando Al fechou os punhos e silabou:

— Quem chamou ela aqui? — Olhei para Al tentando entender o que diabos tinha de problema com a tal da Fatinha, mas Ondina cortou meus devaneios já me esclarecendo:

— Só porque Fatinha não é mais sua namorada, não quer dizer que ela deixou de ser amiga da tua irmã. — Arregalei os olhos. Não podia ser mais clara. O cúmulo.

Por instinto, cerrei meus punhos. Podiam chamar aquilo de ciúme, mas na verdade era raiva. Raiva porque eu não tinha feito nada para tentarem me diminuir sempre, tentarem me atingir de todas as formas possíveis. Mas infelizmente elas não achavam a mesma coisa do que eu. Eu era uma inimiga como ficara claro.

Porque trazer uma ex namorada? Porque agir assim? Que éramos de mundos diferentes, eu já sabia! Estávamos entre dois mundos, mas isso não deveria ser um problema. No entanto, aparentemente isso era muito sério para aquelas mulheres, porque a dita Fatinha não demorou para sair de casa acompanhada de Bianca.

Fatinha tinha a pele de uma cor similar a bombom e os cabelos eram cacheados e brilhantes até a cintura, muito diferente dos meus cabelos até o ombro. A cintura dela parecia ter sido esculpida por um violinista, com curvas nos lugares certos e muita bunda. Oh, quanta bunda. Bem que a tal Fatinha podia dividir um pouco com as amigas, porque algumas, como eu, tinham sido desprovidas de boa parte disso. Talvez o violinista responsável por mim não fosse tão habilidoso assim.

Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora