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— Bom dia!! — eu fui acordada com gritos de felicidade da Lauren. Cocei meus olhos e fui me acostumando com a claridade aos poucos, e acabei me assustando ao ver meu quarto cheio de balões. Por que balões?

— É... bom dia — eu falei sem ânimo e esperei uma resposta, mas só escutei um click e aí percebi que ela tinha tirado uma foto minha, inacreditável — Qual o motivo disso tudo? E por favor, apaga essa foto, estou péssima.

— Não, essa foto simboliza o começo da sua nova vida... Você finalmente vai receber alta! — sua animação era surpreendente — finalmente você vai ver as meninas, nossa eu mal posso esperar pra isso!

Ela bateu palminhas e antes de vir ao meu lado, pegou uma bandeja cheia de frutas e colocou no meu colo para eu comer.

— Por que não está feliz? — ela perguntou, provavelmente porque eu não tinha esboçado nenhuma emoção ainda.

— Mas eu estou! — isso realmente era verdade.

— Não é o que parece. Você não quer ver as meninas?

— É que eu só estou com medo de decepcionar todo mundo por não lembrar de nada. — confessei — Mas estou feliz, de verdade. Especialmente porque eu finalmente posso saber quem é o dono da voz que conversava comigo todo dia!

— Voz que conversava com você todo dia? — ela estranhou — do que está falando exatamente?

— Pode ser algo da minha cabeça ou uma falsa memória, mas eu juro que todos os dias eu escutava alguém falando comigo... — desabafei, e ela agiu da maneira mais esquisita possível.

— Você está louca, todos os dias vinham pessoas diferentes te visitar fora os médicos e enfermeiros. Apenas isso. Ninguém mais.

— Tem certeza? Olha eu não sei identificar nem dizer exatamente o que escutava, mas essa pessoa até cantava. Eu não acho que todas essas pessoas cantavam pra mim.

— Camila, eu sei do que estou falando e não tinha ninguém além do seu irmão que ficava aqui com você... E convenhamos, Luke não sabe nem cantar.

— Mas... era uma voz específica, como se estivesse comigo todos os dias, eu juro!

— Camila! — ela exclamou impaciente e eu não entendi o motivo de tanta revolta — Não tinha nenhuma voz que cantava com você, para de falar nesse assunto e insistir nisso!

E depois dela praticamente me dar um fora, eu só continuei calada com meus próprios pensamentos enquanto comia meu café da manhã.

• • •

Depois dos exames e da sessão de fisioterapia, eu já estava pronta para ir embora. Minhas coisas estavam arrumadas e minha mãe e meu pai foram me levar para casa.

Eu tentava decorar o caminho do hospital até a casa, observava as coisas porque eu nem sei quando foi a última vez que eu vivi uma vida fora do hospital.

Quando chegamos, peguei a pequena mala com minhas coisas e pediram para que eu fosse na frente, e foi o que fiz. Abri a porta e dei de cara com meu irmão e as outras meninas, no que aparentava ser uma pequena festa de recepção. Ambos abriram um sorriso enorme e saíram correndo para falar comigo.

Eu dei um abraço em cada uma delas, e mesmo que não lembrasse muito bem seus nomes, fiz questão de dizer que as amava e agradeci por terem feito isso tudo por mim.

Eu pedi para que me levassem para o meu quarto para que pudesse guardar minhas coisas, e todas assentiram. Quando cheguei lá, tinha apenas uma cama e mais nenhum móvel.

— Onde estão as minhas coisas? — perguntei — Eu não estava mais morando aqui?

— Você estava se preparando para ir pra Nova York. — Normani respondeu. E antes mesmo que eu pudesse perguntar, Ally já se explicou.

— Era pra ser surpresa, mas tanto faz... Bom, antes de tudo, você tinha sido aceita numa universidade de Teatro em Nova York, e você estava se preparando para se mudar esse ano.

Eu nem sabia que existia a possibilidade de eu ser atriz, mas aparentemente é o que eu gostava.

— Então, eu vou para Nova York? — perguntei.

— Você entendeu rápido... — Ally falou — Entramos em contato com eles e explicamos tudo. Em menos de dois meses você já deve estar lá, mas deve chegar um pouco antes para fazer um teste e ter certeza de que você realmente está apta para permanecer lá.

Eu não esperava por isso, quer dizer, eu mal vou me adaptar aqui e já vou pra Nova York? Talvez não seja tão ruim assim, talvez eu possa recomeçar tudo lá, fazendo o que eu acho que gostava, ou gosto.

— Não tenho certeza se quero ir. — isso provavelmente foi o que elas não esperavam escutar, eu digo isso pelas expressões faciais que fizeram.

— Como não? Você falava disso o tempo inteiro — Dinah disse. — você tem que ir.

— É, mas ela não lembra disso, DJ. — Normani rebateu — você não pode forçá-la, se ela simplesmente não quiser, ela não vai.

— Não é que eu não queira. É só que eu estou insegura.

— Camila, — Dinah se aproximou e pegou nas minhas mãos — você não deve desistir por causa disso, era seu sonho, pode ser que ainda seja. Só não desista tão rápido, pode tentar se adaptar e ver se dá certo.

Respirei fundo, eu não queria pensar nisso agora.

— Obrigada por dizer isso Dinah, vou lembrar disso quando for fazer minha decisão.

Ela sorriu e nós continuamos conversando enquanto eu arrumava as minhas coisas.

Aparentemente todos ali fizeram um tipo de surpresa para mim, porque meu irmão e meus pais subiram com uma torta enorme dizendo que era todinha pra mim, como uma espécie de boas vindas.

— Eu sei que eu já falei isso, mas muito obrigada por todo o carinho e paciência que vocês estão tendo comigo. Eu nem imagino pelo o que vocês passaram durante todo esse tempo, e eu queria dizer que realmente amo vocês — eu falei depois deles colocarem o bolo em minhas mãos.

— Você é muito fofa Mila, mas vamos à parte que interessa, eu realmente quero experimentar esse bolo! —Dinah disse fazendo todos ali rirem.

— Pode deixar que eu pego os talheres! — Luke se apressou e desceu as escadas ir pegar o que precisava.

Estávamos esperando ele voltar quando escutamos a campainha tocar.

— Deixem que eu atendo — falei já me levantando — Quem mais vocês convidaram? — eu perguntei.

— Ninguém, querida — minha mãe disse sem compreender também.

Pai, vem aqui! — Luke gritou, e tudo o que meu pai fez foi atender ao seu pedido.

Ele pediu para que eu continuasse ali e eu obedeci. Mesmo sem entender direito o que estava acontecendo, apenas deixamos de lado e começamos um assunto aleatório.

Mas foi quando escutamos tons de voz bem altos que começamos a ficar preocupadas, eles estavam brigando?

— Agora eu realmente vou ver o que está acontecendo. — eu falei, já saindo da cama.

— Deixa que eu vou, não deve ser nada demais — Lauren foi mais rápida e já estava saindo do quarto — Além de que não é legal que você passe por uma situação de estresse logo agora que está se recuperando.

Lauren e minha mãe se entreolharam como se falassem algo que só elas poderiam entender.

Pouco mais de cinco minutos depois, Luke, meu pai e Lauren subiram como se nada tivesse acontecido e quando eu perguntei, disseram que foi apenas o vizinho problemático querendo arrumar briga como sempre.

Nós continuamos conversando e comemos nossas comidas, não fiz mais nenhuma pergunta, mas não pude deixar de notar que tinha algo muito errado acontecendo aqui.

stalker ❀ sm+ccOnde histórias criam vida. Descubra agora