CAPÍTULO 16

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Cuidar de um Nash com ombro deslocado foi um pouco mais difícil que eu esperava, ele virou uma criança completa. Tinha que ficar supervisionando pra ver se ele não ia fugir pra jogar basquete na quadra que tinha perto de casa.

- Eu não aguento mais ficar dentro de casa assistindo TV - reclamou pela milésima vez - e por que você não tá indo pra escola, eu consigo me cuidar sozinho. Vai perder as lições importantes.

- A Violet está me mandando todas as lições, então não se preocupa nessa parte. E eu tenho que ficar de olho em ti - eu respondi e ele fez cara feia - você quer sair de casa ?

- Achei que tinha entendido nas primeiras 100 vezes que eu falei - atacou e eu revirei os olhos.

- Vamos sair então, tomar um sorvete - falei enquanto ia pro meu quarto colocar um tênis.

- OBRIGADA - ele gritou e passou pro quarto dele.

|*|

- Oh babá, você vai ter que me ajudar - foi a primeira coisa que ele falou assim que nos sentamos na mesa da sorveteria.

Ele tentava pegar o sorvete com a colher, porém por não estar segurando o recipiente em que ele vinha com a outra mão, ficava escorregando e indo pra longe dele e da colher. Eu apenas dei risada do mesmo e o ajudei.

- Quero saber quando vou poder tirar essa tala idiota, não tá doendo mais - ele reclamou fazendo cara feia.

- Para de ser mentiroso que eu ouvi você reclamando ainda ontem - ele revirou os olhos - a culpa ainda me atormenta, você tá assim por minha causa.

Ele pareceu relaxar um pouco e deixar  a infantilidade de estar preso a uma tala de lado.

- April, foi minha decisão ir lá e te ajudar. Você não me ameaçou com uma arma na cabeça e me obrigou a fazer isso. Eu fiz por que eu quis, livre espontânea vontade. Apenas estou lidando com as consequências dessa minha escolha, como lidei com várias outras. Não tem que ficar se culpando por causa disso, eu não morri. Apenas tô com o ombro ruim - ele me encarava enquanto falava e eu me senti mais leve com isso - toma um pouco do meu pra você se sentir melhor - ele pegou a colher cheia de sorvete e me ofereceu. Eu tentei pegar da mão dele a colher porém ele a puxou de volta - abre a boca e fecha os olhos.

- Que isso menino ? Vou fazer isso não, sai fora - eu me endireitei na mesa.

- Eu não vou tentar nada contigo, você tá doida ? Olha a minha cara de quem se interessa por você - eu o encarei feio - anda logo.

Relutante eu fiz o que o menino pediu e não demorou muito tempo pra sentir a sensação gelada do sorvete. Mas não na minha boca, e sim no meu nariz. Abri meus olhos quando o som da risada do Nash atingiu meus ouvidos. Ele não parava de rir e eu dei um tapa no mesmo, tentando me limpar com o guardanapo antes que caísse tudo na minha roupa.

- Você é um idiota sabia ? - me virei pro Nash que já tinha controlado o ataque de riso.

- Sabia - ele piscou pra mim.

- Pra quem tá com o ombro fudido, você tá muito engraçadinho.

Ele me mostrou a língua e continuamos a tomar o sorvete entre umas alfinetadas e outras.

- Vai cagar Nash Grier - falei enquanto saíamos do estabelecimento.

Como era raro eu passar por aquela parte da cidade, observava com atenção cada coisinha que tinha ao redor e era bem bonita.

Meus olhos brilharam e eu saí correndo em direção ao que eu tinha visto.

- APRIL, NA ONDE VOCÊ TA INDO ? - ouvi Nash gritar a medida que eu ia me distanciando dele. Ouvi ele correndo na direção que eu tinha parado e dar risada quando ficou de frente comigo novamente - você é uma criança no corpo de uma adolescente. Ficou tão animada por causa do balanço ?

- Claro - falei feliz enquanto ia para frente e para trás devagar usando meus pés pra dar impulso - desde criança eu amo um balanço, sempre sonhei que eu ia conseguir dar uma volta completa se me empurrassem forte o bastante.

Ele de uma risada e eu apenas sorri me balançando ainda mais.

- Se você quiser eu te faço dar a volta completa - ele falou de repente enquanto puxava o balanço apenas com um dos braços o quanto ele conseguia.

- NASH - gritei assim que ele deu um forte empurrão e o balanço disparou em alta velocidade.

Ele saiu correndo de trás para não ser atingido e em vez de gritar comecei a rir descontroladamente.

Ele ficou na minha frente, longe o bastante para não ser atingido e dava um sorriso que parecia ser sincero. Quando menos esperava ele já estavam me gravando rindo que nem uma louca até a hora que o balanço parou.

- Se divertiu ? - perguntou assim que eu me levantei, arrumando meu cabelo que tinha ficado todo bagunçado por conta do vento.

Eu concordei com a cabeça várias vezes e ele deu risada.

Andamos por mais algum tempo por aquela parte da cidade, aproveitando que o clima estava bom.

Na hora de voltar pra casa Nash ligou o radio e conectou no celular dele colocando a playlist do mesmo pra tocar.

- Até que você tem com gosto - falei e ele apenas me mandou um olhar de “ é claro “.

Quando chegamos em casa percebi que ele continuou com o humor de quando estávamos na rua e não pro humor de um velho carrancudo.

- Foi muito divertido hoje - ele falou enquanto se jogava no sofá - obrigada por me levar pra lá. Fazia tempo que eu não fazia essas coisas.

- Para de ser mentiroso, você sempre tá saindo por aí com as meninas ou então indo em festas com o Cam e o Taylor.

- Já tão na intimidade de chamar de apelido ? - ele me mandou um olhar curioso - mas enfim, com eles e as meninas eu vou mais em festas, cinema, balada ou restaurantes. A última vez que fui em uma sorveteria e um parque foi com meus pais, antes de eles irem para a Líbia.

- E quando foi isso ? - perguntei curiosa.

- Quando eu tinha 9 anos - ele me encarou por um tempo e depois desviou - mas eu nem ligo.

Eu não falei mais nada pois ele poderia se sentir desconfortável com outras perguntas.

- Sempre que quiser podemos dar esse passeio - eu lhe mandei um sorriso sincero e ele deu outro de volta.

- Obrigada April, por estar cuidando de mim mesmo quando eu pareço uma criança de 5 anos - e saiu pro quarto dele.

Eu o segui com os olhos me perguntando o tanto que Nash sente falta dos pais dele e desses momentos com eles que faz anos que eles não tem.

The Boy Who Lives With Me | Nash Grier |Onde histórias criam vida. Descubra agora