CAPÍTULO 14

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Olhei ao redor me perguntando como uma pessoa não fez uma varredura pra ver se um estudante muito estudioso caiu no sono no meio dos corredores.

As única fonte de iluminação era a da rua que estava atravessando as janelas da biblioteca.

Meu celular começou a tocar novamente e o nome “VIOLET” aparecia na tela.

- Graças a Deus April, eu tava morrendo de preocupação - foi a primeira coisa que ela falou assim que eu atendi - onde diabos você se meteu e por que não atendeu e nem respondeu minhas mensagens - a voz dela ficou séria.

- Eu tô trancada na biblioteca da escola - eu falei enquanto olhava ao redor - dei um cochilo e me trancaram aqui. Tem como você vir me salvar ?

- Vou pedir um uber ou sei lá e vou direto aí - a ouvi sussurrar do outro lado da linha - sério, como você consegue fazer essas coisas ? - ela não me deu tempo nem de falar mais nada e desligou.

Fiquei encarando a sala pouco iluminada por um tempo, liguei a lanterna e comecei a sair andando pelo cômodo, tomando um susto toda vez com um barulho do lado externo.

Não conseguia ficar sozinha nem em casa quando meu pais saiam, imagina ficar nessa escola enorme, clássica de cena de filme de terror.

Com esses pensamentos rondando minha cabeça, me sentei no corredor novamente e fiquei quietinha, esperava que os espíritos não me achassem ali.

Peguei um livro qualquer e comecei a ler pra tentar me distrair, peguei um de romance bem clichê o que me relaxou bastante. Minha imaginação é muito boa, então as cenas do livro eram vívidas em minha mente, como se eu mesma estivesse vivendo aquela situação da personagem. Mas duvido que alguma já tenha dado a sorte de ser trancada dentro da escola.

O tempo parecia não passar de jeito nenhum, eu me levantava e logo sentava novamente. O relógio do meu celular marcava as 23:15 e eu comecei a ficar impaciente e ansiosa. E se Violet não conseguisse vir me buscar ? Eu teria que ficar a noite toda ? Ou ligar pra Polícia me salvar ? Mas isso seria vergonhoso e a escola toda falaria sobre isso depois, Grace com certeza ficaria usando isso como arma para me encher o saco.

Quando pensei que teria que acampar ali meu celular vibrou com uma mensagem que eu agradeci por ser de Violet.

“ Vai pra janela “ era a única coisa escrita na mensagem,mas segui a ordem mesmo assim. Quando me aproximei não vi somente a figura de Violet mas também de Nash, Cameron e Taylor.

- Abre a janela - boa parte do som tinha sido abafada mas mesmo assim obedeci - April, você um dia ainda me mata de preocupação, sabia ?

- Que tal falarmos disso outra hora - eu falei impaciente - agora, como eu vou sair daqui ?

Eles se entreolharam como se pensassem em uma maneira e então pareceram concordar com o que tinham em mente.

- Você vai ter que pular - Nash falou e eu quase cai pra trás.

- Você tá louco ? - eu gritei - são quase 4 metros de altura, eu vou quebrar um osso se pular.

- Acho que é sua única opção - Taylor falou e olhou ao redor - Nash fica embaixo e te ajuda a amortecer a queda, o que acha ?

- Eu não quebrando nenhuma parte do meu corpo, por mim tudo bem - eu falei, porém ainda com medo - e se ele não se machucar também.

- Só pula April - Nash falou - eu aguento.

- Joga sua mochila primeiro - Violet falou e eu me apressei em pegar minhas coisas e jogar pra mesma que pegou com facilidade - bom, agora só falta você.

Nash começou a se posicionar na onde era estimado em que eu ia cair e ficou esperando, olhando pra cima com os braços juntamente pra cima.

- Vai April, eu te seguro. Prometo pra ti - eu o encarei. Mesmo com pouca luz que tinha e com altura, aquele olhar me reconfortou.

Eu me ajeitei no parapeito da janela, respirando fundo quando vi a altura. Repassei tudo que poderia acontecer comigo ou com Nash na minha mente, e várias das coisas me deram a ideia de desistir. Mas meus amigos tinham saído da casa deles pra vir me socorrer, não poderia dar uma dessas com eles, mesmo sendo perigoso.

Respirei fundo mais uma vez e falei um “ lá vou eu “ e simplesmente me joguei da janela na altura de quase 4 metros. Mantive os olhos abertos ao máximo pra ver a cara de todos que estavam lá embaixo e ver o solo se aproximando. Fechei eles na última hora.

O vento era frio consequência da noite gelada que estava. Não vi mais nada, apenas esperei.

Me senti bater no corpo de Nash e de cair no chão duro do gramado da escola. Realmente, tinha amortecido a queda em muitos %. Mas eu ainda não queria abrir os olhos, tinha medo de ter alguma lesão.

- Já pode abrir os olhos - a voz de Nash entrou nos meus ouvidos e eu obedeci, meio relutante ainda.

A primeira coisa que eu vi foram os olhos azuis dele, tão perto que poderia contornar as linhas que tinham neles.

Estávamos tão perto que sentia a respiração quente do mesmo bater no meu rosto. Ele estava com os braços ao redor do meu corpo.

- Você se machucou ? - perguntei ainda em estado de choque do que acabara de acontecer.

- Não - respondeu - mas acho que vou amanhecer com uma dor no corpo amanhã - brincou e eu dei risada.

- Meu Deus, vocês estão bem ? - Cameron se aproximou e me ajudou a levantar.

- Bom, eu estou viva e isso que importa - falei brincando - espero que nunca mais tenha que fazer isso.

- Eu também espero - Violet parecia ter soltado apenas agora o ar que estava segurando quando pulei - vamos embora ? Essa escola de noite me dá calafrios.

- Meu Deus, que frio é esse ? - eu perguntei, cruzando os braços. A adrenalina deve ter baixado e só agora meu corpo estava voltando ao normal - meu Deus, eu esqueci que tava de shorts e esqueci a blusa no armário, ótimo - falei. Porém não deu muito mais tempo para reclamar pois senti um tecido sendo colocado em meus ombros e olhei pra trás assustada, dando de cara com Nash - não precisa, já já vamos estar em casa - eu tentei fugir mas ele colocou assim mesmo.

- Para de ser teimosa e aceita logo, depois fica doente e não sabe porquê - falou irritado e começou a se dirigir ao carro que estava há alguns metros, estacionado.

Taylor e Cameron me olharam maliciosos, devem ter se lembrado do assunto de alguns dias atrás. Falei um “ vão se fuder “ mudo e pareceu que eles entenderam.

Durante o percurso de volta fiquei quieta, ainda pensando se eu tinha mesmo pulado de uma janela numa altura que eu podia quebrar várias partes do corpo.

- Como soube que eu estava lá ? - perguntei e ele deu uma olhada ligeira e voltou a atenção no caminho.

- Percebi que você não tinha voltado ainda e não estava atendendo minhas ligações. Sua amiga também não sabia aonde você estava. Violet me ligou pedindo carona até a escola pois você tinha atendido e falado que estava trancada e eu vim. Sabia que ela não poderia te salvar sozinha - ele falou de uma forma simples - Taylor e Cameron vieram caso fosse mais complicado.

- Obrigada Nash - dei um sorriso pro mesmo.

- Só tenta ter cuidado daqui pra frente, posso não estar disponível pra te ajudar.

- Parece até que você se preocupa - eu brinquei voltando minha atenção pra janela, observando o horizonte.

- Eu me preocupo - fui pega de surpresa com essa frase.

O carro virou um silêncio pois eu não sabia como responder, então decidi não fazer.

A única coisa que rondava na minha cabeça, além da cena do solo se aproximando, era “ o que tá acontecendo com a minha vida ?”

The Boy Who Lives With Me | Nash Grier |Onde histórias criam vida. Descubra agora