CAPÍTULO 1

266 18 10
                                    

- Mãe, a senhora só pode estar brincando, me fala que sim - falei, incrédula com o que havia acabado de ouvir.

- Desculpa April, mas vai ser assim - minha mãe, uma versão mais velha de mim deu um sorriso, como se desculpasse com o que estava acontecendo.

- Não sabemos quando iremos voltar, então essa é uma garantia de que você irá ficar bem - meu pai, um homem que já mostrava indícios de cabelos grisalhos entre os fios negros se levantou e começou a andar ao redor do escritório.

- A garantia de que eu vou ficar bem é ser babá de menino babaca ? Então eu prefiro ficar mal, melhor ainda, me transfiram pra outro lugar do mundo que eu acho que vou ficar melhor do que com ele - podia parecer que eu estava bancando a menina mimada, mas eu realmente não estava suportando a ideia que eles estavam sugerindo.

Meus pais são cirurgiões, de vez em quando eles viajavam por algumas semanas pra fazer trabalho voluntário em países mais pobres. Mas agora, pelo que parece, com a situação que está na fronteira da Síria, estão recrutando o máximo de cirurgiões e médicos em geral para ajudar o número de feridos que a cada dia que passava aumentava mais.

O menino babaca comentado anteriormente é Nash Grier, nossos pais são amigos por conta do trabalho, os pais deles eram militares.

A ideia seria até que boa se ele fosse uma pessoa melhor, ele é o típico aluno popular da escola que, na maioria das vezes, pensa apenas no seu próprio umbigo. E eu já havia testemunhado isso várias vezes, então tenho direito de não suportar ele. Porém, o resto das meninas o idolatram e também os amigos dele como se fossem Deus na Terra, e eu só observo de longe o quão longe vai a idiotice humana.

E neste exato momento eu estava descobrindo que eu teria que me mudar e ir dividir apartamento com este menino, com tantas outras opções que haviam, eles só pensaram nessa.

- Os Grier não estavam confiantes em deixar o Nash sozinho em casa, quando eles voltassem, só teria o lugar da casa porque a estrutura não haveria mais - meu pai riu dó que minha mãe disse, mas eu ainda estava com a cara de brava - e pelo menos com você, uma menina de cabeça centrada, ele não vai fazer tantas loucuras, porque sei que você não vai permitir - ele se aproximou de mim e apertou minhas bochechas, que depois de um tempo começaram a ficar doloridas.

- Eu podia ficar na casa da Violet, vocês sabem como os pais dela são confiáveis - tentei dar o meu melhor sorriso pra tentar mudar a cabeça deles, mas sei que foi em vão.

Antes mesmo que eu pudesse tentar digerir melhor essa ideia maluca e idiota dessas 4 pessoas, minhas malas já estavam prontas, meu quarto quase vazio, e eu estava dentro do carro indo em direção a minha nova "casa".

A casa na verdade era um apartamento bem espaçoso, com 3 quartos, uma sala até que grande, e uma cozinha de tamanho médio, 3 banheiros e uma varanda bem confortável.

Logo quando entramos demos de cara com os Grier dando uma última arrumada no apartamento, que ficou bastante neutro, pelo menos nas partes ''sociais'' para uma menina e um menino.

Eu os cumprimentei e depois eles e meus pai ficaram conversando um pouco, enquanto isso eu observava todo o ambiente. Parecia que o menino já tinha começado a se estabelecer no ambiente porque na sala eu já via um videogame com vários jogos organizados em uma prateleira.

- Você quer ir ver seu quarto ? - a mãe do Nash colocou a mão no meu ombro, me fazendo sair dos meus pensamentos. Eu fiz que sim com a cabeça e ela começou a me guiar pelo corredor e abriu a porta revelando o quarto em cores claras.

Teve um tipo de projeto para fazerem nossos quartos da nossa vontade pra não ficarmos bravos ou insatisfeitos já que teríamos que ficar naquele apartamento só deus sabe quando.

- Ficou melhor do que eu imaginava - falei, deixando a mala do lado da cama e olhando ao redor algumas coisas que estavam no meu quarto antigo - vocês até colocaram o quadro da família - eu peguei o objeto, passando a mão na foto, vendo eu e meus pais na foto.

Tinha uma escrivaninha em um canto, vários quadros espalhados pela parede em cima da cabeceira da cama, e eu torcia pra que nenhum caísse enquanto eu estivesse dormindo e me matasse.

- Venham pra sala, vocês dois - ouvi o Grier mais velho chamar e a esposa deu risada do meu lado, me puxando pra ir pra onde estávamos sendo convocados. Quando estava no meio do corredor uma porta foi aberta, a que eu suponho que era o quarto dele.

Nós paramos lado a lado, ele me olhou como se me analisasse de cima a baixo e eu fiz o mesmo, na cara de pau. Ele era o estereótipo de menino que todas as garotas caiam e babavam. Cabelos escuros, olhos claros e com um físico bonito. Isso o tornava a realeza da escola, ainda mais que os pais eram militares e o povo adora falar '' obrigado pelo seu serviço''.

- Vamos sair pra almoçar, alguma sugestão ? - Chad perguntou direcionando o olhar pra nós.Nash deu de ombros como se não se importasse e eu revirei os olhos.

- Poderíamos ir pra hamburgueria nova que abriu no centro - sugeri. Todos estavam falando muito bem da tal hamburgueria.

- Então acho que vamos pra hamburgueria - meu pai pareceu uma criança e saiu, conversando com o Grier mais velho, enquanto eu me juntei as mulheres mais velhas e o Nash ficou para trás, mas não por muito tempo, logo estava conversando sobre jogo de futebol com meu pai e o pai dele.

|*|

- Bom, nós temos que ir pro aeroporto - minha mãe falou, enquanto empurrava a mala - nos vemos quando pudermos, vou tentar ligar o máximo que eu puder, tudo bem pra você ? - nesse momento eu já estava chorando como uma criança de 6 anos quando é deixada pela primeira vez no pré da escola, despreparado.

Eu grudei no braço dos dois e descemos pra portaria do prédio e deixamos os Grier se despedirem em paz. O táxi dos 4 já estava na frente quando descemos e o motorista ajudou meus pais a colocarem as malas no porta-malas.

- Se cuida April, não esquece de comer sempre direito, continue com suas notas ótimas na escola - minha mãe fazia carinho com a face dos dedões no meu rosto, enxugando minhas lágrimas - e tenta se dar bem com o Nash, tá bom ? - eu fiz que sim com a cabeça, mas não podia prometer muita coisa, obviamente eu tentaria o meu máximo pra não jogar ele da janela do nosso apartamento.

Logo Elizabeth e Chad desceram também junto com Nash que parecia ter chorado um pouco com o que quer que eles tivessem falado lá em cima, os mais velhos vieram se despedir de mim.

- Não esquece do que eu falei, ouviu ? - Elizabeth falou se direcionando pro menino que concordou com a cabeça - bom, acho que é a hora de irmos - meus pais deram um sorriso e se juntaram ao meu redor me dando um abraço apertado.

- Não se esqueça que nós te amamos de mais, tudo bem ? - senti os lábios do meu pai tocarem a minha testa em um ato carinhoso e eles entraram dentro do táxi.

- Tenta não matar a April, nem colocar fogo na casa, ouviu ? - Chad brincou e o menino dos olhos azuis deu risada - te amamos, vamos tentar voltar o mais rápido possível, tudo bem ?

- Boa sorte - os dois trocaram abraços e logo a mãe se juntou.

Com os 4 adultos no carro, o motorista girou a chave fazendo o motor roncar e logo eles sumiram da nossa vista quando viraram em uma rua.

Eu fiquei um tempo parada absorvendo tudo antes de subir novamente pro apartamento. Nash estava jogado no sofá e nem se virou pra ver se era eu mesma que estava entrando. Ignorei ele totalmente e fui direto pro meu quarto aonde eu me joguei na cama, abraçada com o porta retrato que continha a foto de nós três.

Meu celular começou a vibrar e eu simplesmente ignorei, não querendo conversar com ninguém naquele momento. Devo ter pego no sono porque depois disso, não lembro de mais nada.

The Boy Who Lives With Me | Nash Grier |Onde histórias criam vida. Descubra agora