Sherman tentaria mais uma vez uma visita à Camila a fim de sanar algumas dúvidas. Apresentou-se na entrada do edifício País Tropical sendo em seguida liberado pela portaria. Uma jovem recepcionista, dentro do gabinete, ainda na entrada, passou o endereço ao detetive que entrou com seu carro estacionando numa vaga privada. Rapidamente um homem com um walkie talkie na mão se aproximou e pediu educadamente para que ele estacionasse o carro no estacionamento de visitas. Sherman desculpou-se e dirigiu-se ao estacionamento indicado. Subiu o elevador e parou no quarto andar, o andar de Camila. A jovem já o aguardava com um cordial sorriso na face e a porta aberta pedindo para que o investigador entrasse. Sherman entrou, com o seu sorriso de pés de galinha na cara. Examinou rapidamente o apartamento da moça. Estava um pouco bagunçado, era verdade, parecia até que a moça fizera uma farra na noite passada.- Prazer, senhorita. Investigador Sherman Fontes.
- Prazer, Camila Francesco. Por favor, queira se sentar.
- Muito obrigado. Que belo apartamento você tem.
- Obrigada. Está um pouco bagunçado, pois ontem à noite reuni às amigas da faculdade para fazer um lanche e acabamos ficando até três horas da manhã jogando pôquer.
- Eu entendo. - disse Sherman. - Aliás a esta hora eu ainda estava acordado.
- Aposto que não estava jogando pôquer. - sorriu Camila.
- Ah, quem me dera. Faz tempo que não jogo pôquer.
- Bom, podemos marcar um dia.
Sherman sorriu. Agora as pregas eram horrivelmente nítidas, puxando forte o bigode, prejudicando as arcadas dentárias. Camila cruzou as pernas sorrindo também. A jovem era de fato muito atraente, mas aquele não era o momento para prestar atenção naquilo. Aliás, era sim. Afinal estava ali para esclarecer um possível assédio da parte de Roger assim como a possibilidade de ter feito o mesmo com Ester.
- Aposto como seria um barato. - respondeu Sherman.
- Com certeza seria. - disse Camila notando a timidez do homem. - Bom, mas, me diga, qual o prazer da sua visita? Acho que a conversa preliminar já me deixou menos apreensiva. Estou nervosa, veja. - disse posicionando o braço a frente do peito. - Quando a portaria me disse que eu tinha a visita de um policial, quase engulo a pasta de dente.
Sherman sorriu dizendo:
- Não precisa se preocupar, senhorita. Não é pra tanto. É sempre difícil para mim também esta parte. Porém antes de lhe fazer algumas perguntas, você teria um cafézinho?
Uma moça bonita como aquela, Shermam podia apostar como fazia um café delicioso.
- Sim, por coincidência acabei de preparar enquanto o sr. subia. Vou pegar.
- Agradeço muito.
Camila seguiu para a cozinha tirando do armário uma xícara e um pires. Sentiu o cheiro forte de louça velha, fazia tempo que não usava aquelas porcelanas. Despejou o café na xícara olhando de canto de olho para o homem que estava na sua sala vasculhando tudo com ligeiros olhares. Suspeitava do que se tratava, mas optou pelo o silêncio.
- Doce ou amargo? - perguntou.
- Amargo, por favor. - disse continuando a observar o apartamento.
- Prontinho.
- Obrigado novamente. - agradeceu o homem. - Você tem uma visão privilegiada neste apartamento, não é.
- Sim, sim. Muito boa. Mas o que mais amo é a temperatura. O vento entra por todas as entradas, como você pode ver.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nove Meses Para Matar
Mystery / ThrillerDeterminada a se tornar advogada, a jovem Ester deixa a segurança de sua família na pequena cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, para cursar direito na renomada Universidade do Largo do São Francisco, na capital paulista. Com pouco dinheir...