Sherman retornou para São Paulo satisfeito com a inusitada descoberta na clínica de aborto. Mas somente a comprovação de que Ester fez um aborto naquele local não o ajudava muito, precisa de informações mais precisas como em que condições a jovem chegou à clínica, se estava sozinha ou acompanhada, quem pagou pelo aborto, e o mais importante: se estava viva quando saiu. A única pessoa que poderia lhe ajudar a sanar pelo menos algumas dessas questões era a assistente do médico presa e incomunicável na delegacia em Santos. Na ultima vez que esteve na delegacia solicitou ao delegado que o permitisse conversar com a mesma, contudo o seu pedido foi prontamente negado sobre a alegação de que a mulher embora assustada e com medo, estava disposta a contar mais sobre a atuação do médico desde que na presença do seu advogado. Sherman não insistiu , não tinha argumentos para tanto, mas agora a situação era diferente, ele tinha provas concretas de que antes de desaparecer Ester esteve na clínica e sreia provável que as últimas pessoas que a viram com vida, ou não, foram a assistente e o falecido médico. Diante dessa nova descoberta o delegado não poderia lhe negar um encontro com a assistente pois poderia ser acusado de estar dificultando uma investigação ao impedir o acesso a uma testemunha chave para o caso. Sherman ligou para a delegacia comunicando que na primeira hora da manhã estaria no local para conversar com o delegado, pois novas provas haviam sido encontradas e que eram de grande interesse para o delegado. É claro que Sherman sabia que havia entrado na clínica sem mandato o que era considerado invasão mas por outro lado também sabia que o delegado ficaria constrangido ao constatar que a perícia no local foi falha, e admitir isso a um simples investigador poderia ferir o seu orgulho. Tudo indicava que os ventos estavam soprando a favor do investigador, era preciso aproveitar essa mudança de curso para navegar rápido e com sabedoria.Como da outra vez, Sherman chegou à delegacia com o dia amanhecendo. Porém, dessa vez não foi preciso aguardar para ser recebido, pois o delegado já estava a sua espera.
Com o olhar desconfiado, o delegado Rubens recebeu Sherman. Os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos e se acomodaram nas cadeiras.
– Fui informado que a sua visita é referente à novas provas do caso do médico. – disse o delegado.
– Exatamente. Encontrei novas provas. – disse Sherman puxando a barba.
– E como exatamente isso se deu?
– Rubens, o senhor sabe que quando estamos certos de algo nos sentimos impelidos a cometer coisas que não são certas. Quando saí daqui aquele dia fiquei com mais dúvidas do que respostas e achei por bem ir direto à fonte na busca das minhas respostas.
– Como assim direto à fonte?
– Não farei rodeios. Fui até à clínica e entrei para fazer a minha própria investigação.
– O quê?Você invadiu o local do crime?
– Sim . Mas o que eu encontrei fez valer a pena o risco.
– E o que seria ?
– O doutor parece que tinha um gosto peculiar, psicótico até. Em baixo do armário de medicamentos encontrei um fragmento de piso falso que escondia uma caixa com suvenir de todos os abortos realizados, datados e com o nome das pacientes. Ele guardava uma lembrança de cada aborto realizado, como lembranças de um serial killer dos seu assassinatos. O que leva a investigação direto as pacientes, inclusive a jovem sumida de São Paulo cujo caso estou investigando.
– Você tem alguma prova do que está me contando?
– Fotografei tudo pelo meu celular. Veja você mesmo. – Sherman lhe entregou o celular.
– Alguém mais viu essas fotos?
– Estou sozinho neste trabalho.
– É evidente que você não veio aqui somente para me mostrar o achado, mesmo que esse tenha sido encontrado de uma forma ilegal.
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Nove Meses Para Matar
Bí ẩn / Giật gânDeterminada a se tornar advogada, a jovem Ester deixa a segurança de sua família na pequena cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, para cursar direito na renomada Universidade do Largo do São Francisco, na capital paulista. Com pouco dinheir...