Roger havia tirado uma sexta-feira para descansar um pouco e buscar as filhas no colégio. Deu um dia de folga para seu motorista e permitiu a este que passasse o final de semana livre, pois não precisaria dos seus trabalhos. Jogou o pisca-pisca para a direita e parou no acostamento restrito para pais de alunos. Ligou o rádio e deixou o carro ligado para poder usufruir do ar condicionado. Era uma manhã quente. A rua estava bastante movimentada. Transeuntes trafegavam inalando a poeira que sobrevoava sem destino. Filhos adentravam no carro de seus pais, sorrindo contando a novidade do dia. No aglomerado de alunos que havia saindo do colégio, Roger avistou Beatriz, sua doce filha. Estava com outras colegas da mesma idade caminhando respectivamente à direção de seus automóveis particulares. Roger destravou a porta permitindo a mocinha entrar no automóvel de luxo.– Bom dia, minha princesinha. – disse Roger dando um beijo na testa suada da filha. – Como foi seu dia de aula?
– Foi tudo bem, pai.
– O que a professora os ensinou hoje?
– Algumas coisas relacionadas ao trânsito e um pouco de história do Brasil.
– Muito bem. E onde está Brenda?
– Pensei que ela já estivesse aqui no carro. Saiu mais cedo hoje. Deve estar conversando com os amigos.
– Pois ela não sabe que eu vinha buscar vocês hoje? Ora, essa menina sempre levada.
– Ela é popular, papai. Normal. Todo mundo quer falar com ela, e ficam puxando ela de um lado para o outro.
– Ela precisa é de boas notas. Percebi que o seu desempenho caiu muito este ano. Além do mais, ela também sabe que eu estou envolvido no trabalho. Tirei hoje o dia de folga, mas não para ficar esperando a filha adolescente botar a fofoca em dia no colégio.
– Nem é fofoca, pai. É mais sobre garotos mesmo.
– Piorou ainda mais.
– Pai, – dizia agora a garotinha mudando de assunto, com a testa franzida, não de preocupação, mas de interrogação. – hoje de manhã, antes de entrar no colégio, conversei com uma moça que disse que o conhecia.
– Uma moça? E o que ela queria?
– Nada. Só conversamos.
– Conversaram sobre o quê?
– Nada demais, pai. Ela só me perguntou como o senhor estava, que o conhecia muito bem e lhe mandou lembranças. Ela me conhecia também, pois disse meu nome. Mas eu nunca a vi na vida.
– E como ela era? Qual era o seu nome? – perguntou Roger, intrigado, com os olhos imensos para cima da filha.
– Ela me disse que seu nome era Roberta. Ela era parda, cabelos loiros encaracolados e uns lindos olhos azuis. Falava mansamente e piscava sem parar. Ah, e estava esperando um bebê.
Roger respirou fundo, apreensivo.
– Esperando um filho?
– Sim. Ela estava com um barrigão. Nunca na minha vida vi uma mulher tão linda gestante.
Agora os dedos de Roger tremiam tamborilando a marcha do carro.
– Me conte com detalhes, o que vocês conversaram, Beatriz?! Já disse para não conversar com estranhos.
– Mas ela não era estranha. Disse que conhecia o senhor.
– Beatriz, a gente já conversou muito sobre isso. Você sabe que tem pessoas que usam máscaras e conversas para nos enganar. Você sabe também que somos visados por pessoas más; principalmente ao redor do seu colégio onde estudam crianças de pais com boa situação de vida. Essas pessoas são más. Onde estava a segurança do colégio no momento?
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Nove Meses Para Matar
Mystery / ThrillerDeterminada a se tornar advogada, a jovem Ester deixa a segurança de sua família na pequena cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, para cursar direito na renomada Universidade do Largo do São Francisco, na capital paulista. Com pouco dinheir...