Capítulo 30

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      Roger havia tirado uma sexta-feira para descansar um pouco e buscar as filhas no colégio. Deu um dia de folga para seu motorista e permitiu a este que passasse o final de semana livre, pois não precisaria dos seus trabalhos. Jogou o pisca-pisca para a direita e parou no acostamento restrito para pais de alunos. Ligou o rádio e deixou o carro ligado para poder usufruir do ar condicionado. Era uma manhã quente. A rua estava bastante movimentada. Transeuntes trafegavam inalando a poeira que sobrevoava sem destino. Filhos adentravam no carro de seus pais, sorrindo contando a novidade do dia. No aglomerado de alunos que havia saindo do colégio, Roger avistou Beatriz, sua doce filha. Estava com outras colegas da mesma idade caminhando respectivamente à direção de seus automóveis particulares. Roger destravou a porta permitindo a mocinha entrar no automóvel de luxo.

– Bom dia, minha princesinha. – disse Roger dando um beijo na testa suada da filha. – Como foi seu dia de aula?

– Foi tudo bem, pai.

– O que a professora os ensinou hoje?

– Algumas coisas relacionadas ao trânsito e um pouco de história do Brasil.

– Muito bem. E onde está Brenda?

– Pensei que ela já estivesse aqui no carro. Saiu mais cedo hoje. Deve estar conversando com os amigos.

– Pois ela não sabe que eu vinha buscar vocês hoje? Ora, essa menina sempre levada.

– Ela é popular, papai. Normal. Todo mundo quer falar com ela, e ficam puxando ela de um lado para o outro.

– Ela precisa é de boas notas. Percebi que o seu desempenho caiu muito este ano. Além do mais, ela também sabe que eu estou envolvido no trabalho. Tirei hoje o dia de folga, mas não para ficar esperando a filha adolescente botar a fofoca em dia no colégio.

– Nem é fofoca, pai. É mais sobre garotos mesmo.

– Piorou ainda mais.

– Pai, – dizia agora a garotinha mudando de assunto, com a testa franzida, não de preocupação, mas de interrogação. – hoje de manhã, antes de entrar no colégio, conversei com uma moça que disse que o conhecia.

– Uma moça? E o que ela queria?

– Nada. Só conversamos.

– Conversaram sobre o quê?

– Nada demais, pai. Ela só me perguntou como o senhor estava, que o conhecia muito bem e lhe mandou lembranças. Ela me conhecia também, pois disse meu nome. Mas eu nunca a vi na vida.

– E como ela era? Qual era o seu nome? – perguntou Roger, intrigado, com os olhos imensos para cima da filha.

– Ela me disse que seu nome era Roberta. Ela era parda, cabelos loiros encaracolados e uns lindos olhos azuis. Falava mansamente e piscava sem parar. Ah, e estava esperando um bebê.

Roger respirou fundo, apreensivo.

– Esperando um filho?

– Sim. Ela estava com um barrigão. Nunca na minha vida vi uma mulher tão linda gestante.

Agora os dedos de Roger tremiam tamborilando a marcha do carro.

– Me conte com detalhes, o que vocês conversaram, Beatriz?! Já disse para não conversar com estranhos.

– Mas ela não era estranha. Disse que conhecia o senhor.

– Beatriz, a gente já conversou muito sobre isso. Você sabe que tem pessoas que usam máscaras e conversas para nos enganar. Você sabe também que somos visados por pessoas más; principalmente ao redor do seu colégio onde estudam crianças de pais com boa situação de vida. Essas pessoas são más. Onde estava a segurança do colégio no momento?

Nove Meses Para MatarOnde histórias criam vida. Descubra agora