Deixas-me doida

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- Obrigado - disse ele quando coloquei a sua comida sobre a mesa.

- Como foi o teu dia? - perguntei.

Tais palavras foram proferidas à pressa, estava morta por me escapar para o quarto.

- Foi bom. Os peixes estavam a morder o isco... E o teu? Conseguiste fazer tudo aquilo que pretendias?

- Nem por isso, o dia estava demasiado agradável para ficar dentro de casa.

Abocanhei outra grande garfada.

- Foi, de facto, um belo dia - concordou.

"Isso é dizer pouco", pensei para comigo.
Tendo engolido a última garfada de lasanha, peguei no copo e bebi apressadamente o resto do leite.
O meu pai surpeendeu-me ao mostrar-se observador.

- Estás com pressa.

- Pois, estou cansada. Vou deitar-me cedo.

- Pareces nervosa - comentou.

Porquê? Mas porque é que aquela tinha de ser a noite em que ele tinha resolvido prestar atenção?

- Pareço?

Nada mais consegui dizer em resposta. Lavei rapidamente a louça e pousei-a num pano para secar.

- É sábado - devaneou.

Eu não respondi.

- Não tens planos para está noite? - perguntou subitamente.

- Não, pai, quero apenas dormir um pouco.

- Nenhum dos rapazes da cidade faz o teu gênero, é?

Estava desconfiado, mas tentava abordar o assunto de forma subtil.

- Não, ainda nenhum dos rapazes me chamou a atenção.

Tive o cuidado de não dar demasiada ênfase à palavra rapazes na minha demanda no sentido de responder ao meu pai com a verdade.

- Pensei que talvez aquele Nick Jonas... disseste que ele era amável.

- Ele é só um amigo, pai.

- Bem, seja como for, és demasiado boa para todos eles. Espera até ingressares na faculdade para começares à procura.

O sonho de qualquer pai, que a sua filha saia de casa antes de as hormonas começarem a exercer os seus efeitos.

- Parece-me uma boa ideia - concordei ao subir as escadas.

- Boa noite, querida! - exclamou à medida que eu me afastava.

Estaria, sem dúvida, cuidadosamente à escuta durante todo o serão, esperando que eu tentasse esgueirar-me.

- Até amanhã, pai.

Até à meia-noite, quando entrares sorrateiramente no meu quarto para me controlares.

Esforcei-me por fazer com que as minhas passadas parecessem lentas e cansadas à medida que subia as escadas para me dirigir ao meu quarto. Fechei a porta, fazendo barulho suficiente para que ele pudesse ouvir e, em seguida, corri em bicos de pés até à janela. Abri-a e inclinei-me, imergindo na noite. Os meus olhos perscrutaram a escuridão, as sombras das árvores.

- Justin? - sussurrei, sentindo-me idiota.

Discreta e risonha a resposta surgiu de trás de mim:

- Sim?

Eu virei-me rapidamente, com uma mão a precipitar-se para o meu pescoço com a surpresa.

Ele estava estendido na minha cama, com um enorme sorriso nos lábios, as mãos atrás da cabeça e os pés a balouçarem-se, suspensos, na extremidade, a imagem viva do à vontade.

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