Austin fica me olhando o resto das aulas, sinto uma coisa na nuca, e quando olho pra trás ele disfarça e finge que não está olhando. Assim que ouço o último sinal, corro pro quarto, porque tenho medo de Austin vim falar comigo de novo sobre o acontecido.
Spencer abre a porta e me olha com o cenho franzido.
- Desembucha – ordena ela.
Eu digo ordena porque ela não é do tipo que pede nada gentilmente.
- Você não entenderia. – Seguro a cabeça com as mãos.
- Por que você não tenta? – me pergunta.
- Isso vai parecer loucura, só pra avisar.
Ela me olha com expectativa.
- Eu meio que posso voltar no tempo, lógico que tem regras, mas...
- Como é? – Ela semicerra os olhos.
- Ninguém consegue perceber, pelo menos ninguém podia, mas hoje o Austin Allen lembrou das coisas que eu alterei.
- Começa do começo, eu não estou te acompanhando.
- Não posso te provar, porque mesmo que eu voltasse e mudasse algo, você não se lembraria.
- Você tinha razão, você perdeu o juízo.
- Talvez você possa se lembrar, nunca fiz isso antes, mas acho que vale a tentativa.
- Do que você está falando exatamente?
Pego em sua mão e fecho os olhos, me concentro em voltar para o momento em que ela entrou no quarto.
- E aí? – pergunto.
- E aí o quê?
- Você se lembra do que eu acabei de te contar?
- A doidera sobre os poderes? Lembro. Por que não lembraria?
- Porque eu voltei pra antes de te contar.
Spencer ri.
- Isso não seria possível.
- Olha as horas então. – Aponto para o relógio em seu pulso.
Ela ainda ri enquanto olha, mas o sorriso desaparece assim que interpreta os ponteiros.
- Nós duas estamos em um hospício e eu não estou sabendo porque me fizeram acreditar que isso é uma escola?
- Não. – Faço uma careta que significa: depois eu é que sou a louca.
- Achei que não. O que nos deixa com a outra alternativa.
Mexo a cabeça positivamente.
- Você já tinha me contado antes, mas mudou de ideia e não contou mais? – pergunta ela.
- Quase fiz isso agora, caso você não se lembrasse, mas antes não.
- Cara, preciso de álcool agora.
- Ainda bem que o fígado se regenera. Mas não abuse – acrescento mais alto enquanto ela se afasta.
Spencer sai do quarto e acho que vai procurar álcool. Assim que ela sai penso novamente sobre o fato de Austin se lembrar das coisas que outras pessoas não se lembram depois que eu volto no tempo. Escuto batidas na porta. Paro de dar voltas no quarto e vou atender. É ele.
- Você não pode ficar no prédio das garotas – informo.
- Aconteceu de novo – diz ele.
- O que aconteceu de novo?
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Shooting Star
Teen FictionMary-Kate tem um segredo: ela trapaça. Não fica por aí se perguntando "como teria sido"; apenas faz de novo e descobre. É, ela pode fazer isso. E ninguém nunca notou suas pequenas e inofensivas mudanças... até agora.