3. Pode repetir?

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Austin fica me olhando o resto das aulas, sinto uma coisa na nuca, e quando olho pra trás ele disfarça e finge que não está olhando. Assim que ouço o último sinal, corro pro quarto, porque tenho medo de Austin vim falar comigo de novo sobre o acontecido.

Spencer abre a porta e me olha com o cenho franzido.

- Desembucha – ordena ela.

Eu digo ordena porque ela não é do tipo que pede nada gentilmente.

- Você não entenderia. – Seguro a cabeça com as mãos.

- Por que você não tenta? – me pergunta.

- Isso vai parecer loucura, só pra avisar.

Ela me olha com expectativa.

- Eu meio que posso voltar no tempo, lógico que tem regras, mas...

- Como é? – Ela semicerra os olhos.

- Ninguém consegue perceber, pelo menos ninguém podia, mas hoje o Austin Allen lembrou das coisas que eu alterei.

- Começa do começo, eu não estou te acompanhando.

- Não posso te provar, porque mesmo que eu voltasse e mudasse algo, você não se lembraria.

- Você tinha razão, você perdeu o juízo.

- Talvez você possa se lembrar, nunca fiz isso antes, mas acho que vale a tentativa.

- Do que você está falando exatamente?

Pego em sua mão e fecho os olhos, me concentro em voltar para o momento em que ela entrou no quarto.

- E aí? – pergunto.

- E aí o quê?

- Você se lembra do que eu acabei de te contar?

- A doidera sobre os poderes? Lembro. Por que não lembraria?

- Porque eu voltei pra antes de te contar.

Spencer ri.

- Isso não seria possível.

- Olha as horas então. – Aponto para o relógio em seu pulso.

Ela ainda ri enquanto olha, mas o sorriso desaparece assim que interpreta os ponteiros.

- Nós duas estamos em um hospício e eu não estou sabendo porque me fizeram acreditar que isso é uma escola?

- Não. – Faço uma careta que significa: depois eu é que sou a louca.

- Achei que não. O que nos deixa com a outra alternativa.

Mexo a cabeça positivamente.

- Você já tinha me contado antes, mas mudou de ideia e não contou mais? – pergunta ela.

- Quase fiz isso agora, caso você não se lembrasse, mas antes não.

- Cara, preciso de álcool agora.

- Ainda bem que o fígado se regenera. Mas não abuse – acrescento mais alto enquanto ela se afasta.

Spencer sai do quarto e acho que vai procurar álcool. Assim que ela sai penso novamente sobre o fato de Austin se lembrar das coisas que outras pessoas não se lembram depois que eu volto no tempo. Escuto batidas na porta. Paro de dar voltas no quarto e vou atender. É ele.

- Você não pode ficar no prédio das garotas – informo.

- Aconteceu de novo – diz ele.

- O que aconteceu de novo?

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