12. Carona

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- Você é demais - digo a Spencer quando já nos afastamos de Liam e paramos de correr.

- O que eu posso dizer? - Ela ri, mas olha a mão dolorida.

- Obrigada a você também. - Aperto a mão de Austin.

Ainda estamos de mãos dadas, Spencer já soltou a minha, mas ainda seguro a de Austin e ele segura a minha de volta.

- Eu fui um idiota mais cedo. Te devia essa.

Sorrimos e Spencer estreita os olhos.

- Estou me sentindo meio por fora aqui - fala.

- Nada importante.

Crystal se aproxima e eu largo a mão de Austin. Ela vem direto me abraçando.

- Aquele Liam é um completo imbecil - diz ela me apertando.

- Ou será que eu sou a imbecil por ter ido pra cama com ele? - pergunto mais pra mim do que pra ela.

Percebo certo desconforto no rosto de Austin. Crystal me solta e é a vez de Barry me abraçar.

- Se precisar de qualquer coisa é só falar - diz ele e eu agradeço.

- Ainda não fomos formalmente apresentados. Sou Crystal. - Minha irmã levanta a mão para cumprimentar Austin.

Ele aperta sua mão. Que coisa formal, até pra mim, imagina pra ela.

- Sou Austin.

- Se você e Barry fossem irmãos eu namoraria o Flash - brinca ela.

Austin e Barry riem e Spencer nos encara.

- Não entendi.

- Por que o nome do flash é Barry Allen. O sobrenome do Austin é Allen, se eles fossem irmão ficaria Austin e Barry Allen - explico e surpreendo a mim mesma por saber dessas coisas.

- Por que não Austin e Barry Schott? - argumenta.

- Porque isso não seria nada interessante - diz Crystal, levemente irritada.

- Vocês nerds são estranhos e às vezes até violentos - rebate ela.

Sentamos na grama do lado de fora do prédio da escola.

- Você ainda joga basquete? - pergunto a Barry.

- Sim, vai ter um jogo no fim de semana, você devia ir.

- Claro.

- Obrigada pelo convite, também adoraria ir - diz Spencer com um grande sorriso.

- Não sabia que gostava de basquete.

- Gosto de esportistas e caras suados - diz ela, sem emoção.

Barry dá um longo suspiro.

- E você ainda patina no gelo? - Ele olha pra mim.

- É, patino, mas já faz um tempo desde a última vez.

- Você é muito boa, não desanima.

Fico o resto das aulas pensando sobre patinação, talvez eu deva mesmo patinar um pouco na pista de gelo da escola. Não quero ir sozinha, talvez Spencer me acompanhe.

Já no quarto, cerca de umas quatro horas da tarde, alguém bate na porta. Espero Spencer atender, mas ela está de fones no último volume. Levanto da cama depois do que pareceu umas cem batidas e abro porta.

- Preciso de uma carona - diz Crystal entusiasmada.

- E o Barry? - Coloco o cabelo pra trás.

- Ele não vai poder. Por favor. - Ela junta as mãos em forma de súplica.

- Não podemos ficar saindo em dia de semana.

- Mamãe mandou uma autorização, nós duas podemos ir.

Dou um suspiro de derrota.

- Aonde você quer ir?

- Então quer dizer que você vai me levar? - Ela pisca várias vezes.

- Com que carro?

- Saul vai vim trazer o seu carro.

- Saul?

- O motorista.

- Ah.

- Tem que ser mais humilde. Não sabe nem o nome do cara que sempre leva a gente pra todos os lugares.

- Por que ele não te leva, então?

- Porque você vai me levar.

Ela sorri e sai, corre até o elevador e aperta o botão, o que faz a porta se fechar. Volto para dentro e olho para Spencer, que acabou cochilando. Tiro o uniforme e coloco uma saia rosa claro e uma camiseta branca com um lacinho preso no busto. Crystal chega logo depois vestindo uma calça preta e camiseta preta de caveira mexicana.

Ela faz uma careta quando me vê, mas só avisa que Saul já chegou. Descemos até o estacionamento e vamos até o carro branco. Não entendo muito de carros, então só sei informar a cor. Saul sai do banco da frente segurando as chaves. Ele é um cara um pouco acima do peso e muito simpático.

Antes de entrar no carro vejo Austin debruçado na janela aberta de um carro vermelho. O carro é um pouco velho e ultrapassado. Tem um homem no volante, o cabelo é cortado estilo militar e tem marcas de barba. Apesar de aparentar cansado, também é um cara bonito, não parece ter mais de trinta e cinco. Lembro da foto, acho que é o pai de Austin. Deve ter uns quarenta anos nesse caso.

Crystal já está dentro do carro e me chama algumas vezes. O pai de Austin sai do estacionamento e vai embora. Austin me vê e acena. Minha irmã sai do carro e começa a gritar o nome dele. Ele arregala os olhos um pouco, mas se aproxima.

- Oi Crystal, Mary-Kate - ele cumprimenta.

- A gente vai dar uma volta, quer vir junto? - Crystal convida.

Dou um olhar reprovador discreto a ela.

- Acho que não tem problema - diz ele e olha pra mim.

- Mas seus pais não se importam?

- Não, eles deixaram a autorização na direção. Posso sair sempre.

- Isso que é confiar no filho. Papai devia aprender com seus pais - minha irmã diz.

- Tudo bem, então.

Crystal entra no banco de trás e Austin senta no banco do passageiro. Giro a chave na ignição e dou partida. Claro que eu sou principiante e só dirigi poucas vezes na vida. Minha irmã não se importa que eu corra um pouco, mas vejo Austin se agarrar ao painel algumas vezes.

- Aquele era seu pai? - Crystal pergunta a Austin.

Ele olha pra trás, segurando seu cinto de segurança.

- Era, ele veio entregar mais uns documentos para o diretor.

- Você fez uma prova? Pra entrar na escola, quero dizer.

- Fiz, não fui muito bem em matemática, mas melhor do que os concorrentes, eu acho.

Fico impressionada, mas só os escuto conversar. Falam sobre a escola, sobre alguns livros de Stephen King, e por fim sobre o clube de teatro, do qual Crystal participa e Austin parece demostrar interesse.

Passo na frente de um antiquário e Crystal me manda parar. Ela se despede de mim e Austin e diz que não preciso esperar, que Barry vai buscá-la. Agradeço por dentro e a vejo entrar na lojinha meio empoeirada.

Faço o retorno e continuo dirigindo em direção à escola.

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