26. Á prova de balas

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Sexta-feira finalmente chega e depois da aula, com a autorização que minha mãe me deu com relutância, vou com Austin até a casa dele.

Stephen nos pega com o carro vermelho. Parece de bom humor. Austin me contou que os pais dele são bem unidos, mas as vezes, por causa de dinheiro principalmente, eles brigam. Como na semana passada.

Austin me empresta uma camiseta velha para não sujar minha blusa branca e shorts jeans com tinta. Consigo sentir o cheiro dele nela, e é tão bom. Cheiro de amor.

Sempre tive medo de me tornar patética se me apaixonasse, mas acho que foi o contrário. Sinto que aprendi tanto com ele e que, do meu jeito, também o ensinei coisas.

Emily está de jeans e regata pintando a parede do quarto dela de pêssego. Desce da escadinha de metal e vem me cumprimentar.

- Eu te abraçaria, mas... – Ela mostra sua roupa e mãos todas sujas. – Que bom que você veio.

Arregalo os olhos quando Stephen vai tirando a camisa e só fica com uma regata branca. Ele é todo musculoso e tem uma tatuagem nas costas.

- Vem, vamos pintar o meu quarto. – Austin ri e, colocando a mão nas minhas costas, me guia até o quarto.

- Você prefere azul ou verde? – ele pergunta, mostrando as latas no canto.

- Azul.

Ele pega dois pinceis e nós começamos o trabalho.

- Sabe, nós nunca descobrimos porque sou o único que percebe suas mudanças no tempo – comenta ele.

Dou de ombros.

- Gosto de pensar que é o destino. Mas seria legal saber.

Pelo canto do olho vejo Austin pintando a parede. Ele não é musculoso, como o pai. Ele é magro, mas é muito lindo. Sinto meu corpo esquentar.

- O que foi? – Austin pergunta.

Percebo que já estou pintando o mesmo lugar há um tempo. Me distraí olhando pra ele. Mordo o lábio e começo a pintar um outro ponto.

- Nada – digo baixinho.

Ele se aproxima e me faz ter pensamentos impuros. Coro. Com um sorrisinho ele passa uma pincelada de tinta em meu rosto. Olho pra ele rindo e faço o mesmo. E aí começa. Corremos por toda a extensão do quarto tentando pintar o outro, mas se esquivando dos ataques.

Rimos alto e verdadeiramente. Paramos ao vermos um flash. Emily está na porta segurando a câmera.

- Não parem por minha causa. Já consegui umas fotos para meu álbum.

Assim que ela sai, digo:

- Você a ouviu.

Continuamos a brincadeira. Estamos sujos, ofegantes e suados. Levanto a mão que segura o pincel sujo de tinta e vou em sua direção. Ele segura minha mão com um movimento rápido, e me olha de um jeito que me faz largar o pincel.

De repente estamos nos beijando e ele fecha a porta com um dos pés.

Stephen deve ter um radar para amassos adolescentes, porque entra bem nesse momento. Austin e eu nos agarrando em cima da cama, nem vi a hora em que a camisa dele foi parar no chão.

Stephen fica surpreso e um pouco atordoado, talvez. Gagueja um pouco antes das palavras saírem:

- Se estiverem com fome, Emily fez uma torta de nozes e chocolate.

Também ficamos sem reação. O silêncio constrangedor está presente. Austin sem camisa na cama e eu, graças a meu bom Deus, vestida, mas em cima da cama com um garoto sem camisa enquanto o pai dele nos olha da porta.

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