45. Recomeço

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Spencer está deitada na cama ao lado. Seu sono é pesado. Alguém bate na porta, e, naturalmente, eu levanto para atender.

Contei a verdade para Spencer. De novo. A outra Spencer não acreditou, mas essa, mesmo que para ela o ano não tenha acontecido ainda e eu não tenha como provar, acredita. Acho que parte da sua versão que acabou não existindo persistiu.

Engraçado, o tempo é algo complicado mesmo de se mexer. Meus poderes me trouxeram tantas coisas boas, mas também trouxeram as ruins. Como ataques de raiva e o garoto dos meus sonhos.

No final, meus poderes foram exatamente o que Spencer costumava dizer: um botão de reiniciar.

Por muito tempo achei que tudo tinha a ver com destino, magia e estrelas cadentes. Desconfio que eu estava errada. Acho que mesmo que eu nunca tivesse tido poderes, mesmo que eu tivesse nascido na China e ele na Austrália, acho que mesmo assim nos conheceríamos e nos apaixonaríamos. Não porque "era pra ser". Pode até chamar de destino se quiser. Mas sei que de alguma forma precisamos um do outro pra existir. Quase subatômico. Gosto dessa explicação.

Perdi meus poderes, acho que foi o preço por ter quebrado as regras e voltado mais do deveria; devo ter exaurido essa habilidade. Mas tudo bem, porque, embora eu tenha perdido meus poderes, sinto como se tivesse ganhado tudo. E dessa vez, vou fazer tudo certo. É só nisso que consigo pensar.

Batem na porta de novo. Me deparo com Austin quando a abro. Ele está sorrindo.

- Eu me lembro. Precisei de uns minutos, mas me lembro.

- Do que exatamente? – pergunto.

- Estrelas cadentes e coisas do tipo.

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