25. Paranoia

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Depois da aula de terça-feira, vou até o dormitório de Isaac com uma pilha de livros nos braços. Com muito esforço bato na porta e ele abre. Com um gesto me diz pra entrar e pega os livros que parecem leves pra ele.

- Vamos começar com o que? – pergunto, me sentando na escrivaninha.

- O que achar melhor.

- Tudo bem. – Olho para os livros e puxo o de geografia.

Ele senta ao meu lado numa outra cadeira e fica me olhando sem parecer prestar atenção enquanto falo, o que me incomoda.

- Entendeu? – pergunto, depois de uma explicação sobre os tipos de rocha.

- Perfeitamente.

Dou um sorriso forçado.

- Por hoje é só.

Antes que ele diga alguma coisa saio do quarto e nem me lembro dos livros. Encontro Austin no elevador.

- O que faz aqui?

Lembro que não falei nada sobre as aulas particulares.

- Estou passando umas coisas da escola para o aluno novo. O sr. Davis me pediu como um favor.

- E você não se incomoda que ele tenha claramente dado em cima de você na frente de todos?

- Não foi sério. E deve ser porque a gente já se conhecia. Por coincidência eu o encontrei no hospital ontem, e por coincidência foi ele quem a minha irmã atropelou.

- Não sabia.

Saio do elevador, e ele me segue. Ou talvez já estivesse vindo nessa direção, só calhou de eu também estar.

- Não é nada demais. Nem achei que ia ver ele de novo. Acho que a vida é mesmo cheia de surpresas.

- Mundo pequeno – murmura ele.

- Estava pensando que você podia ir jantar lá em casa no fim de semana. Queria que meus pais te conhecessem melhor.

- Acho que tudo bem. Mas seu pai não gosta muito de mim.

- Não se preocupe, ele vai mudar de ideia – digo pra mim mesma, mas deixo Austin pensar que é pra ele.

- E na sexta minha mãe disse que quer pintar a casa. O que me diz? Quer ir comigo ajudar? Sei que trabalhos manuais não são exatamente sua praia, mas é uma chance de passarmos um tempo juntos.

- Vou adorar.

- Que bom.

Na quarta feira tento ensinar um pouco de francês para Isaac, mas a pronúncia dele não é muito boa. Ainda bem que ele tem aquele sotaque britânico, porque ninguém quer ouvir ele falar nenhuma outra língua.

Descubro nessa tarde que ele não sabia que ia entrar na mesma escola que eu estudo, que ele se mudou há um mês e que é péssimo em aprender outras línguas, mas essa última parte não preciso que ele me fale.

Tenho a sensação de estar sendo observada. E não é o Isaac Daniels dessa vez. Tenho essas sensações as vezes, e nunca é nada, então penso que é coisa da minha cabeça. Mas agora parece que está aumentando a frequência.

Quando comento sobre isso para Spencer, na quinta, ela acha que estou ficando doida ou talvez tenha um stalker, quem sabe até mesmo Austin. Prefiro ficar com a opção de estar ficando doida. É a menos assustadora.

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