42. Perdida no parque

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Quando ele terminou comigo, pensei que fosse o fim do mundo. Do meu mundo, de qualquer maneira.

Dois dias se passaram e ainda estávamos separados. Minha melhor amiga tentou me animar, mas só quero chorar enquanto me restam lágrimas, por um motivo tão humano quanto um coração quebrado por causa de um garoto.

Isaac me pediu desculpas e eu aceitei. Por mais louco que pareça eu aceitei ir a um encontro num parque de diversões não muito longe no final de semana.

Quando Isaac me manda um SMS perguntando se estou pronta, convenço Spencer a ir comigo. Ela vai de shorts jeans rasgado e regata, e eu vou com um vestido florido simples.

- Você está linda – ele diz quando chegamos. – Já comprei os ingressos.

- Beleza! – diz a animada Spencer.

- Você também está bonita, Spencer.

- Eu sei.

Spencer se perde da gente nos primeiros minutos. Isaac Daniels ganha um ursinho pra mim. Depois vamos a roda gigante. E bem no topo, quando as luzes estão lindas e tudo parece menor, ele me beija.

Eu retribuo o beijo e de repente me sinto uma má pessoa. O que eu estou fazendo? Não sinto... nada. A roda gigante desce e eu tento sorrir.

- Sempre fico enjoada na roda gigante – minto.

Caminho com as mãos no bolso da jaqueta que ele me emprestou, pois a noite está fria.

Uma garotinha que parece ter a idade de Margot pede dinheiro perto da barraquinha de pipoca. O vendedor quer enxotar ela, mas eu paro na frente dela.

- Como é o seu nome, docinho?

O vendedor vira os olhos.

- Maria – ela responde baixinho.

- Eu sou a Mary-Kate. Quer pipoca, Maria?

Ela balança a cabeça freneticamente. Compro o maior saco disponível. Enquanto come, ela fica olhando o ursinho na minha mão.

- Você gostou?

Ela balança a cabeça de novo.

- Quer me ajudar a escolher o nome?

- Que tal Ursinho?

- Que nome lindo.

Isaac ri. Algumas pessoas passam e a olham com desconforto. Todas essas pessoas com relógios de ouro e colar de pérolas. Alguém que eu costumava ser, e, olhando agora, não consigo entender o porquê.

- Onde está sua mãe, Maria? – pergunto.

- Eu segui as luzes.

- E ela?

- Eu não sei. Estou aqui faz dois dias.

- Ah, meu Deus.

A abraço.

- Pode me dizer o nome dela? A aparência?

- Ângela. Ela é igualzinha a mim.

- Temos que procurar por ela – digo a Isaac.

- Vamos à polícia.

Concordo. Acho Spencer conversando com a moça da barraquinha do algodão doce e digo que precisamos ir. Ao ver Maria, ela se despede e nos acompanha.

- Sou a Spencer.

Maria olha pra cima.

- Você é bonita – ela diz.

- Obrigada. – Spencer sorri.

Chegamos a delegacia e nem precisamos falar com ninguém. Uma moça igualzinha a Maria trajando roupas muitos simples e segurando um leno encardido corre e abraça a menina.

- Onde vocês a encontraram? –ela pergunta em lágrimas.

- No parque.

- Obrigada. – Ela olha para a filha. – Me perdoa, meu bem.

- Tudo bem, mamãe. Elas são legais.

- Qual o nome de vocês? – Ângela quer saber.

- Sou Mary-Kate. Aquela é Spencer e esse é o Isaac.

- O que posso fazer pra compensá-los? Não tenho dinheiro, mas...

- O sorriso dela já é nossa recompensa – diz Spencer.

Abaixo e dou o Ursinho para Maria.

- É seu.

Ela sorri.

- Prometo que vou cuidar bem dele.

- Sei que vai.

Isaac deixa o telefone e diz que elas podem ligar se precisarem de qualquer coisa. Sorrio pra ele e voltamos pra casa. Spencer entra na minha casa e eu paro na porta.

- Obrigada. – Devolvo o casaco.

- Obrigado você.

Isaac se aproxima pra beijar, mas eu o impeço.

- Você, Isaac Daniels, é uma ótima pessoa. Alguém incrível que eu tive a sorte de conhecer. Mas não posso ficar com você.

- Ainda está apaixonada por ele, não é? – Ele olha pra baixo.

- Acho que vou sempre estar. E você merece mais.

- Obrigado pela noite, Mary-Kate. A gente se vê na escola.

No meu quarto, olho para a foto que tenho de mim e Austin sorrindo.

- Eu sei. – Spencer me abraça.

Ela fica comigo a noite toda porque eu não quero ficar sozinha. E eu choro, porque, mesmo sabendo que não é o fim do mundo, com certeza sinto como se fosse.

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