Infelizmente o dia do meu aniversário havia chegado, a festa de máscaras como eu gentilmente apelidei, eu não tinha como mudar o fato do meu pai querer me arranjar um noivo com status, mas eu poderia fingir que estava acatando as "regras" dele. Era isso que eu tinha em mente, meu plano seria não reclamar mais e aceitar com bom grado o meu futuro (ex) noivo até o dia que eu pudesse ir embora com o Ucker daqui. Como a gente planejava fugir em breve, seria perfeito. Eu encarei o meu reflexo no espelho e sorri convicta, com uma esperança nascendo no coração, pois agora eu sentia que poderia vencer a batalha contra os meus pais. Alisei o meu vestido preto de frente única com brilhos e suspirei feliz com o resultado, a minha maquiagem não estava forte, havia uma sombra marrom esfumada, tons de laranja e creme para complementar e um pontinho de brilho no canto do olho, o batom era um nude puxado para rosa, tudo que eu copiei em tutoriais na internet. Eu não era profissional na maquiagem, porém eu conseguia me virar. O meu pai havia insistido para eu ir no salão, mas eu não vi necessidade nisso se eu poderia fazer. Eu analisei mais uma vez o meu reflexo no espelho e sorri contente, apesar de tudo eu estava feliz hoje.
― Dulce, já está pronta? ― o meu pai perguntou assim que abriu a porta do meu quarto.
― Sim, está na hora de ir? ― Encarei ele, virei para o lado da porta e fiquei de frente para ele.
― Sim, eu e a sua mãe vamos esperar na sala. ― Ele começou a se retirar do meu quarto, mas algo o fez parar no meio do caminho.
Ele observou a minha mão por alguns minutos e depois voltou a falar:
― Dulce, o que é isso na sua mão? ― Ele juntou as sobrancelhas, confuso.
― Isso o quê? ― Olhei para a minha mão e percebi a cicatriz. ― É a cicatriz que ficou do corte.
― Não acredito que ficou marcado, está vendo? Acho que você deveria parar de fazer aquele seu voluntariado.
― Pai, é só uma cicatriz. Eu não vou deixar de fazer o voluntariado, ok? E acho melhor o senhor já descer, eu preciso terminar de me arrumar, ou o senhor não quer chegar cedo? ― Encarei ele.
― Ok, eu vou descer.
Eu suspirei aliviada, pois hoje eu não queria discutir com ele. Peguei uma pulseira de brilhantes e um brinco do mesmo conjunto e coloquei em mim. Depois calcei um sapato de salto alto preto que tinha uns detalhes em dourados na parte de trás e terminei de me arrumar. Quando desci as escadas os meus pais me esperavam em pé na frente da porta. Em seguida, nós seguimos para o salão da festa, sem perder tempo, pois o meu pai queria chegar cedo para receber todos os convidados.
Ao chegar no salão de festa do Marcondes, o lugar estava todo decorado, havia uma lustre no meio todo em cristal e logo na entrada tinha uma mesa de madeira de "enfeite" com um arranjo de flores brancas e folhas verdes, além de uma foto minha na parte central. No resto do recinto colocaram vários castiçais dourados e várias mesas de madeiras redondas espalhadas pelo salão, com uma toalha pequena retangular branca cobrindo só uma parte da tábua. Mais ao fundo havia a mesa dos doces, também era de madeira e com as mesmas flores brancas com folhas verdes. Tudo muito pomposo, isso era coisa do meu pai, por mim eu faria uma festinha pequena só para os amigos mais chegados. Além da decoração tinha serviço de garçom, eles andavam de um lado para o outro servindo as mesas, algumas pessoas já haviam chegado. Aqui na minha cidade o pessoal, principalmente os mais velhos, costumam ser pontuais até demais, se você marcar algo eles estarão meia hora antes.
O meu pai parou ao lado da entrada e falou para eu ficar junto com ele e a minha mãe para receber os convidados. Eu coloquei a minha máscara preta, já que eu havia deixado para colocar aqui pois ela apertava a minha cabeça, e enquanto eu fazia isso, olhei atentamente para cada pessoa que entrava, na tentativa de reconhecer o Ucker. Além da ideia das máscaras, eu também havia colocado um nome "falso" na lista de presença do meu pai para o Christopher poder entrar sem ser notado. Seria genial, meu pai não iria desconfiar de nada. Após meia hora recepcionando as pessoas e nada do Ucker, eu já começava a me preocupar, será que algo deu errado e não deixaram ele entrar? Peguei o meu celular na minha bolsa de mão e enviei uma mensagem para ele:
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Encontros Proibidos
FanfictionUm amor proibido pelos pais, mas em especial pelo pai de Dulce, um político que trata a filha com ignorância, grosseria e conservadorismo. O prefeito da pequena cidade de Caldas da Imperatriz, só deseja uma única coisa para a filha: um lindo casamen...