Dever cumprido

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Eu caminhei desnorteada pela rua por alguns instantes, muitos pensamentos vinham na minha mente e eu fiquei atordoada com tanta informação. Quando cheguei na mercearia, eu rapidamente me acalmei ao observar como a Laurinha conseguia encantar todos ao seu redor. A mãe do Ucker segurava ela com um sorriso gostoso enquanto brincava de balança-lá. A menininha era capaz de fazer você sorrir até nos seus dias mais tristes e, consequentemente, eu também exibi um sorriso alegre com a cena. Caminhei devagar até onde o Ucker estava e ficamos admirando a cena. Após alguns segundos a mãe dele notou a minha presença e nós nos cumprimentamos, eu então convidei o Christopher para ir embora, mas a mulher não quis deixar a gente sair sem comer nada. Por isso acabamos tomando um café delicioso e depois nós seguimos para a casa da Annie.

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Christopher e eu estávamos indo para a casa da mamãe para que eu pudesse me despedir dela, já que hoje partiríamos para a nossa casa, e também eu aproveitaria para que ela conhecesse a Laurinha. Ao chegar no nosso destino, eu fiquei em silêncio por um bom tempo até que o Ucker resolveu se pronunciar:

― Pronta? ― o Christopher perguntou pra mim quando ficamos de frente para o portão.

― Não muito. ― Mordi o lábio, demonstrando um pouco de nervosismo.

― Eu vou com você até a porta então.

Nós andamos até o batente da porta e ele me lançou um olhar encorajador. Eu inspirei e expirei o ar com força algumas vezes, para tomar coragem e apertar a campainha. Quando eu ameacei apertar o botão a porta se abriu e eu levei um pequeno susto.

― Oi, eu vi vocês pela janela ― o Pedro comentou logo em seguida. ― Nossa, que menininha mais linda ― ele falou assim que colocou os olhos na Laurinha que estava no meu colo.

― Oi, muito obrigada ― respondi sem jeito.

― Bem, eu vou indo então ― o Ucker beijou o topo da minha cabeça.

― Não precisa, vamos entrar ― o homem olhou para o meu marido e sorriu.

Eu arregalei os olhos surpresa, pois eu nunca tinha visto ele sorrir espontaneamente. Christopher procurou pela minha aprovação e eu dei de ombros, se ele quisesse ficar seria opção dele. Momentos depois caminhamos para dentro da casa. Um clima meio tenso se instalou quando ficamos um olhando para o rosto do outro.

― Eu acho que vou subir e falar com a mamãe ― comentei sem jeito, pois eu não sabia se deveria deixar os dois sozinhos.

Os dois me olharam e balançaram a cabeça como se concordassem com meus pensamentos. Então eu caminhei até o quarto da minha mãe. Quando entrei, logo percebi que a aparência dela havia melhorado, a maçã do rosto dela estava mais corada hoje.

― Oi mãe.

― Oi querida, estava esperando você. ― Sua voz ainda tinha um tom fraco, mas já dava para notar uma estabilidade que ontem não tinha. ― Você trouxe a pequena. ― Um sorriso festivo se iluminou no rosto dela.

Como se fosse uma resposta a Laurinha abriu um sorrisão ao ver a minha mãe, ela conseguia conquistar o coração de qualquer um, essa menina era capaz de fazer o improvável. Coloquei a pequena no colo da mamãe e ela ficou brincando um pouco com a garotinha. Depois de alguns minutos, minha mãe me olhou séria e começou a falar:

― Dulce, precisamos conversar ― ela iniciou em um tom introvertido.

― Tudo bem ― respondi com certa cautela. ― Sobre o quê? ― Eu estava confusa, será que ela iria me falar que a sua doença avançou? E que poderia morrer a qualquer hora?

Ao pensar nisso um pequeno nó se instalou na minha garganta e eu tive que pigarrear para melhorar a passagem do ar.

― Eu queria começar pedindo desculpas a você, eu fui fraca e nunca tive voz contra o seu pai. Eu não podia ter deixado ele fazer tudo o que fez.

― Já que a senhora tocou nesse assunto, por que nunca se separou dele?

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