À espera da hora certa

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Ao chegar em casa naquele dia, aborrecida, eu subi direito para o meu quarto. Não estava com vontade de falar com ninguém e muito menos de jantar. Se eu tivesse fome mais tarde, eu pegaria algo na geladeira. Eu me deitei na cama cansada de tudo, do trabalho, dos meus pais, eu gostaria de ter mais força nesse momento, mas a verdade era que eu estava muito mal com a minha situação. Observei o teto do quarto enquanto chorava em silêncio, eu só me perguntava o porquê do meu pai ser assim. Eu queria ser "normal" com pais que me respeitassem, que conversassem comigo e fossem afetuosos. Será que era pedir demais? Eu acabei adormecendo depois de tanto olhar o teto e pensar na vida.

Quando eu acordei já eram nove horas da noite, eu despertei assustada. Levantei da cama e tentei me recordar do que eu estava sonhando, mas a única coisa que eu pude identificar foi uma tristeza. Caminhei até o banheiro sem vontade e tomei uma ducha rápida, depois desci até a cozinha e fiz um sanduíche. Meus pais já tinham se recolhido para o quarto deles, pois tudo estava escuro; a sala e a cozinha. Sem ânimo nenhum, assim que eu terminei de comer voltei para o meu aposento, com zero animação. Eu mal entrei no meu quarto e ouvi o sinal de notificação de mensagem do meu celular, peguei o mesmo no bidê e olhei quem era: Annie. Ela me perguntou se amanhã eu estaria disponível para ir nas lojas dos vestidos e eu respondi que sim. Logo em seguida eu percebi que havia uma mensagem da "Rosa".

Rosa: Oi Dul, está tudo bem? Você não chegou a entrar na mercearia. O que houve?

A mensagem dele já estava aqui desde a hora que eu saí de lá, da mercearia e eu não havia visto. Logo após perceber a notificação respondi ele.

Dul: Eu fiquei um pouco chateada e resolvi não entrar. Quem era aquele Marquinhos?

Para a minha surpresa, ele me enviou uma mensagem logo depois.

Rosa: Eu percebi que você não estava bem. Foi pelas coisas que nós dissemos?

Ele estava digitando uma nova mensagem, então eu esperei pelo o quê ele iria dizer antes de respondê-lo.

Rosa: Eu conheci o Marquinhos na mercearia, um dia ele apareceu por aqui e nós começamos a conversar.

Dul: Hum, esse cara não tem nada a ver com você. Estranhei vocês serem amigos. E, eu posso até ter ficado um pouco encabulada pelo papo de vocês, mas o que me deixou triste foi outra coisa.

Rosa: Pois é, eu sei disso. Ele é bem diferente dos meus outros amigos. Já começa que ele tem muito dinheiro, os pais dele são empresários. Eles moram em uma cidade vizinha daqui e tem aquela casa só para passar fins de semana ou férias.

De novo, ele estava escrevendo mais coisa e eu esperei.

Rosa: O que foi que te deixou assim?

Eu deitei na cama com o celular e me aconcheguei no cobertor, para continuar respondendo ele.

Dul: Ah, eu fiquei pensando que você pode sair para onde quiser e eu tô "trancada" aqui. Isso é tão errado.

Rosa: Sim, muito errado. Mas vamos focar que daqui a pouco isso será passado. Acho que em breve nós conseguiremos sair daqui.

Dul: Isso é o que eu mais desejo.

Na minha conta bancária não tinha o suficiente ainda para a gente ir embora, mas juntando com a dele, nós podíamos sonhar em fugir e, daqui a alguns meses, Caldas da Imperatriz seria só uma lembrança das nossas vidas.

Rosa: E como está a sua mão?

Dul: Está bem, às vezes eu sinto um desconforto, dói um pouquinho, mas depois passa. Daqui a pouco eu tiro os pontos.

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