Adeus

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― Annie, não. ― Eu também me levantei. ― Você precisa me prometer que não vai fazer nada.

― Por quê? ― Ela voltou a se sentar.

― Porque se você fizer qualquer coisa e o meu pai descobrir, ele pode fazer algo contra o bebê. ― Eu abaixei o olhar e também me sentei. ― Annie, eu estou morrendo de medo que ele tire o meu bebê.

― Calma, Dul. Tudo bem, não vou fazer nada ― a loira disse em um suspiro e depois se aproximou de mim, passou seus braços ao redor do meu ombro e me abraçou, confortando-me. ― Mas eu não vou desistir de tentar achar uma solução.

― Eu já desisti, não tem nenhum outro jeito. ― funguei o nariz quando nos separamos do abraço e logo senti algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

― Não Dul, você precisa manter a esperança. ― Ela acariciou meu braço em um sinal de carinho.

Eu balancei a cabeça, olhando para baixo, sem vontade. Não tinha como bolar um plano, eu estava presa a esse casamento por status que meu pai tanto sonhou.

A Annie tentou me animar, mesmo depois de eu ter insistido que não era possível vencer essa guerra contra o meu pai. Ela continuou dizendo que iriamos encontrar alguma solução, mas sinceramente eu havia desistido. Não tinha mais forças para pensar que eu iria ter a minha felicidade: ser livre. Livre das ameaças do meu pai e poder, finalmente, ser dona de mim.

Quando cheguei em casa naquela tarde, eu desejei poder voltar no tempo. Mas infelizmente eu não tinha esse poder.

― Que bom que chegou filha, eu tenho uma notícia para você ― meu pai mal esperou eu entrar em casa para falar. ― Pode arrumar as suas coisas que amanhã será o seu casamento ― ele disse contente. ― Ah e mais uma coisa, seja lá o que você tenha com aquele moleque é melhor desfazer tudo.

Ah que maravilha! Como que a Anahí podia querer achar alguma solução a essa altura do campeonato? Ao passar por ele, eu resmunguei alguma coisa e subi direto para o meu quarto. Quando entrei no cômodo, tranquei a porta atrás de mim e me encostei na superfície de madeira. Fechei os olhos com força, para logo em seguida levar as minhas mãos até o rosto, chorando compulsivamente.

No momento em que retirei minhas mãos do rosto, observei o Manchinha me encarando com a cabeça para o lado, sua testa estava franzida e me olhava com um ar desconfiado. Eu caminhei até a cama e me sentei lá com a sensação de ter sido derrotada.

― Também não precisa ficar me olhando assim ―, virei o rosto para falar com o cachorro. ― eu sei que estou péssima ― falei dando uma leve fungada.

Manchinha apenas virou a cabeça para o outro lado, ainda desconfiado de algo e por fim deixou escapar um latido muito fino.

― Pois é, eu estou mal. ― Suspirei tristemente e em seguida resolvi ir até o guarda roupa e procurar por uma mala. ― Mas pode ficar tranquilo que você vai comigo, não vou deixar você para trás. ― Eu me abaixei para acariciar o cachorro que tinha vindo ao meu encontro.

Enquanto eu arrumava as minhas coisas, percebi que uma mala seria pouco. Por isso, decidi que levaria só o essencial, por enquanto, e só mais tarde eu pegaria o resto. Coloquei as roupas que eu mais gostava na mala, na verdade eu enchi ela toda só de roupas e notei que precisaria de uma mochila, pelo menos para as outras coisas. Então botei nela alguns acessórios, minha necessaire com produtos de higiene, um pouco das minhas maquiagens e quando olhei para os sapatos meu coração se apertou. Peguei a minha pantufa de cachorrinho na mão e senti meus olhos se encheram de lágrimas, eu ainda tinha que dar uma explicação para o Christopher. Nós não nos falávamos há algum tempo, ignorei todas as mensagens, ligações e tentativas de contato com ele. O Ucker deveria estar muito preocupado, levei uma mão na testa e depois balancei a cabeça tristemente. Ele provavelmente estava pensando que eu sou um monstro e eu não o culpo por achar isso.

Encontros ProibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora