Eu já era mestre em fingir que estava tudo bem quando na realidade por dentro eu me sentia muito diferente disso. Às vezes, eu não conseguia ficar calada e acabava discutindo com eles, porque, afinal, ninguém é de ferro. Mas eu precisava manter as aparências e simular que aceitava as condições deles para que eu pudesse conquistar os meus sonhos, a minha liberdade e tudo aquilo que os meus pais não me permitiam realizar.
― Está tão calada, Dulce ― minha mãe disse no meio do jantar.
Eu havia pensado que sairia dessa refeição sem ter que abrir a minha boca, pois pelo que pude reparar os meus pais estavam terminando de comer. Grande ilusão a minha, novamente.
― O dia foi cansativo hoje, estou exausta. ― Tentei parecer convincente, digamos que era uma meia verdade a minha resposta.
Ela pareceu se conformar com o que eu tinha dito, já que voltou a se dedicar na sua comida. O meu pai também estava calado o jantar inteiro, mas não que isso fosse estranho, ele só conversa quando realmente tem algo para falar, o necessário apenas.
― Boa noite, estou indo dormir. ― Quando terminei de comer, eu me levantei da mesa, peguei o meu prato e levei até a cozinha.
Ao passar pela sala de jantar, somente a minha mãe me desejou boa noite de volta e não que eu estivesse surpresa com esse silêncio do meu pai, mas é que ele não era do tipo afetuoso ou sentimental. Por isso, segui o meu caminho até o meu quarto. Quando cheguei lá, eu me preparei para dormir, escovei os dentes, penteei o cabelo e coloquei meu pijama. Após fazer isso, fui para a cama, cobri meu corpo da cabeça aos pés com o cobertor e me ajeitei no colchão, e logo que o meu corpo se acomodou eu adormeci.
No outro dia, eu e a minha família tomamos o café em silêncio, não sei se era porque quando eu e mamãe não falávamos nada, meu pai também não dizia nada ou, o mais triste de tudo e que deveria ser essa a razão da ausência de som, ninguém tinha assunto para conversar com o outro. No meu interior, eu estava mentalizando para que fosse a primeira opção, apesar de não concordar com as atitudes deles, eu não odiava os meus pais, pois eu sei que eles estão fazendo o possível para me educar da melhor forma possível. O problema é que às vezes é difícil manter a calma ou a paciência em determinados momentos, afinal somos de carne e osso.
Após o café, eu e o papai fomos para a prefeitura trabalhar, as tarefas do dia foram sem agitação, para a minha felicidade. Eu só desejava poder encontrar o Christopher logo. Além de que, durante todo o expediente, troquei mensagens escondidas com a Annie e com o Ucker para combinarmos os detalhes do nosso encontro, então quando percebi já estava na hora de voltar para casa. Eu mal podia conter a minha euforia, as mãos balançavam freneticamente com o celular em punho enquanto caminhava junto com o meu pai ao meu lado, mas a minha mente estava longe.
― Animada, Dulce? Só porque hoje é sexta? ― Os olhos observadores dele não deixaram escapar nenhuma reação minha.
― Sim, estou animada. Eu tenho esse direito, não é mesmo? ― Eu retornei para o meu "mundo", no qual tinha que fingir ser infeliz.
― Hum, deveria pensar em ajudar mais a sua mãe nas tarefas de casa ― Pedro, meu pai, comentou com seu mau-humor. ― Isso você não idealiza.
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Encontros Proibidos
Fiksi PenggemarUm amor proibido pelos pais, mas em especial pelo pai de Dulce, um político que trata a filha com ignorância, grosseria e conservadorismo. O prefeito da pequena cidade de Caldas da Imperatriz, só deseja uma única coisa para a filha: um lindo casamen...