Meu pai esperou que eu tomasse banho assim que cheguei do trabalho, colocasse uma roupa confortável e largou a bomba em cima de mim.
― Podemos conversar? ― ele começou a falar quando eu cheguei na sala.
― Hum, sim. O que houve? ― perguntei com certo receio.
― Eu marquei a data do seu casamento.
O quê!? Eu permaneci estática, com certeza a dona Arlete andou fofocando para ele. Eu sabia que isso aconteceria, uma parte de mim queria chorar descontroladamente, mas eu mantive a minha feição de como se nada estivesse acontecendo.― Para quando? ― foram as únicas palavras que consegui pronunciar.
― Em breve ― ele respondeu sério.
Eu apenas maneei a cabeça e em seguida andei até a porta. Quando saí de casa, corri desesperadamente, eu usava uma calça de moletom, uma blusa de frio e as pantufas de cachorrinho. No momento eu não estava pensando com clareza, eu só queria poder desabafar com alguém. Toquei a campainha da casa da Annie e só agora notei que eu chorava. Quando abriram a porta, eu torci para ser a loira e não a mãe dela, eu não estava afim de explicar o porquê de eu estar chorando.― Dulce? ― A voz da Annie saiu um pouco sobressaltada. ― O que aconteceu?
― É o fim Annie, acabou.
― Calma ―, a loira virou o corpo para dentro de casa e em seguida falou ― mãe, eu vou dar um saidinha e já volto. ― Ela fechou a porta logo em seguida. ― Conta o que houve devagar.
Nós fomos sentar na calçada em frente a casa dela e eu comecei a falar.― Meu pai marcou a data do casamento ― ao dizer isso percebi que algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto.
― Vamos dar um jeito de resolver isso. ― Ela me abraçou.
― Eu só não sei como. ― Suspirei. ― Eu pensei que ele iria cumprir a ameaça de me mandar para longe ou que me daria um sermão por ter beijado o Ucker. ― Balancei os meus pés, nervosamente, as orelhas do cachorrinho até se mexeram.
― Não se preocupa, conseguiremos passar por isso. ― Ela passou suas mãos no meu ombro, confortando-me.
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Nos dias seguintes eu ainda estava muito atormentada com a notícia, a Annie tentou me animar um pouco me convidando para irmos comer alguma coisa no centro, porém nem isso me animou. No fim de semana eu estava querendo ficar sozinha, pensar no que poderíamos fazer, mas a verdade era que eu estava bem desanimada.
― Alô ― peguei o celular e atendi no primeiro toque, sem nem olhar o número na tela.
― Oi, eu liguei para saber como você está ― a voz do Ucker saiu preocupada.
― Eu não consigo parar de pensar que o meu pai marcou a maldita data do casamento. E o pior, ele não quer me contar quando vai ser, pode ser semana que vem e eu não ficarei sabendo. ― Suspirei cansada.
― Acho que a gente deveria se encontrar. Você está precisando se distrair.
― Eu quero ficar sozinha amor, meus pais saíram e só voltam a noite. Estou precisando pensar.
― Ah é mesmo? Eles foram onde?
― Na casa de uma tia minha que está doente.
― Hum, ótimo. Estou indo para aí.
― Oi? ― Ele já havia desligado e eu fiquei confusa.
Ele era doido, alguém poderia vê-lo vindo aqui para casa. Eu só fiquei imaginando a confusão que daria. Após alguns minutos, escutei a campainha.
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Encontros Proibidos
FanfictionUm amor proibido pelos pais, mas em especial pelo pai de Dulce, um político que trata a filha com ignorância, grosseria e conservadorismo. O prefeito da pequena cidade de Caldas da Imperatriz, só deseja uma única coisa para a filha: um lindo casamen...