O melhor dia da minha vida

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Após alguns minutos na expectativa da loira digitar alguma coisa, todos os cantos das minhas unhas já estavam mordidos e cheios de lascas. Quando ela finalmente voltou a escrever, meus olhos não desgrudaram da tela do celular.

Annie: O que vocês acham de todo mundo sair para passear na cidade? Como um grupo de amigos? Acredito que podemos marcar para fazer isso sem o pai da Dul encher o saco.

Dul: Tipo em casal?

Annie: Isso! O seu pai não pode controlar o Ucker e a Paulinha. Então, nós todos podemos sair juntos, o que acham?

Dul: Hum... Parece uma ótima ideia :)

Como os outros não tinham respondido até o momento, eu e a Annie começamos a discutir sobre essa possibilidade de todo mundo sair juntos. E eu estava com a expectativa muito alta, acho que daria certo.

Marcamos de nos encontrar no meio da semana, seria bom rir um pouco, desestressar também, pois com os problemas do dia-a-dia, passar um tempo com os amigos iria fazer bem para a mente.

― Vamos fazer um brinde ― a Annie disse quando nossas bebidas chegaram. ― Que esse momento nosso possa se repetir várias vezes. ― Ela levantou o seu suco de laranja.

Poncho, Annie, Paulinha, Ucker, Marquinhos e eu estávamos sentados na parte externa de um barzinho que se localizava bem no meio da cidade. Nós esperávamos o nosso pedido, várias coxinhas, um combo com dez, todas feitas na hora, quentinhas e havia muitos sabores, não só de frango.

― Saúde ― nós todos brindamos ao mesmo tempo.

Depois do brinde, cada um deu um gole na bebida e voltamos a conversar animados. Podia parecer esquisito estar com a Paulinha e o Marquinhos, mas nesse pouco tempo de convivência eles tinham se tornado grandes amigos nossos. Enquanto o pessoal tagarelava empolgado, eu e o Ucker nos encaramos, o foco na conversa deles havia se evaporado, era como se só existisse nós dois naquele momento. Ficamos trocando olhares de admiração um para o outro até as coxinhas chegarem.

― Sabe, eu estava pensando em fazer uma faculdade depois do casamento ― a Annie disse enquanto pegava uma coxinha do cesto que o moço havia acabado de deixar na mesa.

― Isso é muito bom, o que você pretende fazer? ― Já que interromperam meu momento com o Ucker, voltei a prestar atenção no que eles diziam.

― Estou pensando em fazer design de interiores ― a loira respondeu e logo em seguida deu uma mordida na sua coxinha.

― Puxa que legal! Você vai poder trabalhar naquelas lojas de decoração chiques que você encara suspirando apaixonada. ― Eu também peguei uma coxinha.

― Uhum... ― ela disse com a boca cheia. ― E você Dul, o que pretende fazer?

― Bem, eu não sei. Como você sabe, o papai só me deixou fazer um curso básico de administração para poder trabalhar com ele na prefeitura. Eu queria poder fazer outra coisa, só não sei o quê.

― Quando a gente for embora daqui, você vai poder fazer o que quiser ― o Ucker respondeu com um sorriso sincero no rosto.

Eu retribuí o sorriso, só que o meu era de admiração. Em seguida voltei a minha atenção para a minha coxinha, os outros se dividiam entre comer e conversar. E eu e o Ucker de vez em quando trocávamos alguns olhares.

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Depois que saímos do barzinho caminhamos um pouco pela praça, foi um momento muito especial também, pois eu e o Ucker não tínhamos esse privilégio. Para a Annie e o Poncho essa simples ação era algo normal, o que deveria ser. Mas para mim e para o Ucker parecia errado, algo que não poderíamos fazer. Andamos por apenas uns dez minutos e depois cada um se despediu com um abraço rápido, eu voltei para casa acompanhada do Marquinhos, porém ele iria me levar só até a frente da minha residência e depois partiria para a casa dele. Quando abri a porta de casa, a sala estava em uma escuridão, apesar de serem só dez horas da noite, meus pais haviam se recolhido para o quarto. Era o que tinha pensado no momento.

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