Capítulo 1

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     Camiseta de alguma banda desconhecida, calça rasgadas nos joelhos e tênis vans, essa foi a primeira vez que o vi. Ele estava ao meu lado mexendo no seu armário. Coloquei meu livro de matemática dentro da bolsa, seria minhas próximas duas aulas e olhei novamente para o garoto que estava desrespeitando no novo código de vestimenta do Conselho estudantil. Fui o único de todo o conselho que votou contra as novas regras. As pessoas deveriam poder se vestir como querem e não com aqueles uniforme engomadinho ridículo que foi criado e aceito pelo diretor. 

    Minha obrigação era para-lo e lhe dar uma advertência, mas algo me dizia que ele não era uma pessoas que seguia regras facilmente. Então, como eu odiava aquela regra e aquele uniforme, decidi fingir que não vi nada. Fechamos os armários ao mesmo tempo e nos viramos. olhos dele encontraram os meus.

—Oi. — ele disse, sorrindo.

Senti um frio na barriga.

—Oi. — respondi, ainda observando sua roupa. E percebendo que nunca o vi antes. Aluno novo.

    Ele logo se afastou, o observei até que ele sumisse do meu campo de visão. Transferi minha atenção para meu cronograma, duas aulas de Matemática, uma de Literatura, duas de História, depois do almoço, mais duas de Artes. Ah! E claro, a minha loucura de fazer aulas extras de Economia. Estou tão focado nos estudos nesse último semestre do ensino médio, que mal tenho tempo para ficar com minha namorada. Mas quem sou eu para mandar na minha vida? Minha vida era obedecer até terminar a faculdade e conseguir me sustentar, mas enquanto isso não acontece...

    Percorro o corredor deserto, tentando não derrubar a pilha de livros que carregava nos braços. Isso é loucura! Eu já passei em todas as matérias e com louvor. Eu devia largar tudo e procurar minha namorada, transar, beber e fumar um como todo adolescente normal. Mas o garoto perfeito, culto e exemplar não fazia nada disso. Só transar, é claro.

    A manhã passou rapidamente. Vou para o refeitório pensando na quantidade de lição de casa que tenho que fazer. Como vou ser o novo presidente do Conselho Estudantil os outros alunos passavam por mim me cumprimentando e alguns tinham receio. Não queria ser um carrasco, isso é horrível.

—Amor! —Taylor me chamou do outro lado do refeitório. Ela correu em minha direção toda animada para me beijar. —Estamos naquela mesa — Ela apontou para a mesa cheia e me puxou pela mão.

—Oi, Harry, Oi Taylor — Algumas pessoas cumprimentaram.

    Assumi minha expressão típica de "oh como estou feliz" com um sorriso falso e forçado. O que havia de errado comigo? Eu adorava a escola. Não via a hora de retornar quando saía de férias.

—O diretor precisa de você no Centro de Orientação Vocacional — avisou Liam, enquanto abria espaço para me sentar com Taylor.

    Fico em silêncio, talvez eu vá lá amanhã ou talvez depois de amanhã, nunca. Abri uma lata de Coca-Cola que Taylor deixou na minha frente, falei com Niall que estava do outro lado da mesa:

—Como foi seu Natal na Irlanda?

Liam chutou minha canela. Acho que não devia ter perguntado.

—Você tinha mesmo que perguntar? — Niall suspirou, irritado. E começou a falar que só conseguiu brigar com sua mãe e sair no soco com um de seus irmãos. E eu pensando que não poderia ter Natal mais chato do que o meu.

Taylor dividiu  as batatas fritas comigo e eu me distraí. Ela falou na minha orelha:

—Quer ketchup? — devo ter concordado, porque ela se levantou e foi buscar.

    Liam e Niall começaram a falar sobre a universidade...de novo. Será que não podiam passar um dia sem falar nisso? Niall disse:

—Minha mãe quer eu vá para Irlanda fazer em alguma de lá para morar perto dela — ele revirou os olhos —Meu pai vai pirar quando souber e fora que todos meus amigos estão aqui. Minha madrasta é professora de Física em Cambridge e ela disse que pode dar referências minhas para o reitor...

    Eu acabei me perdendo nos meus próprios pensamentos e não escutei mais nada. Só voltei quando Taylor voltou com Ketchup e sentou ao meu lado. Ela esfregou uma batatinha no Ketchup e me ofereceu.

—Harry?

Olhei ao redor e todos me encaravam. 

—Você está bem? — perguntou Liam.

—Sim — peguei a batatinha da mão de Taylor e joguei na boca. —Tenho que preparar um relatório para minhas aulas extras de Economia.

—Uiii — disseram todos em uníssono

Liam acrescentou:

—Não acredito que você tem aulas extras da matéria mais difícil da escola. Fora que a professora é uma louca.

—Não tenho mais escapatória e além disso sou o coordenador das aulas dela. Mas acho que ela coloca pressão demais em alguns alunos e isso muito ruim. É quase como bullying. 

    Pensei que como membro do Conselho Estudantil e futuro presidente, eu poderia mudar isso. Mas não posso fazer nada socialmente relevante na escola. 

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    Taylor tinha razão quando disse que a aula de Artes é inútil para alguém que não pretende seguir alguma profissão na área. No entanto, eu precisa preencher meu tempo entre o almoço e as aulas extras de Economia.Enquanto eu passeava pela ala das artes, sentindo-me como um peixe fora d'água, me perguntei qual perturbação mental teria se apoderado de mim quando escolhi uma eletiva de Artes. Ainda mais desenho, que provavelmente requeria algum talento. Ou algo melhor do que simplesmente rabiscar nos cadernos.

    A voz do professor fez com que todos fossem para suas carteiras. Caminhei lentamente até a minha carteira, pensando em seriamente desistir daquelas aulas. Antes, de chegar no meu lugar, tive um vislumbre dele. A blusa da banda desconhecida por mim, e dos cabelos castanhos bem cuidados. Os olhos dele percorreram o estúdio e foram parar sobre mim. Eu quis desviar os olhos, mas não consegui. De algum modo ele me capturou, deixando-me fascinado.

    O professor começou a aula fazendo algumas anotações no quadro. Peguei o meu caderno e comecei a anotar e percebi que duas garotas estavam aos cochichos e risos olhando para mim. Olhei de volta e sorri, elas ficaram vermelhas como pimentão e eu achei graça.

— Se eu quiser receber meu salário, vou ter que fazer isto aqui. — O professor Mackel balançou uma folha de papel impresso à nossa frente. Subindo em cima da mesa, ele se acomodou com as pernas cruzadas e retirou a tampa da caneta. — Molly Harrisson.

— Presente — uma garota na ponta da minha fileira levantou a mão e Mackel fez uma marca no papel.

    A maioria das pessoa eu já conhecia. Isso é inevitável quando você sempre estudou na mesma escola. Mackel, prosseguiu com a chamada. Por algum motivo, eu estava prestando atenção na cabeça do garoto das calças rasgadas e apenas meio atento ao momento em que ele chamasse meu nome.

— Louis Tomlinson. — Mackel leu.

A mão dele disparou para o alto. Louis? Anotei seu nome no meu caderno para não esquecer.

—Harry Styles.

Quase todas as meninas da sala se viraram para olhar.

—O quê?

Eu pisquei, levantando o rosto.

—Harry Styles?

— Ah, aqui! — Levantei a mão e acrescentei em um murmúrio: — Na verdade, mais ou menos aqui.

   Ele se virou para trás e sorriu. Senti um frio na barriga. Cobri o rosto com a mão e fingi que estava escrevendo. Mackel nos passou uma lista de materiais. Era bem longa. Pedia lápis, tinta, carvão, borrachas, marcadores, canetas, dois tamanhos de pranchetas de desenho. Fiquei pensando nos alunos que não tinham condições para todo aquele material, mas o professor se adiantou.

— Se alguém estiver sem condições financeiras, venha falar comigo depois da aula. Isso não significa que vocês vão economizar para dar uma festa. — Ele espreitou a sala com os olhos. — Mas tenho um fundo de auxílio aos artistas famintos, então não precisam ter vergonha.

    Gostei disso. Ele era compreensivo. Talvez, eu tivesse que esperar mais para desistir dessa disciplina.


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