Nosso Segredo (Larry Stylinson)

Capítulo 22

Na aula de cálculo, tivemos um professor substituto que não sabia nem soletrar "matemática", então ele nos deu uma hora de estudo livre. Eu podia tê-la usado para terminar de ler Grendel e começar a análise comparativa com Beowulf, que precisava ser entregue na semana seguinte. Ou ler o capítuloque discutimos hoje em economia, ou estudar para a prova oral de cálculo de amanhã. Em vez disso, puxei meu caderno de desenho. Os olhos dele eram tão bonitos e expressivos. Cor do céu: profundos, azuis, mas também esverdeados no entorno. Cílios longos. Os olhos eram difíceis de desenhar. Nem tanto pelo formato ou pela cor, mas pela profundidade. Pela pessoa por trás deles.

Ele era tão provocante, pensei, sorrindo. Será que era proposital? Como ele dissera, não gostava de fazer jogo. Poderia estar flertando? Comigo? Quem poderia saber? Todo esse conjunto — ele — era uma incerteza. Um mistério. Ainda assim, quando conversávamos, quando estávamos juntos, ele parecia tão familiar. Parecia saber quem eu era, de onde vinha. Acho que ele me conhecia melhor do que eu a mim mesmo. Era fácil estar com ele. E eu queria estar com ele, tipo, o tempo todo. Eliminar os obstáculos, as pessoas e as coisas em nossas vidas que estavam tentando nos manter afastadas: Brandon, Taylor, Niall, a sociedade e eu.

Eu? Na verdade, o meu medo. O que eu temia exatamente? O que as outras pessoas pensariam? Acho que sim, um pouco. Mas não era isso que estava me impedindo de agir de acordo com meus sentimentos. Era a intensidade deles. Meu desejo por ele. Eu sabia que, se cedesse a ele, teria que me entregar completamente. Perderia todo o controle. Tudo o que eu conhecia, tudo o que eu era; as muralhas que construí para me proteger por todos esses anos viriam abaixo. Poderia me perder entre os escombros. Ainda assim, ele fazia com que me sentisse mais vivo do que nunca. Passarinhos azuis, borboletas no estômago e fogos de artifício.

Mackel devolveu alguns trabalhos da semana anterior. Acima do meu desenho de uma metade de rosto, ele colou um bilhete: "Inacreditável p/ kct. Nota A+". Devo ter irradiado calor, porque Louis virou para trás e sorriu. Brandon surrupiou a atenção dele mostrando seu próprio desenho e dando uma risadinha, e fiquei imaginando se era possível apontar tão bem um lápis até deixá-lo afiado o bastante para furar um crânio. Ah, que ideia saudável, Harry, pensei. Considerar um assassinato, por que não? Talvez, você pudesse contratar um assassino de aluguel para tirar todas as pessoas indesejáveis do seu caminho.

Tudo bem, propus um contrato mental a mim mesmo: se o Louis vier falar comigo depois da aula, deixo o Brandon viver. Ele ficou, ali, parado, com cara de quem faria isso, de quem queria fazer isso. E então Brandon estava de novo em cima dele. Em todo caso, onde encontrar um assassino de aluguel? No Disque Morte 0800?

Depois da aula, encontrei um bombom de no formato de coração enfiado na ventilação do meu armário. Minha alma murchou. Taylor. Ela sempre me dava chocolate depois que brigávamos. Mas nós brigamos? Ela sabia que adorava chocolate. Engraçado. Eu tinha conseguido evitar a Taylor ao longo do dia, mas não poderia fazer isso para sempre.

O que eu faria com ela? Contar a verdade, é claro. Seria traição permitir que nosso relacionamento continuasse assim. Agora, eu percebia que só o amava como uma amiga. Que o lado físico de nosso relacionamento só evoluiu porque era isso que esperavam de nós. Uma garota encontra um cara, eles se apaixonam, transam e se casam, não necessariamente nessa ordem. As expectativas. Elas mandavam na minha vida.

Corte o final. Revise o roteiro. A garota dos sonhos dele, é na verdade um cara. Eu estava cheirando o chocolate e pensando em como decepcionar Taylor da forma mais indolor. Quando cheguei ao meu jipe, Louis estava encostado no capô, braços cruzados, um pé dando batidinhas no chão.

— Harry. — Ele se impulsionou do para-choque. — Você pode me dar uma carona?

Um raio me atravessou. Será que ele sempre me deixaria assim, excitado?