Capítulo 40

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Havia decisões a tomar. A mesada do meu pai e meu salário do Hott 'N Tott nem começavam a cobrir minhas despesas: o parcelamento do carro, a gasolina, o seguro, os créditos do celular, sem mencionar necessidades básicas como comida, roupa e abrigo. Sentia que a Taggert House não tinha que dar conta de todas as minhas despesas. Ainda que o tio do Louis tivesse me contratado para os turnos da manhã durante quatro vezes por semana, eu precisava de um segundo trabalho que me pagasse melhor.

William sugeriu que eu fosse até o Centro para verificar as vagas de emprego. Então, fiz isso no recesso de primavera. Eles me arrumaram emprego em uma empresa de mudanças da região, cujos donos eram um casal gay. Era um trabalho fisicamente extenuante, mas pagava bem e os horários eram flexíveis. Eu podia trabalhar enquanto frequentava a escola e ainda fazer horas extras nos fins de semana.

O ano seguinte estava cada vez mais próximo no horizonte. O que eu faria da minha vida? Jogar um colchão dentro de um caminhão de mudança não era exatamente físico nuclear. Louis tinha razão, eu precisava pensar no meu futuro. Quais eram minhas opções? Eu podia trabalhar em três ou quatro empregos para sempre, ganhando salário mínimo e conseguindo pagar as contas. Mas isso era tudo o que eu queria da minha vida? Pagar as contas? Precisava haver algo mais. Alguma coisa lá fora destinada a mim, um emprego, uma carreira, uma razão pela qual fui colocado no mundo. Detestava ter que admitir, mas Mamãe estava certa. A universidade abriria muitas portas.

felizmente, eu ainda não tinha perdido isso. Três grandes universidades me aceitaram de braços abertos — recebi um e-mail do governador lamentando eu não ter me apresentado no jantar. Ele disse que de longe, eu era o melhor aluno ali e com o melhor currículo —, mas ainda não sabia o que queria fazer exatamente e isso me corroía.

No nosso encontro dos domingos, William abordou o assunto das metas de longo prazo. Ele disse que era importante ter objetivos para nos guiar e acreditar que podíamos alcançar a grandeza. Deve ter lido meus pensamentos.

Ao redor da mesa, compartilhamos o que vislumbrávamos para nós mesmos no futuro. Falei sobre como gostaria de ir à universidade no ano seguinte. William disse:

— Nada em mente?

— É, ainda tenho dúvidas demais.

— Eu também passei por isso— Ramon cantarolou, passando-me os croissants. — Decidi uma semana antes do começo das aulas.

— Tá de brincadeira?

— É difícil nos decidir quando nossa vida anda  meio bagunçada, mas depois da formatura sua mente vai se clarear. E aquele click vai parecer.  — Ramon falou. 

Minhas esperanças foram às alturas.

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Fiquei caminhando pelo centro de mídia depois das aulas na segunda-feira, olhando para o relógio e esperando. Quando comecei a ter uma sensação de velório, decidi que era agora ou nunca. Os catálogos com as profissões estavam empilhados diante da porta do Centro de Orientação Vocacional. Eu podia correr e surrupiar um deles... Virei o corredor e lá estava ele, pregando uma ficha no quadro de avisos.

Droga.

— Hã, oi, sr. Oliver — Fingi uma saudação alegre. — Posso pegar um catálogo?

Ele não respondeu de imediato, apenas olhou para mim. Com aquele olhar. Brrr.

—Ali estão eles. — Apontei para a pilha. — Vou só pegar um e sair.

— Não acredito em você — ele disse.

Os pelinhos da minha nuca se arrepiaram. Rapidamente, agarrei um catálogo.

— E sobre o seu aceite em Harvard, Oxford e Cambridge? Você vai simplesmente abrir mão deles?

Nosso Segredo (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora