No domingo à noite, eu estava caindo em um cochilo quando Taylor ligou. Minhas pálpebras pesavam como chumbo depois de passar seiscentas vezes pela mesma página do livro de economia. Nenhuma palavra fora registrada.
— Peter já foi embora? — Ela perguntou.
— Sim. — Bocejei.
— Estou indo aí.
Ela desligou antes que eu pudesse protestar. Não é que eu não quisesse vê-la, acontece que era domingo. Uma noite de estudos.
A primeira coisa que ela fez, assim que a guiei para o meu quarto, foi abrir o zíper do jeans. Meu Deus, ela nem sequer pergunta.
Ela parou com os jeans em volta dos quadris.
— Você não quer? — Perguntou.
Suspirei e me deixei cair na cama. Arrastei-me até a cabeceira e abracei os joelhos, respondendo:
— Não é isso. Só que... — parei.
— O quê? — Taylor examinou meu rosto. — O que é, Harry?
— É só isso que fazemos quando estamos sozinhos.
Ela fechou o zíper do jeans. Sentando-se ao meu lado no colchão, ela disse:
— A gente não tem conseguido ficar muito tempo sozinhos, amor. Não quero que você procure isso em outro lugar.
Entendi o recado.
— Lembra como a gente costumava conversar? Por horas e horas, a gente só conversava. A gente não conversa mais.
— A gente conversa todo dia — ela disse. — Vejo você no almoço, ligo pra você toda noite. E nos vemos nos fins de semana, sempre que possível.
Fechei os olhos com força e deixei a cabeça cair entre os joelhos. Taylor se esticou ao meu lado.
— Podemos conversar — ela disse. — Sobre o que você quer falar?
— Eu não sei — murmurei.
— Amo você — ela sussurrou na minha orelha. — Sei que não digo isso o bastante. Amo você, amo você, amo você. É o que quer ouvir?
Não era. Eu já sabia disso.
— Quando foi que paramos de ser amigos? — Levantei a cabeça.
Ela se afastou um pouco.
— Mas nós ainda somos amigos. Você é o melhor amigo que já tive. — Ela me examinou. — Pros garotos é diferente, eu sei. Mas você não pensa em mim como sua amiga?
— Sim, eu penso. É claro. Só que... — Só que o quê, Harry? Diga a ela.
Diga a ela como você gostaria de voltar para o modo como as coisas eram antes. Antes do sexo, do compromisso. Ah, sim. Ela ficaria maluca de felicidade com isso. Taylor beijou minha orelha, depois meu pescoço, minha clavícula. Por mais que eu tentasse, não consegui corresponder. O que havia de errado comigo? Ela era ótima, maravilhosa, perfeita. Era tudo que um cara podia querer. Então, por que, depois que ela foi embora, fiquei acordado na cama desejando no fundo alguma coisa mais?
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Primeiro, o frio. Os pulmões inflando. Depois a força. Enfrentando-o, lutando com ele. Com mais força, mais empenho. Deslizando. Chutando. Respirando. Mais e mais rápido. Movendo-se, movendo-se. Para longe dele. Em direção a ele. Chegando lá.
Minha voz interior cantou:
— Chegue lá, chegue lá, chegue lá.
Lá onde?, perguntei.
Nenhuma resposta veio. O concreto resvalou na ponta dos meus dedos ao mesmo tempo em que minha cabeça irrompia pela superfície da piscina. Meu peito doía. Cada músculo em meu corpo queimava. Por quanto tempo nadei? Por muito tempo e muito rápido. Meus olhos ardiam. Eu os fechei, agarrei-me à borda até que a tontura evaporasse. Depois me arranquei da piscina e caminhei até o vestiário para tomar um banho gelado.
— Oi, Harry.
Dei um salto. Normalmente, eu ficava sozinho nessa parte do dia.
— Se eu tivesse a sua disciplina...Mas, lamentavelmente, minhas células de gordura se recusam a encolher.
Sorri para o sr. Oliver.
— O que está fazendo aqui? — Minha voz soou cortante, acusadora. Do jeito como me sentia... invadido. Por infelicidade, ele não notou. Colocando uma faixa de ginástica na testa, ele respondeu:
— Começamos um programa matinal de treinamento para os funcionários. Para trabalhar os bíceps. — Ele levantou pesos imaginários.
Amaldiçoei-o em silêncio. Meu único momento de privacidade. Eu precisava muito estar sozinho nesse instante. Para pensar. Para não pensar. Agarrei duas toalhas do carrinho da lavanderia, parado, ao lado da porta e fui em direção aos chuveiros.
A sr. Oliver me seguiu.
— Chegou a estudar todos aqueles catálogos? Já decidiu onde se inscrever?
— Ainda não — respondi, girando a torneira de água quente. — Passei o fim de semana inundado de lição de casa. — O que era verdade. Estávamos apenas na segunda semana do período e eu já estava sofrendo para acompanhar o conteúdo. Motivação zero não ajudava.
— Bem, não demore muito. A maioria das inscrições deve ser enviadas antes do dia primeiro de fevereiro.
— Eu sei — alfinetei. Acalme-se, Harry. Meu Deus. — Vou fazer isso hoje à noite. — Girei a cabeça e sorri para ele, desejando que ele fosse embora.
— Recebeu o convite?
Não respondi, apenas mergulhei debaixo do chuveiro e me desliguei.
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Nosso Segredo (Larry Stylinson)
FanfictionCom a namorada dos sonhos, o melhor aluno do colégio, futuro presidente do conselho estudantil e a chance de entrar para melhor universidade do Reino Unido, a vida de Harry Styles não poderia estar mais perfeita. Ao menos é o que parece. Até que Lou...